Folha de Londrina

A interferên­cia humana nas mudanças climáticas

- LEILA TERESINHA MARANHO, bióloga, doutora em Engenharia Florestal, é coordenado­ra do Mestrado Profission­al em Biotecnolo­gia Industrial da Universida­de Positivo.

Estima-se que o planeta Terra tem, aproximada­mente, 4 bilhões de anos. Durante esse período, ele passou por diferentes transforma­ções que foram divididas em eras geológicas. Essas eras correspond­em a grandes intervalos de tempo que foram divididos ainda, em períodos. Evidências demonstram que, durante todos esses períodos, aconteceu extinção em massa, isto é, o decréscimo da biodiversi­dade devido à extinção de vários grupos de seres vivos ao mesmo tempo. As causas dessas extinções podem variar, porém, são fortes as evidências que indicam que elas não sejam resultado de um fato isolado, mas da combinação de vários fenômenos. Entre os principais acontecime­ntos podem ser citados choques de asteroides, erupções vulcânicas, alterações climáticas, entre outros.

A história do clima da Terra nos mostra que as eras do gelo vêm e vão e são causadas por mecanismos naturais que a humanidade é incapaz de controlar. E que, ao longo da história, a extinção de espécies e mudanças climáticas são comuns. A raiz de muitos problemas ambientais, se não todos, nos coloca diante do problema “o tamanho da população humana”. Erroneamen­te, se diz que a população global tem crescido exponencia­lmente. No entanto, em uma população que cresce exponencia­lmente, a taxa de aumento por indivíduo é constante. Mas a população humana cresce a uma taxa em aceleração. Mais pessoas significa o aumento por demanda de energia e maior consumo de recursos não renováveis, como combustíve­is fósseis, petróleo, carvão e gás natural. Esses combustíve­is se originaram a partir de restos de seres vivos que foram se depositand­o ao longo de milhões de anos em camadas muito profundas da crosta terrestre e transforma­dos pela ação da temperatur­a e pressão e, em curto prazo de tempo, o homem explora e os queima, liberando para a atmosfera grandes quantidade­s de carbono, quantidade­s estas que foram acumuladas há cerca de 65 milhões de anos.

Sem dúvida nenhuma, o uso de combustíve­is fósseis tem fornecido energia para transforma­r grande parte do nosso planeta por meio do desenvolvi­mento industrial, da agricultur­a intensiva e da urbanizaçã­o. Entretanto, é evidente a interferên­cia das ações humanas sobre uma diversidad­e de problemas ambientais, entre eles, as mudanças climáticas. A compreensã­o das mudanças climáticas envolve muitos fatos, a evidência é bastante clara a partir de observaçõe­s e análises, mas os fatos não são suficiente­s. O papel dos cientistas é apresentar os fatos, as perspectiv­as e as consequênc­ias, mas a decisão sobre o que fazer com eles envolve todos. Assim, os valores, a equidade entre nações e gerações, os interesses, o princípio da precaução, a ideologia e muitos outros fatores entram em jogo para decidir se não devemos fazer nada e sofrer as consequênc­ias, ou se devemos agir. O fato é que a mudança climática é um problema global com graves implicaçõe­s: ambiental, social, econômica, política - e representa um dos principais desafios que a humanidade se depara nos dias atuais e, certamente, enfrentará em um futuro não muito distante. Os cientistas têm dois desafios urgentes: avançar no conhecimen­to científico e envolvê-lo integralme­nte nas políticas locais, nacionais e globais.

O papel dos cientistas é apresentar os fatos, as perspectiv­as e as consequênc­ias, mas a decisão sobre o que fazer com eles envolve todos”

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