Benefício para passageiros é maior desafio
Desde as primeiras concessões de grandes aeroportos, em 2012, em Brasília, Guarulhos e Campinas, os números do governo federal apontam crescimento no tráfego acima dos números dos terminais administrados pela Infraero. Os investimentos no período superam R$ 12 bilhões, mas há espaço para críticas pelo aumento de custos para passageiros.
Lojistas reclamam do alto custo de aluguéis em Brasília, o que encarece o preço de serviços para a população que passa por lá. Já o consórcio que gere Viracopos, em Campinas, tentou devolver a concessão, o que foi rejeitado pelo governo federal. A solução foi entrar com pedido de recuperação judicial, que está em andamento. “O erro nesse caso foi fazer uma estimativa muito grande do aumento de passageiros e de cargas, que, depois da crise, foi muito menor”, diz o gerente dos conselhos temáticos e setoriais da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), João Arthur Mohr.
Ele lembra ainda que parte das empresas do consórcio em Viracopos enfrenta dificuldades por envolvimento na Operação Lava Jato. Porém, considera que houve melhorias para passageiros porque as obras passaram a ser feitas por gatilhos liberados pelo aumento na movimentação. “Em Viracopos, houve um erro de estimativa no projeto, que foi feito pela empresa que pegou a concessão. Agora, com empresas com mais experiência na administração de aeroportos, esse problema deve acabar”, cita Mohr.
Engenheiro e mestrando do Programa de Planejamento Urbano da UFPR, Rafael Kalinoski afirma que a concentração da participação em concessões para empresas com experiência no setor tende a reduzir ainda mais a concorrência, o que considera perigoso. “Foram feitas audiências públicas para receber sugestões das próprias empresas sobre os editais e uma das mudanças propostas foi que apenas empresas com experiência participassem, o que exclui as brasileiras”, diz. “Outra mudança é que uma mesma empresa pode ganhar todos os blocos, o que pode aumentar a concentração de mercado.”
Kalinoski critica ainda o fim da participação da Infraero nos consórcios privados, que era de 49% nos primeiros leilões. “A Infraero tinha poder de veto em decisões que prejudicassem o consumidor, mas, neste novo modelo, já não tem mais.”