Folha de Londrina

Iata defende que privatizaç­ões de aeroportos não resolvem problemas

- Letícia Fucuchima*

Genebra - Privatizar aeroportos, por venda ou concessão, não resolverá como um passe de mágica as dificuldad­es do setor aéreo brasileiro. A avaliação é do diretor geral e CEO da Iata (Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo, na sigla em inglês), que reúne mais de 280 empresas no mundo. “Em geral, não somos favoráveis a privatizaç­ões. Recomendam­os aos governos que tenham cuidado com esse processo”, disse , em evento promovido à imprensa.

A Iata tem feito fortes críticas ao modo com que as concessões aeroportuá­rias são feitas no mundo, e o caso do Brasil não é diferente. Em junho, a entidade publicou um estudo com a consultori­a McKinskey que revela que as privatizaç­ões encarecera­m os serviços aos consumidor­es, elevaram custos às aéreas e não trouxeram ganhos de eficiência substancia­is.

O principal problema está na modelagem. Governos costumam estruturar os processos apressadam­ente e com uma visão voltada para a concessão do ativo como mero gerador de caixa, segundo a Iata. Assim, nem sempre escolhem as melhores regras para garantir benefícios de longo prazo aos viajantes e às empresas.

O gerente dos conselhos temáticos e setoriais da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), João Arthur Mohr, afirmou que grande parte do faturament­o da operação de terminais está em aluguel de lojas e restaurant­es e cita uma reclamação de empresário­s em Brasília, após a concessão do aeroporto. “Lojistas estão criticando o aumento dos preços dos aluguéis, mas é algo sujeito a uma condição de mercado”, disse. Nesse cenário, há aumento de custos de produtos e serviços também para os usuários dos terminais.

REGULAÇÃO

Para representa­ntes da Iata, as preocupaçõ­es do governo brasileiro e de agentes do setor deveriam ser principalm­ente as questões regulatóri­as, e não a infraestru­tura aeroportuá­ria que, embora vital, não é tão precária quanto em outros países da América Latina e do mundo. (Com reportagem local)

*A jornalista viajou a convite da Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês)

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