Folha de Londrina

A volta do auxílio-moradia

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Menos de um mês depois de ser extinto, o auxíliomor­adia dos juízes voltou, surpreende­ndo quem acreditou no acordo informal entre o presidente Michel Temer e os ministros do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli e Luiz Fux. Temer sancionou o aumento de 16% do judiciário e, em troca, a categoria abriria mão do benefício.

Mas o auxílio-moradia retornou pelas mãos do Conselho Nacional de Justiça, que aprovou sem debates e em prazo relâmpago a nova modalidade da benesse, um verdadeiro presente de Natal que inicialmen­te beneficiar­á cerca de 200 juízes. Inicialmen­te, sim, porque quando foi criado o auxílio-moradia era privilégio de poucos, mas que acabou se estendendo para toda a categoria. Cerca de 17 mil profission­ais eram beneficiad­os na reta final. Nas situações mais vergonhosa­s, o auxílio-moradia era pago a marido e esposa magistrado­s que viviam na mesma casa e também para juízes que já tinham imóveis próprios na cidade onde trabalhava­m.

Pelo menos, agora, o benefício está mais restrito. Há alguns requisitos a serem cumpridos. O auxílio terá valor máximo de R$ 4.377,73 e passa a valer em janeiro de 2019. No mesmo mês em que os magistrado­s vão receber o reajuste de 16,38% nos salários.

Para receber o benefício, entre os critérios determinad­os, os magistrado­s ou seus cônjuges não poderão ter imóvel na comarca em que vão atuar e o dinheiro deve ser gasto exclusivam­ente com moradia.

A resolução abre uma brecha, prevendo que o Conselho Nacional do Ministério Público aprove o pagamento do auxílio-moradia também aos membros do MP, obedecendo ao princípio constituci­onal de simetria com a magistratu­ra.

A crise econômica acentua os benefícios concedidos para o funcionali­smo público brasileiro, como é o caso do auxílio-moradia para juízes e o reajuste de 16% aos magistrado­s. O País sofre com perdas das suas riquezas, com o desemprego e com o aumento do rombo nos cofres públicos. Diante desse cenário, a decisão do CNJ é uma manifestaç­ão muito negativa para o povo brasileiro. Uma provocação para o cidadão mais pobre que precisa tirar - com dificuldad­e - do salário o dinheiro para o aluguel ou para a prestação da casa, situação totalmente diferente de uma categoria que tem remuneraçã­o alta e outros benefícios suficiente­s para arcar com essa despesa.

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