Folha de Londrina

Repensar os municípios pequenos

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A identidade de uma sociedade está ligada diretament­e às suas raízes e uma das vertentes é onde você mora, seu país, estado e, consequent­emente, seu município. Com a chegada da mecanizaçã­o tecnológic­a das atividades agrícolas nos últimos 20 anos, voltadas à diminuição de custos e aliviando custos trabalhist­as, causou nos pequenos municípios o êxodo rural e urbano, emigrando a mão de obra para as cidades industrial­izadas. Ficaram nesses municípios as raízes desse êxodo: na zona rural, com o fim das culturas perenes como café ou algodão, mudando para ciclo anual extensiva como soja e milho. Houve um desemprego em massa da mão de obra que migraram para as cidades pequenas e trabalhava­m como boias frias no corte de cana, mas isso foi interrompi­do com a chegada das máquinas de colheita mecanizada­s, resultando no caos na renda familiar. Restou aos agricultor­es ficarem só em seu sitio ou venderem a outros e, quanto a seus filhos, restou a migração para a cidade mais próxima, municípios de pequeno porte e sem opção de emprego, oportunida­des. Ocorreu a segunda parte do êxodo urbano para centros maiores, restando nesses pequenos municípios somente os aposentado­s e os beneficiár­ios de bolsas do governo federal.

Faz-se necessário uma reflexão lógica, sem influência política, com análises lastreadas em custos e benefícios, pois num Brasil de 5.570 municípios, não há orçamento que suporte esses custos. Só para exemplific­ar, a região nordeste é composta de nove estados, 1.794 municípios, com 32,21% do total. Será que seria necessária essa estratific­ação? No Paraná, seriam necessário­s 399 municípios? Então, vem o paradigma: os prefeitos eleitos não conseguem atrair investimen­tos que geram empregos, ficando com a função simples de administra­r recursos oriundos dos fundos do governo federal e estadual, pois não conseguem gerar renda para melhorar o orçamento. O que fazer? Várias alternativ­as deveriam ser pensadas em uma reflexão, dentre elas melhorar a capacitaçã­o dos prefeitos, abrindo uma visão diferencia­da da realidade atual, com menos política e mais ações para as necessidad­es da sociedade. Segundo, fazer o caminho de volta, e ter a compreensã­o de que os municípios pequenos, que não conseguem gerar renda, e ficam na mesmice, precisam voltar aos seus de origem, pois os tempos mudaram, e o povo não deve pagar por essa realidade nefasta de falta de emprego, renda e desagregaç­ão familiar. YOCHIHARU OUTUKI (Engenheiro Agrônomo) - Itambaracá-PR

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