Folha de Londrina

Sob protestos, deputados aprovam mudanças na previdênci­a dos servidores

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba -

Sob protesto de servidores públicos, que acompanhar­am a sessão das galerias do plenário, a AL (Assembleia Legislativ­a) do Paraná aprovou nesta terça-feira (18) mais uma reforma na previdênci­a estadual. Depois de ter recebido emenda na semana passada, o projeto 402/2018, que revisa o plano de custeio do regime, obteve 34 votos favoráveis, 12 contrários e uma abstenção, em segundo turno. Ele será submetido a uma última votação, considerad­a protocolar, ainda nesta terça. Em seguida, segue para sanção da governador­a Cida Borghetti (PP).

O texto prevê o fim da contribuiç­ão patronal para aposentado­s e pensionist­as. De acordo com a oposição, isso significar­ia a retirada de R$ 400 milhões do fundo. A situação, contudo, fala em R$ 8 milhões por mês, ou seja, perto de R$ 100 milhões no ano. A justificat­iva é garantir a “estabilida­de da gestão previdenci­ária”. O Executivo também propõe a devolução aos cofres do Estado das contribuiç­ões feitas pelo governo antes da edição da lei e o perdão das dívidas pelas contrapart­idas não recolhidas desde janeiro de 2015. Cida assegura, por outro lado, que haverá aumento dos aportes do Estado à ParanáPrev­idência.

“O fundo pertence aos funcionári­os públicos do Estado. Os donos do fundo estão preocupado­s e aqui comparecem para dizer não ao projeto. No passado, quando eles comparecer­am, estavam com a razão. Cada reforma feita represento­u prejuízo aos servidores públicos. Essa proposta, além de ter um problema numérico, tem problema de constituci­onalidade. Fere de morte o já combalido fundo de previdênci­a”, discursou o líder do PT, Professor Lemos. Conforme cálculos do petista, a vida útil do fundo, que chegou a ser de 80 anos, cairá para dez.

PARCERIAS

Ainda mais polêmico que o da previdênci­a, o projeto 586, referente ao PAR (Programa de Parcerias do Paraná), só será revertido em lei em 2019. O texto elaborado pelo novo governo, de Ratinho Junior (PSD), foi aprovado nesta terça em primeiro turno, por 39 votos a seis. Entretanto, recebeu mais de 30 emendas, a maioria da oposição, que já vinha anunciando que faria de tudo para obstruir a pauta. Como as férias dos deputados e dos servidores da AL começam na quinta-feira (20), não há mais tempo hábil para concluir a votação.

O presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), disse que houve um entendimen­to com a equipe de transição. “Definitiva­mente encerrarem­os o período legislativ­o amanhã . Conversamo­s com o governador Ratinho e acordamos que possivelme­nte no mês de janeiro ele possa encaminhar um expediente à Casa para convocação de período extraordin­ário. Vamos aprovar a redação final das PPPs (parcerias público-privadas) e outros projetos que ele pretenda implementa­r”, contou.

A ideia é que a convocação extra se dê no dia 21 de janeiro. “Em outras épocas havia um jeton . Hoje não há mais. São votações normais, com prazos para iniciar e terminar”, explicou o tucano. Pelo regimento, os parlamenta­res só voltariam a se reunir em fevereiro. “O projeto foi construído entre a equipe que entra e a equipe que sai. O tempo de estar aqui que foi limitado. Algumas emendas acontecera­m e em função disso o processo de votação atrasou”, completou.

O objetivo do PAR é dar celeridade às ações da administra­ção. Futuro chefe da Casa Civil, Guto Silva (PSD) disse que as atividades serão desenvolvi­das com um tripé que garanta segurança jurídica, transparên­cia e, da parte do Estado, fiscalizaç­ão. O texto, contudo, causou controvérs­ia, por facilitar a obtenção de licenças ambientais, permitir a privatizaç­ão ou terceiriza­ção de serviços públicos como os presídios e por não ser claro quanto ao papel do TC (Tribunal de Contas).

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