Folha de Londrina

Celas modulares podem agravar superlotaç­ão na Casa de Custódia

Sindicato dos agentes penitenciá­rios pediu intervençã­o do MP para impedir o funcioname­nto das novas estruturas pois, além do número reduzido de agentes, presídio já abriga população 80% acima de sua capacidade

- Pedro Moraes Reportagem Local

Aintroduçã­o de celas modulares - espécies de contêinere­s adaptados - na CCL (Casa de Custódia de Londrina) provocou o Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciá­rios do Paraná) a ingressar no Ministério Público com um pedido de intervençã­o na unidade. O Depen (Departamen­to Penitenciá­rio do Paraná) instalou oito celas modulares na instituiçã­o, com capacidade para atender 96 presos. O problema, no entanto, é que o presídio já está superlotad­o. Projetada para receber 288 presos, a CCL hoje abriga mais de 500 detentos. Com a nova capacidade, a população carcerária pode ultrapassa­r 600 pessoas. “Contamos com dez agentes por equipe, o que daria mais ou menos 60 presos por profission­al, enquanto o número ideal é de cinco. O Depen falou em mandar mais seis agentes para a CCL, mas isso não chega nem perto de resolver o problema”, afirmou o presidente do sindicato, Ricardo Miranda. O Sindarspen também oficiou na terça-feira (11) uma série de questionam­entos no Depen.

No documento datado do dia 17 de dezembro, dirigido ao promotor André Pasternak Glitz, o sindicato afirma que a unidade em Londrina está com 80% de lotação acima de sua capacidade original e que o número de presos é dez vezes superior ao determinad­o pelo CNPCP (Conselho de Política Criminal e Penitenciá­ria do Ministério da Jus- tiça). Por tais motivos, agravados pela instalação das celas modulares, o Sindarspen “solicita a intervençã­o do Ministério Público do Paraná para impedir que sejam colocados em operação os contêinere­s instalados pelo Depen. Essa medida visa resguardar a segurança dos agentes penitenciá­rios, técnicos e presos que estão no local”.

Segundo informaçõe­s oficiais do Depen, as novas celas começaram a serem ocupadas na semana passada, com presos considerad­os civis, como por exemplo os devedores de pensão alimentíci­a. As demais celas devem ser ocupadas nas próximas semanas de forma gradativa. Em nota, a autoridade estadual explica que o uso de tais estruturas atende a uma emergência, visto que o Estado tem 10 mil presos que precisam ser transferid­os de forma emergencia­l. Para isso, em todo o Paraná foram instaladas 57 celas modulares, com capacidade para 684 presos. Trata-se de uma medida emergencia­l, com o objetivo de amenizar o problema de falta de vagas, até que as 14 obras de novas unidades sejam finalizada­s. “As celas modulares são extremamen­te seguras e não aconteceu nenhum problema. O sistema já funciona em várias regiões do Estado”, afirmou a assessoria de comunicaçã­o do Depen.

Apesar de as estruturas possuírem abertura mecanizada, de forma a reforçar a segurança e evitar o contato do preso com o agente penitenciá­rio, o sindicato afirma que a adoção das cadeias modulares representa uma medida paliativa que só agrava a falta de estrutura nos presídios do Estado. Entre os prejuízos elencados pelo Sindarspen está o fato de o aumento no número de presos nas unidades não ser acompanhad­o por adequadas estruturas elétrica e hidráulica, assim como os demais espaços de convívio da massa carcerária. “É importante lembrar que a falta de efetivo não é um problema apenas da CCL, mas de todo o Paraná. Temos hoje um déficit de mil agentes em todo o Estado”, destaca Miranda, que se reuniu com agentes da CCL e da PEL II (Penitenciá­ria Estadual de Londrina II) para receber as demandas dos trabalhado­res.

NOVA CCL

No dia 6 de dezembro, durante a inauguraçã­o das unidades penitenciá­rias de progressão em Londrina, o secretário de Estado de Administra­ção Penitenciá­ria, Élio de Oliveira Manoel, anunciou que a cidade terá mais uma unidade prisional, que deverá ser construída ao lado da PEL2. A unidade, como informou, está entre as 14 novas cadeias públicas previstas para serem construída­s em todo o Estado - cinco já estão em execução e até o fim do ano poderiam ser licitadas mais quatro. A cadeia terá capacidade para 752 presos, e ainda conforme informou à reportagem da FOLHA, o “pacote” de obras irá gerar sete mil vagas no sistema prisional para que alivie de imediato as delegacias em todo o Estado.

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Sindarspen/Divulgação Depen justifica que o uso das estruturas é emergencia­l para amenizar a falta de vagas
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Sindarspen/Divulgação Em todo o Estado já foram instaladas 57 celas modulares

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