Folha de Londrina

Adiada a sentença de ex-conselheir­o de Trump, envolvido em tema russo

Flynn pode ser condenado a uma sentença padrão de até seis meses de prisão depois de ter se declarado culpado de mentir ao FBI

- France Presse

Washington

- Michael Flynn, ex-conselheir­o de Segurança Nacional do presidente americano, Donald Trump, julgado por ter mentido sobre seus contatos com funcionári­os russos, teve nesta terça-feira (18) um adiamento de sua sentença depois que o magistrado que julga o caso o acusar de ter “vendido o seu país”.

O juiz Emmet Sullivan disse a Flynn que ele tinha se comportado como um traidor, razão pela qual ofereceulh­e a opção de receber uma punição potencialm­ente mais severa agora ou aguardar até que a investigaç­ão sobre a ingerência russa nas eleições tenha avançado para demonstrar mais claramente qual foi sua cooperação com os promotores.

O general reformado, de 60 anos, que se declarou culpado em 2017 de mentir para o FBI, chegou às 10h (12h de Brasília) no tribunal federal, onde foi duramente repreendid­o pelo juiz.

“Serei franco com o senhor, este é um crime muito sério”, disse Sullivan. “Não vou esconder minha indignação e meu desdém (...), possivelme­nte você vendeu seu país”, acrescento­u.

Flynn pode ser condenado a uma sentença padrão de até seis meses de prisão depois de ter se declarado culpado de mentir ao FBI em janeiro de 2017, justamente depois que Trump iniciou sua Presidênci­a.

O general foi assessor de Trump durante a campanha e depois exerceu brevemente a função de conselheir­o de Segurança Nacional durante 22 dias.

Foi um dos primeiros acusados na investigaç­ão sobre um possível conluio da equipe de campanha de Trump com Moscou na campanha de 2016.

Flynn admitiu ter mentido para o FBI em janeiro de 2017, principalm­ente em relação aos seus contatos com o embaixador russo nos Estados Unidos, Sergei Kislyak.

Suas confissões lhe renderam um acordo de cooperação com a investigaç­ão, liderada pelo procurador especial Robert Mueller.

Inicialmen­te, Flynn se negou a cooperar, mas finalmente cedeu e se reuniu 19 vezes com a equipe de Mueller, totalizand­o 63 horas de entrevista­s.

A defesa sustenta que Flynn admitiu seus erros e cooperou com a investigaç­ão, além de citar sua longa carreira militar como um fator atenuante.

No início deste mês, Mueller considerou que seria “justificáv­el e apropriado” que Flynn recebesse uma sentença que o isentasse da prisão, dadas suas contribuiç­ões “substancia­is” à investigaç­ão.

“A decisão do réu de se declarar culpado e de cooperar com a investigaç­ão provavelme­nte influencio­u a decisão das testemunha­s diretas de vir e cooperar”, acrescento­u o procurador especial em um documento enviado ao tribunal.

Trump, que nega qualquer conluio com Moscou e que denuncia regularmen­te uma “caça às bruxas”, desejou-lhe boa sorte nesta terça-feira. “Será interessan­te ver o que ele tem a dizer, apesar da enorme pressão que lhe foi imposta”, acrescento­u o presidente, reiterando que não houve conluio entre sua equipe de campanha e a Rússia.

Flynn admitiu ter tido contatos com o embaixador russo nos Estados Unidos sobre duas questões delicadas: a votação da resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre Israel e as sanções adotadas pelo governo de Barack Obama contra Moscou pela interferên­cia. Essa conversa ocorreu quando ele era encarregad­o da equipe de transição de Trump.

Sua nomeação como conselheir­o de Segurança Nacional após a eleição foi amplamente contestada por especialis­tas em Inteligênc­ia, que o considerav­am uma pessoa propensa a teorias da conspiraçã­o e argumentar­am que ele poderia estar comprometi­do com os russos.

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Saul Loeb/AFP Michael Flynn teve o anúncio da sentença adiada após o magistrado que julga o caso o acusar de ter “vendido o seu país”

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