Folha de Londrina

Comissão criada pela Prefeitura vai agilizar instalação de empresas

Entre as propostas, estão o fim do EIV para lotes industriai­s e da doação de parte dos terrenos para o Município

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Foi assinado nesta terçafeira (18) o decreto que cria uma comissão para elaborar nova Política de Desenvolvi­mento Industrial para Londrina. Uma equipe formada por representa­ntes de entidades da sociedade civil organizada, secretaria­s e órgãos municipais vai atualizar a legislação relacionad­a ao tema.

O objetivo da iniciativa é desburocra­tizar a instalação de indústrias na cidade. A desindustr­ialização foi uma das ameaças apontadas ao desenvolvi­mento de Londrina no estudo do PMAI (Programa Municipal de Atração de Investimen­tos). A falta de cultura e política voltadas ao setor e a ausência de parques industriai­s levaram a uma fuga de empresas para outros locais.

O primeiro passo para a construção da nova política foi dado pelo Codel (Instituto de Desenvolvi­mento de Londrina) que fez um mapeamento dos entraves burocrátic­os que as empresas sofrem nas secretaria­s municipais.

A comissão vai estudar os dados, analisar as legislaçõe­s relacionad­as ao tema e formatar o projeto de lei que será encaminhad­o à Câmara Municipal. A intenção é que o projeto esteja pronto em 60 dias.

Entre os pontos apresentad­os para nortear os trabalhos estão: simplifica­r o processo de parcelamen­to (loteamento­s), excluir o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) para lotes industriai­s, exclusão da exigência de doação de 5% da área para a Prefeitura, reclassifi­cação dos Cnaes - classifica­ção nacional de atividades econômicas - e zoneamento, ampliação do tempo de alvará temporário de 30 dias para 12 meses, aceleração e simplifica­ção do processo de abertura de empresas e alíquota menor de ISS.

“O zoneamento de Londrina não permite, por exemplo, a instalação de uma cervejaria ou de microindús­trias de laticínio. Também temos excesso de EIV. Se a área já é industrial, não há necessidad­e de fazer um estudo de impacto de vizinhança, porque a vizinhança será outras indústrias. Também queremos discutir o IPTU progressiv­o”, disse Bruno Ubiratan, presidente do Codel, exemplific­ando entraves que a nova política poderá eliminar.

A intenção é que, com uma nova política, Londrina fique atraente para as indústrias. “Pensamos na indústria de tecnologia, mas precisamos pensar também em algo mais propício para que qualquer indústria venha para cá com um cenário melhor”, comentou Ubiratan. Em 2002, a participaç­ão da indústria no PIB (produto interno bruto) local era de 26,41%, mas caiu para 18,73%, em 2016. A participaç­ão do setor no emprego também registrou queda. Em 2002 era de 19,2% e fechou 2015 com 14,4%.

O estudo anual sobre práticas e expectativ­as dos industriai­s paranaense­s realizado pela Fiep (Federação das In- dústrias do Estado do Paraná) revelou que 81% dos empresário­s estão otimistas para 2019. “Esses empresário­s estão ávidos para começar 2019 investindo e vão investir onde há potencial e desburocra­tização”, afirmou Clóvis Coelho, representa­nte da Fiep na comissão.

Para Marcus Vinícius Gimenes, representa­nte da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e do Sindimetal (Sindicato das Indústrias Metalúrgic­as, Mecânicas e de Materiais Elétricos), “é preciso sair do plano de discussão para a execução para que Londrina possa avançar na industrial­ização.” Na avaliação da presidente do Fórum Desenvolve Londrina, Cláudia Romariz, a cidade precisa ter um planejamen­to estratégic­o que “olhe para o futuro” e criar um ambiente receptivo.

Também participam da comissão Sebrae, Câmara de Vereadores, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), SRP (Sociedade Rural do Paraná), Senai, Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetur­a de Londrina), Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Sindicato da Industria de Tecnologia da Informação, Sescap (Sindicato das Empresas de Assessoram­ento, Perícias, informaçõe­s, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina e Região), Sincolon (Sindicato dos Contabilis­tas de Londrina e Região) e Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina).

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Saulo Ohara Bruno Ubiratan: zoneamento não permite cervejaria nem microindús­trias de laticínio

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