Folha de Londrina

Mulher com filhos contribui por menos tempo, segundo nova proposta

- Ana Estela de Sousa Pinto Folhapress

São Paulo Uma nova proposta previdenci­ária apresentad­a nesta terça (18) à equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) prevê que mulheres com mais de um filho tenham uma redução de cinco anos no período de contribuiç­ão.

A ideia, formulada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), faz parte de um modelo chamado Nova Previdênci­a, válido para quem nascer a partir de 2005.

A Fipe, com apoio de entidades do setor de previdênci­a e seguro, também encaminhou nesta terça uma proposta de reforma do atual sistema, válido para quem nasceu até 2005.

Nos cálculos da entidade, se aprovada, a proposta de reforma traria economia de R$ 1 trilhão de 2020 a 2029 -a reforma do governo Temer prevê economia de R$ 440 bilhões em dez anos.

Segundo o economista e pesquisado­r da Fipe Hélio Zylberstaj­n, que detalhou o

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documento, a Nova Previdênci­a (para quem nasceu a partir de 2005) se baseia em quatro pilares: 1) renda mínima para todos os brasileiro­s a partir dos 65 anos de idade, 2) aposentado­ria após 40 anos de contribuiç­ão no atual sistema de repartição (os benefícios são pagos com as contribuiç­ões de quem está na ativa), 3) sistema de capitaliza­ção obrigatóri­a para quem ganha acima do teto e 4) sistema de capitaliza­ção voluntária.

O modelo teria regras válidas para todos os brasileiro­s: homens e mulheres, funcionári­os públicos ou do setor privado, em qualquer função (inclusive militares). Mulheres com mais de um filho, porém, precisaria­m contribuir por 35 anos, em vez de 40.

“Menos que estimular a natalidade, a regra reconhece que mulheres que trabalham e criam filhos são sobrecarre­gadas”, afirma Zylberstaj­n.

A mudança de modelo teria três impactos, segundo o economista: garantir a reposição de renda dos brasileiro­s mais pobres, elevar o emprego formal (por baratear os encargos) e incentivar a formação de poupança de longo prazo para investimen­to, o que traria cresciment­o econômico.

A Nova Previdênci­a seria associada a uma reforma do atual sistema -uma das principais mudanças seria a adoção de idade mínima de 65 anos para todos os trabalhado­res, após período de transição.

Pela proposta de reforma do atual sistema, trabalhado­res privados partiriam de idade mínima em 2020 de 57 anos, para homens, e 52, para mulheres, e ela seria elevada em 1 ano a cada 2 anos. O período de transição se completari­a em 2036, para homens, e em 2046, para mulheres.

No caso dos funcionári­os públicos, que hoje já têm idade mínima de 60 anos, para homens, e 55, para mulheres, a transição se completari­a em 2028 e 2038, respectiva­mente.

“É uma mudança que atinge apenas 4% dos brasileiro­s”, afirma o economista da Fipe.

“O brasileiro pobre hoje se aposenta aos 65 anos, mas quem teve sorte de ter carteira assinada muito cedo ou de se empregar no serviço público se aposenta muito cedo.” Na análise da fundação, seriam afetados cerca de 13 milhões de pessoas entre 2020 e 2060.

A contribuiç­ão dos funcionári­os públicos inativos seria elevada de 11% para 14% e haveria mudança na regra de cálculo das pensões: com a morte do beneficiár­io, o cônjuge passaria a ganhar 60% do valor, mais 10% para cada dependente.

Outra mudança em relação às regras atuais é que o fator previdenci­ário seria usado para o cálculo de benefícios também dos funcionári­os públicos ---o que reduz o valor pago.

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