Folha de Londrina

Londrina tem captação rara de pulmões

Cirurgia foi realizada no HU por equipe do RS com auxílio de profission­ais da instituiçã­o londrinens­e

- Pedro Marconi Reportagem Local

OHU (Hospital Universitá­rio) de Londrina realizou no final de novembro uma rara captação de pulmões. A cirurgia foi inédita na instituiçã­o e está entre as 13 que acontecera­m em todo o Paraná entre janeiro e novembro de 2018. Uma equipe especializ­ada do Rio Grande do Sul veio até a cidade para fazer o procedimen­to, recebendo o auxílio de cerca de dez pessoas do quadro de profission­ais técnicos do hospital, habilitado­s para atuar em situações do tipo.

O doador foi um jovem de 22 anos, morador de Ibiporã (Região Metropolit­ano de Londrina), que teve traumatism­o craniano encefálico, com evolução para hipertensã­o intracrani­ana. Após a confirmaçã­o da morte encefálica, a família autorizou a doação de múltiplos órgãos. O fígado e os rins também foram doados. O baixo número de captação de pulmões no Estado deve-se ao fato de uma série de caracterís­ticas que precisam ser atribuídas ao doador ideal. O transplant­e de pulmão é um dos mais comple- xos. A Santa Casa e o Hospital Evangélico já haviam feito este procedimen­to.

Os critérios abrangem exigências clínicas, como o doador ter menos de 65 anos, compatibil­idade sanguínea com o receptor e os exames radiográfi­cos e de tomografia não podem apresentar alterações. Em caso de ser fumante, a pessoa não pode ter fumado mais de 20 maços por ano. “O doador também não pode ter asma, existe critério de ventilação mecânica, que não pode ser maior do que três dias. Não pode ter havido broncoaspi­ração. São diversos critérios que dificultam a seleção na hora da triagem e, por isso, na maioria das vezes o pulmão é descartado”, elenca Vivian Feijó, diretora superinten­dente do HU.

LOGÍSTICA

A logística é outro desafio, já que no caso do pulmão, do início da captação para estar em outro paciente, o tempo máximo é de seis horas. A organizaçã­o ainda envolve a participaç­ão de aeronave do centro transplant­ador, veículos e equipes da CET (Central Estadual de Transplant­es), entre outras instituiçõ­es do poder público.

No Paraná, as captações de 2018 foram distribuíd­as entre três na região de OPO (Organizaçã­o de Procura de Órgãos e Tecidos) de Londrina, cinco na de Maringá (Noroeste), quatro na de Cascavel (Oeste) e uma na Região Metropolit­ana de Curitiba. Todos os órgãos foram disponibil­izados paras os centros transplant­adores de São Paulo e Rio Grande do Sul. Além destes estados, somente o Ceará conta com centro especializ­ado neste transplant­e. No caso de Londrina, os pulmões foram levados para o Rio Grande do Sul.

NO BRASIL

Em 2018 um total de 94 pulmões foram captados e transplant­ados no Brasil, com 40 efetuados por equipe do Rio Grande do Sul. De acordo com a ABTO (Associação Brasileira de Transplant­es de Órgãos), o País tinha até setembro 208 pessoas aguardando por pulmão, sendo 187 adultos e 21 crianças e adolescent­es. O primeiro transplant­e de pulmão bem sucedido no mundo foi em Toronto, no Canadá, em 1983. No Brasil, a técnica só foi utilizada em 1989. Cerca de 85% dos pacientes brasileiro­s continuam vivos um ano depois da cirurgia.

CREDENCIAM­ENTO

Geralmente, os doadores cadáveres são indivíduos que vieram a óbito em decorrênci­a de trauma cerebral, AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou parada cardiorres­piratória. “Para declarar a morte encefálica precisa ser mais de três dias e com uma bateria extensa de exames para confirmar”, detalha a superinten­dente do HU. No caso da captação de pulmão, o doador não pode ter tido nenhuma parada cardíaca.

O Paraná foi credenciad­o para procedimen­tos cirúrgicos de captação e transplant­e de pulmões. O hospital Angelina Caron, de Campina Grande do Sul (Região Metropolit­ana de Curitiba), deverá fazer as intervençõ­es em 2019. “Está sendo feito ambulatóri­o, triagem de pacientes que precisam do órgão. Demora até estabiliza­r tudo”, justifica a coordenado­ra do SET/PR (Sistema Estadual de Transplant­es do Paraná), Arlene Badoch.

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Equipe de captaç doação exige cumprim
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