Um mestre em destaque
Projeto Circulasons encerra temporada com apresentações de Egberto Gismonti e Duo GisBranco nesta quinta-feira (20), em Londrina
Após quase um década dedicando-se intensamente a escrever trilhas de filmes, óperas, peças para orquestras sinfônicas e balés, Egberto Gismonti interrompeu sua rotina imersiva e reclusa (de certa forma), para voltar aos palcos no início deste ano. Aos 71 anos recém completados no começo de dezembro, e considerado um dos mais representativos nomes da música instrumental contemporânea do mundo, o compositor, arranjador e multi-instrumentista chega a Londrina nesta nova fase para uma apresentação nesta quinta-feira (20), às 20h, no Teatro Ouro Verde. Ele vai encerrar a temporada 2018 do projeto Circulasons, no mesmo dia, também haverá apresentação do Duo GisBranco, dupla formada pelas pianistas Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco. A apresentação de dois shows instrumentais em uma mesma noite - com destaque para o piano - pode ser considerada um tanto quando audaciosa, sobretudo em uma época em que vocais cheios de melismas e regiões agudas são supervalorizados, além de músicas com arranjos simples e melodias de fácil memorização. Porém ir contra a maré comercial é, justamente, a proposta da musicista Janete El Hauli que visa “estimular a escuta sensível e pensante”, por meio deste projeto que tem sua idealização, curadoria e produção por intermédio da TOCA: arte ação criação. Desde setembro, o Circulasons trouxe à cidade Ná Ozzetti, Zé Miguel Wisnik, Lívia Nestrovski e Fred Ferreira, a violonista e cantora Badi Assad e o grupo Mawaca.
O talento de Gismonti é conhecido há mais de 50 anos: do piano e do violão, ele parte das raízes da cultura nacional para experimentar diferentes ritmos e sonoridades. Em tempos de consumo de música via streaming, ele acumula, nada menos, que 70 discos gravados, incluindo temas consagrados como “O Palhaço”, “Baião Malandro”, “Frevo” e “Infância”; parte dessa obra já está disponível nas principais plataformas. “Apresentações com músicos que já lançaram 70 CDs são quase semdo pre imprevisíveis. A tal da ‘liberdade’ deve prevalecer. Acho que irei tocando e sentindo como continuar”, diz ele, conhecido por sua grande capacidade criativa e de improviso, sobre o show que fará em Londrina. Certamente, repertório não será um problema.
Este ano ele ganhou o projeto “Egberto 70”, idealizado pela compositora e saxofonista Gaia Wilmer, que também assinou a direção musical e a regência. Em cada noite, foram apresentados arranjos inéditos para temas do artista aniversariante, percorrendo quatro CCBBs (Centro Cultural Banco do Brasil) - DF, BH, RJ e SP - e, assim, foi celebrada a obra de Egberto Gismonti.
“O destino sempre foi benevolente comigo. Com cada parceiro que tive desde o início da minha vida profissional - como Wilson das Neves, Sérgio Barroso, Radamés Gnattali, entre outros, sem nenhuma dúvida ou demagogia, posso garantir que cada um me ajudou na construção das ideias e das realizações musicais”, comenta Gismonti.
DUO DE PIANO
O Duo GisBranco é forma- pelas pianistas, compositoras e cantoras Bianca Gismonti (filha de Egberto Gismonti) e Claudia Castelo Branco. Com arranjos inéditos para dois pianos e duas vozes, o dueto se destaca na nova safra de música criativa brasileira, explorando as sonoridades com obras de autores na fronteira entre o clássico e o popular, além de composições próprias. Criado em 2005, este ano lançaram o terceiro disco da carreira. “Pássaros” foi todo construído com base nos poemas de Chico César e é o primeiro disco inteiramente de canções do duo. O cantor e compositor colocou sua voz em três das 15 faixas.
O Duo GisBranco promete fazer um apanhado instrumental de seus 13 anos de carreira, incluindo obras do próximo CD, ainda inédito, dedicado a Egberto Gismonti e Heitor Villa-Lobos.