Folha de Londrina

GMs são afastados por suspeita de desvios

Grupo é investigad­o por sumiço de dinheiro que estava em veículo apreendido; quantia informada foi de R$ 860 mil, mas apuração da Polícia Civil indicou volume maior

- Rafael Machado Viviani Costa (Colaborou Fernanda Circhia)

A Polícia Civil cumpriu 11 mandados de busca e apreensão contra guardas municipais suspeitos de desviar dinheiro de uma operação deflagrada no mês passado, na zona sul de Londrina. O secretário de Defesa Social, Evaristo Kuceki, informou que 15 agentes que participar­am da ação foram afastados

APolícia Civil de Londrina deflagrou nesta quintafeir­a (20) uma operação para cumprir 11 mandados de busca e apreensão em residência­s de guardas municipais. Eles são investigad­os pelo desvio de dinheiro apreendido durante ocorrência registrada em novembro, na zona sul da cidade. Na ocasião, foram apreendido­s R$ 860 mil em um veículo que chegou a ser perseguido pela equipe. No entanto, a Polícia Civil apurou que quantia dentro do carro era maior que a informada no registro da ocorrência.

A Secretaria Municipal de Defesa Social acompanhou as diligência­s. O secretário responsáve­l pela pasta, Evaristo Kuceki, comentou que 15 guardas foram afastados por terem atuado na ocorrência, sendo que 14 deles são investigad­os e podem responder pelo crime de peculato. “Até hoje, os guardas foram mantidos nas ruas, à pedido do delegado, para não atrapalhar as investigaç­ões”, comentou. Até a manhã desta quinta-feira, sete haviam colaborado com as apurações. Três deles devolveram juntos R$ 60 mil, cada um havia embolsado R$ 20 mil. A quantia transporta­da teria origem no tráfico de drogas e seria repassada como forma de pagamento a outros traficante­s.

O rapaz que dirigia o veículo continua preso. Paulo Lucas de Oliveira Dias está detido preventiva­mente na Casa de Custódia de Londrina por porte ilegal de arma de fogo. Além do dinheiro, uma pistola 9 mm e dez munições também teriam sido encontrada­s no veículo. Logo após a prisão, Dias negou ser dono da pistola e não quis falar sobre o dinheiro apreendido. O advogado dele, Diheyson Adalberto Furlan Cunha, alegou que o jovem foi coagido pelos GMs que teriam colocado a arma dentro do veículo para fazer a prisão.

O delegado chefe da 10ª Subdivisão Policial de Londrina, Osmir Neves, informou que a denúncia contra os guardas teria relação com o assassinat­o do policial militar Wagner da Silva Prado ocorrido dias após a apreensão do dinheiro. O PM foi morto com pelo menos dez tiros quando estava em frente a uma padaria, na zona sul de Londrina. O crime completou um mês na última segunda-feira (17) e continua sob investigaç­ão.

“Surgiram informaçõe­s no sentido de que a execução do policial militar na zona sul de Londrina seria decorrente a uma represália por parte de criminosos associados a essa apreensão de valores”, explicou o delegado.

A Polícia Civil chegou a protocolar pedidos de prisão temporária dos guardas municipais, mas os pedidos fo- ram negados pela Justiça. Os investigad­ores ainda apuram o envolvimen­to de outros servidores no desvio de recursos. Além de afastados dos cargos, os guardas responderã­o a processos administra­tivos abertos pela Corregedor­ia da Guarda Municipal. Os que devolveram os valores poderão sofrer redução na pena em caso de condenação. O valor total que estaria no veículo é estimado em R$ 1,5 milhão.

DEFESA

Os advogados Eduardo Duarte Ferreira e Adolfo Góis defendem oito dos 15 guardas municipais. A defesa procurou a FOLHA na tarde desta quinta-feira (20) e afirmou que a Polícia Civil e a Prefeitura de Londrina não têm condições de avaliar o caso. “Nós vamos pedir para que o Gaeco faça uma investigaç­ão imparcial.”

Eduardo Duarte Ferreira também questiona a demora da administra­ção pública em cumprir o decreto que foi cumprido nesta quinta-feira (20). Segundo o advogado, este documento foi assinado no último dia 4. “Nós queremos saber por que o prefeito guardou o decreto no bolso por 15 dias.”

Em relação à Polícia Civil, o advogado Eduardo Duarte Ferreira ressalta que o delegado que apura os fatos está “diretament­e e indiretame­nte envolvido com a situação que está apurando”. “Como ele pode presumir que havia R$ 1,5 milhão? Ele, teoricamen­te, recebeu e contou o dinheiro que estava no carro”, completa o advogado.

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Arquivo FOLHA Guardas responderã­o ainda a processos administra­tivos na Corregedor­ia da corporação

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