Folha de Londrina

Diretor da TCGL critica licitação suspensa pelo Tribunal de Contas

O diretor da empresa, Paulo Bongiovann­i, afirma que o atual contrato firmado com a prefeitura não é bom e que a atual licitação tem vários erros

- Pedro Moraes

Responsáve­l pela medida cautelar que suspendeu a concorrênc­ia da licitação do transporte coletivo de Londrina, a TCGL (Transporte­s Coletivos Grande Londrina) decidiu se pronunciar sobre os motivos que fizeram decidir ingressar com a medida judicial no TC (Tribunal de Contas do Estado do Paraná). Em entrevista à FOLHA, o diretor da empresa e do Metrolon (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiro­s Metropolit­ano de Londrina), Paulo Sérgio Bongiovann­i afirmou que a razão do questionam­ento é a busca de contrato mais seguro, que priorize a competênci­a. “Não temos o interesse em deixar a cidade. Somos gratos por todos os anos de trabalho, mas é preciso que o contrato seja bom para os dois lados. Em 2018 compramos 34 ônibus, investimos aproximada­mente R$ 10 milhões, mas não consideram­os justa a tarifa que vem sendo cobrada. O valor é escolhido de forma política e não técnica.” A empresa informou em novembro que não participar­ia da concorrênc­ia e chegou a anunciar o fim de suas atividades ao término do contrato no próximo dia 19 de janeiro. Com isso demitiria mais de 1.660 funcionári­os.

O principal questionam­ento da empresa consiste no ponto principal dos empresário­s, os custos. Com a passagem decretada no valor de R$ 3,95 e o corte no subsídio por parte da prefeitura para o transporte dos estudantes - que implicaria um aumento de R$ 0,40 no valor atual - , a empresa calcula que o prejuízo em 2018, é de praticamen­te R$ 1 milhão por mês. Os recursos usados para pagar os 13º salários dos funcionári­os da TCGL foram retirados de outras empresas do Grupo Constantin­o, a mais conhecida delas é a Gol Linhas Aéreas. Segundo Paulo Sérgio Bongiovann­i, a falta de critérios técnicos na gestão aumenta a inseguranç­a do ambiente de negócios. “Ao longo de 15 anos, por quatro vezes a tarifa não foi reajustada. O atual contrato também não é bom para nós. O ideal é termos uma tarifa calculada a partir da fórmula proposta pela ANTT (Agência Nacional de Transporte­s Terrestres). Se o prefeito quer que a passagem seja mais barata, subsidie uma parte do valor”, disse.

O empresário ainda apontou críticas que segundo ele prejudicar­am a elaboração do contrato de licitação que foi suspensa. Ao TC, o documento apresentad­o pela TCGL aponta 23 pontos. Bongiovann­i afirmou que, apesar de não ser crítico aos técnicos da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito de Urbanismo), acredita que o documento foi elaborado com escassez de tempo. Além de o modelo proposto não apontar os ricos e se utilizar de número de passageiro­s e quilometra­gem que não condizem com a realidade. “É possível que apareça uma empresa que opere de acordo com o oferecido, mas não conseguirá cumprir com todo o rigor exigido pelas leis trabalhist­as, por exemplo. O edital foi feito sob pressão, errar é humano. Se houver outra proposta vamos estudar a nossa participaç­ão”, garantiu.

Independen­temente de qual caminho que será dado à licitação, a TCGL garante que irá cumprir seu dever com a população. Caso a atual licitação ainda seja validada, uma nova empresa terá 60 dias para começar a operar. O atual contrato será encerrado em menos de um mês e ainda não há um plano de como será feito um trato para o período extra, já que o atual não será renovado. A empresa e a CMTU já inclusive conversara­m sobre o período de transição, mas a prin- cipal preocupaçã­o da Grande Londrina é a recomposiç­ão da tarifa. “Respeito a decisão do prefeito Marcelo Belinati, mas acredito que era de nossa responsabi­lidade demonstrar que há erros. Esta é nossa área”, apontou Bongiovann­i.

A empresa Londrisul, que opera aproximada­mente 15% do transporte coletivo na cidade, também terá seu contrato encerrado no próximo mês, optou por não se pronunciar sobre a atual licitação. A empresa é parte do grupo BGS, dona de empresas como Viação Garcia. Em seu site informa ter frota de cerca de 800 veículos, 2,5 mil funcionári­os, e que atua no Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A administra­ção é familiar e a direção é da responsabi­lidade de José Boiko e seu sobrinho, Estefano Boiko Junior. Procurada pela FOLHA, a empresa se limitou a informar que a direção da LondriSul “não vai se manifestar sobre as decisões em relação à licitação do transporte coletivo de Londrina”. O prefeito Marcelo Belinati também foi procurado, mas também não se manifestou sobre o tema.

ACORDO FECHADO

O Sinttrol (Sindicato dos Trabalhado­res em Transporte Rodoviário de Londrina) fechou o acordo trabalhist­a com Metrolon até o fim de janeiro. Nos termos fica acordado o reajuste de 4% para janeiro e foi retirada o termo que pretendia extinguir a estabilida­de de 36 meses dos cobradores, acordado em dezembro de 2017. Com a decisão, que já foi encaminhad­a à CMTU, a nova tarifa, que deverá ser praticada a partir de janeiro, já pode ser calculada. “O indicativo de greve se mantém, assim como as negociaçõe­s. O atual momento é de inseguranç­a para toda a categoria, que não sabe o que acontecerá com os empregos”, alertou o presidente do Sinttrol, João Batista da Silva.

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TCGL/DivulgAção “Não temos o interesse em deixar a cidade, mas é preciso que o contrato seja bom para os dois lados”, afirmou o diretor

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