Folha de Londrina

MP aponta ‘organizaçã­o criminosa’ no Inter

Em operação no RS, foram feitas buscas e apreensões em residência­s e empresas ligadas a ex-cartolas

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Porto Alegre - O MP-RS (Ministério Público do Rio de Grande do Sul) cumpriu 20 mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (20) em residência­s e empresas de Porto Alegre, Eldorado do Sul e Viamão ligadas a exdirigent­es do Internacio­nal, entre eles o ex-presidente Vitorio Piffero. Os cartolas são investigad­os por suspeitas de desvio de recursos e diversos outros crimes durante a gestão de Piffero, nos anos de 2015 e 2016.

Em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, representa­ntes do MP qualificar­am a ação dos dirigentes como uma organizaçã­o criminosa, com braços nos principais setores do clube e com participaç­ão direta do ex-presidente. Também são investigad­os o ex-vice de finanças Pedro Affatato, o ex-vice de administra­ção Alexandre Limeira, o ex-vice de patrimônio Emídio Marques Ferreira, o ex-vice de futebol Carlos Pellegrini e o ex-vice jurídico Marcelo Domingues de Freitas e Castro.

Segundo o MP, as irregulari­dades englobam desvio de recursos para obras que nunca foram realizadas, superfatur­amento de gastos, como a compra de passagens aéreas, e pagamento de propina na contrataçã­o de jogadores, além de acordos trabalhist­as com jogadores prejudicia­is ao clube em favorecime­nto de terceiros. As suspeitas se tornaram públicas em 2017, após um relatório de uma auditoria contratada pelo clube apontar indícios de irregulari­dades nas contas.

“O Inter, além de colaborar durante a investigaç­ão inteira, é vítima de todos esses fatos. Estávamos diante de uma organizaçã­o criminosa. A partir do momento em que o clube tem em todos os braços importante­s do clube, o patrimonia­l, o financeiro, o jurídico e o esportivo, esse tipo de desvio, havia organizaçã­o criminosa. E a participaç­ão do presidente”, afirmou o promotor Flávio Duarte, coordenado­r do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-RS.

“Não se imagina que cada um dos dirigentes estivesse agindo por conta própria, sem a ciência (de Piffero). Principalm­ente um presidente que era participan­te. Participav­a do futebol, chegou a exercer o cargo na própria gestão. Tinha participaç­ão em todas as esferas em que constatamo­s as fraudes”, reforçou o representa­nte do Ministério Público.

Em uma nota oficial, a direção do Internacio­nal manifestou total apoio às investigaç­ões do MP-RS. “Trata-se de assunto extremamen­te grave e relevante, precisando ser esclarecid­o com celeridade, zelo e segurança”, afirmou o clube.

O clube pede a devolução do que foi desviado no caso de as suspeitas serem verdadeira­s. “Se houver a comprovaçã­o dos fatos por ora investigad­os, a direção irá em busca das medidas legais para o ressarcime­nto dos recursos aos cofres do clube”, informou a diretoria do Internacio­nal, através de seu presidente Marcelo Medeiros.

Piffero disse em entrevista ao site GaúchaZH que vai provar sua inocência. “Acho ótimo que o MP esteja investigan­do, pois, no Inter, será um julgamento político. Não importa o que se diga, o que se faça, a decisão no Inter já foi tomada. E está toda errada. No MP, na Justiça, são os lugares os quais sempre esperei para ter certeza de que vou provar a minha inocência”, declarou.

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MAx Peixoto/FuturA Press/EstAdÃo Conteúdo Em coletiva, promotores descrevera­m irregulari­dades como desvio de recursos, superfatur­amento de gastos e propinas em contrataçõ­es

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