Folha de Londrina

Mary Poppins 50 anos depois

Filme sobre a babá inglesa volta às telas num remake que traz Emmy Blunt no lugar de Julie Andrews

- Thales de Menezes Folhapress

Obraço cinematogr­áfico do império Disney atravessa uma fase de muito sucesso financeiro, mas não anda se destacando pela originalid­ade. “O Retorno de Mary Poppins” não é exemplar único de um resgate de ideias antigas.

Os quatro principais produtos do estúdio anunciados para 2019 ficam entre a continuaçã­o e a refilmagem: “Dumbo”, “Aladdin”, “Toy Story 4” e “O Rei Leão”. Desses, algo bom é esperado de “Dumbo”, que tem assinatura de Tim Burton, e de “Rei Leão”, com animais de computação gráfica de extremo realismo.

“O Retorno de Mary Poppins”, dirigido por Rob Marshall, não recebeu nenhuma injeção para diferenciá-lo do primeiro “Mary Poppins”, quinta maior bilheteria nos Estados Unidos em 1964 e filme que foi um “esquenta” para o estouro da estrela Julie Andrews no ano seguinte, com “A Noviça Rebelde”.

A babá inglesa com poderes mágicos volta agora com Emily Blunt, que não canta como um rouxinol feito Julie Andrews, mas segura as músicas e consegue dar charme ao papel. O resto do elenco não chega a brilhar. Nem Colin Firth ou Meryl Streep, em pequenas participaç­ões.

Com um enredo semelhante ao original e canções apenas medianas, o máximo de modernidad­e que o filme transmite está nos bons efeitos visuais. Mas, depois de 50 anos de avanço tecnológic­o, isso era no mínimo uma obrigação.

No filme de 1964, Mary Poppins surge em Londres flutuando no céu para cuidar das crianças da família Banks. Com poderes mágicos aparenteme­nte ilimitados, ela conduz os irmãos Michael e Jane num momento difícil de suas vidas, dando lições entre números musicais.

Agora o enredo joga tudo 20 anos para a frente. Jane é solteirona e Michael acaba de ficar viúvo. Com dificuldad­es financeira­s, ele está prestes a perder a antiga casa da família, na qual vive com três filhos pequenos.

O raio cai duas vezes no mesmo lugar. Mary Poppins chega para tomar conta das crianças e, como todos esperam, ajudar Michael a salvar sua casa.

Ao passarem para a vida adulta, Jane e Michael praticamen­te se esqueceram da magia da babá. É a vez de Annabel, John e o cativante caçula Georgie se deslumbrar­em com os poderes de Mary Poppins, acompanhad­os por Jack, o simpático acendedor dos lampiões de rua que é apaixonado por Jane.

Tudo é bonitinho, mas certinho demais, antiquado, velho mesmo. Poderia ter sido feito em 1965 e sairia quase do mesmo jeito. Talvez truques visuais como golfinhos na banheira da casa dos Banks não fossem incluídos, mas esse apuro técnico é a única coisa moderna na produção.

Difícil crer que o ritmo lento da ação e o formato de musical antigo possam seduzir as plateias mirins atuais, tão conectadas a altas velocidade­s. Mas pais e avós que forem aos cinemas levando os pequenos correm o risco de uma viagem nostálgica e agradável.

Não resta dúvida que “O Retorno de Mary Poppins” precisava de algo a mais, o que a Disney não conseguiu oferecer.

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Divulgação Emily Blunt em ‘O Retorno de Mary Poppins’: apuro técnico é a única coisa moderna na produção

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