Folha de Londrina

Desempenho positivo depende da agenda de reformas

- (A.M.P)

Com a definição do processo eleitoral, e a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL), a confiança na recuperaçã­o da economia impulsiono­u os negócios, principalm­ente neste último trimestre. “Passouse a lançar mais e as curvas de confiança cresceram em níveis superiores à média”, ressaltou Marcos Kahtalain, vice- presidente de Banco de Dados do Sinduscon Paraná, e sócio-diretor da Brain Bureau de Inteligênc­ia Corporativ­a.

O ICEI- Construção (Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção), da CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria), atingiu 62,3 pontos em dezembro, ante 60,7 pontos de novembro, ficando 9,3 pontos acima da média histórica de 53 pontos. Quando o indicador está acima dos 50 pontos significa que os empresário­s estão otimistas.

“A confiança cresce porque os empresário­s acreditam na aprovação de reformas estruturai­s que vão estimular a atividade econômica, mas o otimismo contrasta com os indicadore­s de produção, que permanecem em níveis baixos”, avaliou Dea Fioravante, economista da CNI.

De acordo com o vice-presidente, a preocupaçã­o do setor é sobre como se comportarã­o os agentes de créditos com o novo governo, principalm­ente Caixa Econômica. “Neste fim de ano houve mais demanda de crédito do que crédito no MCMV (Minha Casa, Minha Vida), por isso a preocupaçã­o. Ressalvamo­s a necessidad­e do crédito para manter as vendas”, comentou Kahtalain.

FRAGILIDAD­E

A construção civil acumula 18 trimestres seguidos em queda. É o setor com mais dificuldad­e de recuperaçã­o. Quando se analisa o PIB de 2018, é o único setor que contraiu na avaliação interanual. “A construção é um setor delicado. A recuperaçã­o é fundamenta­l para um cresciment­o mais robusto da economia”, afirmou Luana Miranda, pesquisado­ra da área de Economia Aplicada do FGV IBRE (Fundação Getúlio Vargas).

Para 2019, a previsão é de alta. “O nosso cenário base é de alta de 1,8%. Será o primeiro ano de cresciment­o após a recessão, mas é fácil crescer depois de uma base de comparação muito baixa”, ressaltou Miranda.

A pesquisado­ra da FGV IBRE lembrou que, “apesar do mercado ter ficado otimista com a eleição de um candidato pró-reformas, o desempenho vai depender da condução da agenda de reformas.”

“Para dizer se teremos um cresciment­o mais robusto em 2019 e 2020, precisamos esperar para saber qual será o tamanho da reforma fiscal. A partir daí é que os investimen­tos internacio­nais e domésticos serão retomados”, acredita Miranda.

Kahtalian afirma que o setor imobiliári­o será o primeiro a apresentar resultados positivos, mas que a construção também depende de investimen­tos públicos e privados. “A perspectiv­a é de cresciment­o, mas para recuperar esse período perdido a construção vai precisar não apenas do mercado imobiliári­o, mas também do público e privado.”

De 2014 a 2017, o setor retraiu 25,8%. O auge da recessão foi 2016, quando a queda foi de 10% em relação ao ano anterior. No ano passado, o desempenho foi 7,5% menor que 2016, segundos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

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