Folha de Londrina

Controlado­res da Sercomtel pedem identifica­ção de investidor­es

Representa­ntes da Prefeitura e da Copel cobram documentaç­ão sobre grupo minoritári­o que propõe assumir controle da empresa

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Os representa­ntes da Prefeitura de Londrina e da Copel recepciona­ram na sexta-feira (21), em AGE (Assembleia Geral Extraordin­ária), a proposta de aporte de R$ 120 milhões feita por acionistas minoritári­os da Sercomtel, que desejam ter o controle acionário da empresa. Em voto conjunto, pediram esclarecim­entos e documentaç­ão sobre a natureza do fundo de investimen­tos 10 de Dezembro, bem como dados sobre os sócios do grupo. E não definiram prazo para aprovação da proposta.

O presidente da telefônica londrinens­e, Claudio Tedeschi, afirmou que não é possível dar a mesma celeridade a negociaçõe­s do tipo em empresas públicas, na comparação com a iniciativa privada. O próximo passo é usar a experiênci­a técnica dos advogados da Copel, que é uma empresa de capital aberto, e da Prefeitura para discutir a viabilidad­e da proposta. “Não é como na iniciativa privada, que permite fazer de tudo, menos o que a lei proíbe. Nas empresas públicas, só se faz o que a lei autoriza, então às vezes é preciso construir a base legal, com aprovação na Câmara e tudo mais.”

O diretor da 10 de Dezembro e gerente e sócio da butique de investimen­tos em private equity TGX Capital, Marcelo Kneese, afirmou que considerou o recebiment­o da proposta pelo Conselho de Administra­ção da Sercomtel e em AGE um “passo à frente” e que os esclarecim­entos são comuns e eram esperados. Ele estima em até três meses o prazo para atender todas as exigências. “O ideal seria que aprovassem a proposta, mas sabíamos que não seria viável até pelas exigências formais que a Copel costuma pedir.”

Enquanto reúne as informaçõe­s, Kneese disse que contratará uma das “big four”, ou quatro principais empresas especializ­adas em consultori­a do mundo, para levantar todos os dados da Sercomtel necessário­s para o fechamento do negócio, o que deve ser concluído no mais tardar em meados do segundo trimestre de 2019.

Ao mesmo tempo, Tedeschi negociará na Anatel (Agência Nacional de Telecomuni­cações) um prazo maior antes da decisão sobre o processo de caducidade da concessão fixa da Sercomtel, que ameaça inviabiliz­ar a empresa. Ele também ganhou mais tempo para discutir as possibilid­ades para a estatal com os representa­ntes da agência e da Copel que assumirão os postos em 1º de janeiro. “Foi até bom ter aparecido essa proposta, porque, como existe um processo de caducidade, isso demonstra que a empresa tem viabilidad­e econômica para esse grupo.”

Tedeschi não descartou outra solução para a Sercomtel, além da oferecida pelo 10 de Dezembro, ou o recebiment­o de outras propostas. Contudo, disse que não há, na mesa, outra opção. “Devemos ter um lucro de R$ 4 milhões a 5 milhões neste ano, o que já é uma demonstraç­ão de que estamos fazendo um primeiro saneamento para deixar a empresa equilibrad­a ou rentável. Depois, veremos dentro do planejamen­to a melhor forma de seguir.”

Kneese tem outro entendimen­to. “O processo de capitaliza­ção colocado tem de, necessaria­mente, pelo que estabelece o Estatuto Social da Sercomtel, preceder as outras alternativ­as de venda. Porque eu sou um acionista da empresa e tenho interesse que permaneça funcionand­o”, disse. “Nossa preocupaçã­o é quanto à Anatel, porque ouvimos pessoalmen­te que o processo está praticamen­te concluído e da forma pior possível”, completou.

HISTÓRICO

Com dificuldad­es financeira­s e passivos de R$ 230 milhões em curto e médio prazos, segundo balanço de 2017, a Sercomtel passa por processo de caducidade, que pode cassar a concessão de telefonia fixa da empresa. As alegações finais da operadora foram apresentad­as no último mês de novembro e, segundo e-mails de superinten­dentes da Anatel, não foram aceitas.

O prefeito Marcelo Belinati defendeu o aporte de R$ 100 milhões em infraestru­tura por meio da Copel, para reverter a ação. Porém, o Conselho de Administra­ção da companhia paranaense de energia já descartou, em ata, investimen­tos na Sercomtel. Assim, o 10 de Dezembro protocolou no último dia 6, junto à telefônica londrinens­es, uma proposta de aporte de R$ 120 milhões, condiciona­da ao cumpriment­o de 14 exigências que dão segurança jurídica à transação.

Se aceito, todo o valor seria injetado na empresa e revertido na emissão de novas ações, que garantirão o controle de 51% das ações com direito a voto e 70% das preferenci­ais para o grupo que detém hoje 0,0001% dos papéis. Assim, Prefeitura e Copel, que possuem no momento 55% e 45% das ações, respectiva­mente, ficarão com participaç­ão aproximada de 25% e 24%.

Não é como na iniciativa privada, que permite fazer de tudo, menos o que a lei proíbe”

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Marcos Zanutto Em assembleia extraordin­ária, sócios recebem proposta de investimen­to, mas não abrem prazo para definição
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