Folha de Londrina

Morre a vice-cônsul da Itália em Londrina, Maria Grazia Veronesi

- Isabela Fleischman­n e Rafael Machado Reportagem Local

Morreu nesta quintafeir­a (20), às 17h45, em Londrina, a vicecônsul da Itália, Maria Grazia Veronesi, com 81 anos. Ela passou por uma cirurgia e teve complicaçõ­es devido à idade. Nascida na Itália, em Castelfran­co Emília Romagna, na província de Módena, ela veio para o Brasil com seus pais, Walter Bolelli e Inês Ferrari, em 1952. “Eles vieram diretament­e para Londrina”, contou o filho do meio, Bruno Veronesi, 58. Seu falecido esposo, Rômulo Veronesi, também era de Castelfran­co Emília Romagna, e veio para a cidade um ano antes da vice-cônsul.

“Em 1954 ela começou a trabalhar como secretária do cônsul de carreira de Londrina. Trabalhou como secretária até casar”, lembrou Bruno. Os pioneiros de Londrina, Maria Grazia e Rômulo, casaram-se, e, em 1969, ele assumiu o cargo de vice-cônsul honorário da cidade.

Nos anos 90, Maria começou a desenvolve­r trabalhos como artista plástica. Fazia quadros e esculturas. Em 98, quando Rômulo faleceu, ela parou de atuar. Trabalhou no consulado ajudando o marido até 1998 e depois assumiu o vice-consulado da Itália no Norte do Paraná, até completar 70 anos, em 2007.

A presidente do I Bravissimi, Hylea Ferraz, lamentou a morte da pioneira. “Ela e o marido eram nossos apoiadores permanente­s nos eventos da cultura italiana. A senhora Grazia nos deu suporte ajudando a trazer pessoas, patrocinan­do praticamen­te quase todos e fornecendo toda ajuda. A família Veronesi sempre contribuiu muito para esta causa.”

O fundador da FOLHA, João Milanez, mantinha próxima relação com a família Veronesi. Bruno recordou que Maria Grazia e Rômulo eram amigos de Milanez, e que jogavam bridge todo fim de semana. “Eram amigos desde que chegaram em Londrina”, relatou. O pioneiro Arturo Veronesi, avô de Bruno, construiu o local onde até hoje fica a sede da FOLHA. À época, Londrina era uma cidade pequena e a convivênci­a entre as famílias era mais fácil, conforme alegou Veronesi. A cidade tinha 15 mil habitantes quando os italianos chegaram. “Eles trabalhara­m muito, produziram muito”, disse.

NONNA DE TODOS

“Ela era uma excelente cozinheira. A típica nonna italiana que todo fim de semana fazia almoço na casa dela, convidava todos os netos, filhos e namorados dos netos. Recebia todo mundo muito bem”, recordou Bruno, que é sócio proprietár­io do Hotel Crystal, no centro de Londrina.

Maria Grazia mantinha a tradição culinária da região de Módena. “No próprio Hotel Crystal a culinária é baseada até hoje nas massas que ela desenvolve­u, que ela absorveu da mãe dela, que também era uma excelente cozinheira”, disse.

Para Veronesi, esse foi um dos grandes méritos da mãe, trazer e manter a genuína cozinha italiana para Londrina.

Maria Grazia teve quatro filhos: Antonella, que já faleceu, Daniela, 59, Bruno e a caçula Cristiana, 45. Deixa oito netos, mas era a “nonna de muitos londrinens­es, que a chamavam assim”, contou Bruno.

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Marco Zanutto/22-10-2008 Maria Grazia mantinha a tradição culinária da região de Módena, na Itália; no hotel da família a culinária é baseada nas massas que ela desenvolve­u

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