Alem da Maldade
Aos 64 anos, atriz de “O Sétimo Guardião” fala de intolerância, envelhecimento e revela que ainda se sente insegura
Elizabeth Savalla é Mirtes, líder das beatas em “O Sétimo Guardião” (Globo). Defensora da moral e dos bons costumes de Serro Azul, ela adora infernizar a vida da nora, Stella (Vanessa Giácomo), do ex-genro João Inácio (Paulo Vilhena), de Ondina (Ana Beatriz Nogueira) e de qualquer pessoa que vá contra as suas crenças. Para sua intérprete, a personagem chega a ser engraçada de tão má que é.
Na entrevista a seguir, a atriz de 64 anos fala sobre os embates de Mirtes e sua intolerância religiosa em ‘O Sétimo Guardião’, além da relação da beata com a nora. Elizabeth também comenta como encara o envelhecimento e se tem vontade de mergulhar numa fonte da juventude como a que existe na novela.
A Mirtes ainda terá muitos embates em ‘O Sétimo Guardião’?
Mirtes é a guardiã da decência e da moral de Serro Azul. Ela vai ter embates com a cidade inteira, vai brigar com todo mundo ou tentar impor o que pensa. Ela se acha mais que o padre! Só está abaixo de Deus. Ou no mesmo nível
A nora Stella sofre muito com ela...
Por enquanto, a nora é a maior vítima dela. Mas todas as pessoas que forem contra ela serão vítimas. Mirtes culpa muito a Stella por não ter filhos, mas também por tudo. Culpa só pelo fato dela existir. O problema da Stella é que ela nasceu.
Mirtes é uma beata, vive na igreja, mas tem intolerância religiosa. Como você vê isso?
Mirtes só anda na sua própria cartilha, faz o que acha que está certo e julga todo mundo pelo prisma dela. É uma personagem bastante complexa. Chega a ser cômica de tão horrorosa que é. Por sorte, tenho um elenco maravilhoso, uma equipe fantástica. Quando você tem isso e está trabalhando com gente que gosta, já é meio caminho andado. Aí, os conflitos são engraçados, porque posso fazer o que eu quiser. A Vanessa (Giácomo) e eu, por exemplo, a gente se ama de paixão, é como se fosse uma filha mesmo. Então, nada de ruim acontecerá conosco. Mas as personagens querem se matar.
A novela tem essa fonte da juventude. Como você lida com o passar dos anos?
É difícil, né? Você se vê no vídeo e, meu Deus! Eu nem olho! Tenho 64 anos de idade, comecei com 20 na Globo, fazendo ‘Gabriela’ (1975). Aí, você olha depois e, que loucura! A única forma de ser jovem eternamente é morrer assim. Então, como não tem outra opção, vamos lá. Enfim, a velhice faz parte.
Se existisse essa fonte na vida real, você mergulharia nela?
Não mergulharia. Acho que é legal por uma questão de saúde. Porém, acredito que a maturidade nos dá coisas. Primeiro, mais calma, tranquilidade. Não que a gente não fique nervosa, pois sempre acho que nesse trabalho vão descobrir que eu não tenho talento nenhum. Cada personagem novo é um mergulho no escuro, você pode acertar ou não.
É uma personagem bastante complexa. Chega a ser cômica de tão horrorosa que é”