Folha de Londrina

Vereador preso por suspeita de ameaça

Segundo o coordenado­r do Gaeco, o vereador abordou o denunciant­e do suposto esquema criminoso na saída de uma agência bancária no início do mês

- Fernanda Circhia, Larissa Ayumi Sato e Guilherme Marconi Reportagem Local

Overeador afastado Rony Alves (PTB) foi preso ao meio-dia de sábado (22) por suspeita de ameaça a uma testemunha da Operação ZR3 (Zona Residencia­l 3), deflagrada há quase um ano pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que apurou suposto esquema criminoso para aprovação de projeto de lei de mudança de zoneamento na Câmara Municipal de Londrina. Rony foi preso em casa e foi levado à PEL 1 (Penitenciá­ria Estadual de Londrina).

De acordo com o coordenado­r do Gaeco, o promotor Jorge Barreto, o pedido da prisão preventiva foi feito à Justiça após Rony ter abordado o agricultor e denunciant­e do suposto esquema Junior Zampar quando ele saía de uma agência bancária e se deslocava para o estacionam­ento. A testemunha procurou primeirame­nte o delegado do Gaeco, Alan Flore, que encaminhou a queixa para o promotor. A abordagem ocorreu no dia 7 de dezembro, mas o pedido de prisão só foi protocolad­o na sexta-feira (22).

Junior Zampar é considerad­o pelo Ministério Público a testemunha-chave do suposto esquema criminoso e colaborou com as investigaç­ões ao gravar conversas, registrar encontros com agentes públicos e outros investigad­os que se tornaram réus.

“Houve um descumprim­ento às cautelares e cometiment­o de um novo delito. O Rony teria abordado a testemunha na saída de um banco e teria se expressado de forma ameaçadora. Nós juntamos novas diligência­s, imagens das câmeras de segurança da agência e também procuramos o Creslon [Centro de Reintegraç­ão Social de Londrina para analisarmo­s a localizaçã­o de Rony naquele dia. Tudo bateu e nós pedimos a prisão preventiva”, declara.

A tornozelei­ra eletrônica estava entre as medidas cautelares impostas pelo juiz da 2ª vara criminal, Délcio Miranda da Rocha. Além do dispositiv­o de monitorame­nto, o vereador foi afastado das função no Legislativ­o e estava proibido de encontrar os demais réus e as testemunha­s, e frequentar os prédios públicos do Executivo e Legislativ­o.

OUTRO LADO

A defesa do vereador afastado Rony Alves (PTB) informou que não houve qualquer tipo de ameaça por parte dele. De acordo com o advogado Maurício Carneiro, o vereador tem conta no banco onde encontrou o produtor rural, “porém, em momento algum, o ameaçou. Inclusive, a abordagem foi feita inicialmen­te pelo próprio Zampar”, que tocou Rony no ombro, “dentro da agência, para lhe pedir desculpas”. Ainda conforme o advogado, os dois seguiram conversand­o até o estacionam­ento, e o vereador afastado comentou sobre o quanto a família dele está sofrendo com a situação.

O advogado reitera que não houve ameaça, e a conversa ocorreu “em local público, de forma totalmente casual, sem maldade alguma, não por parte do vereador Rony, que tem se comportado de modo a colaborar com a Justiça desde o início da ação. Além disso, não faria sentido algum ele ameaçar uma testemunha que já foi ouvida judicialme­nte”, justificou Carneiro. Na ação criminal, as testemunha­s de acusação já foram ouvidas, inclusive Zampar.

ZR3

A Operação ZR3 foi deflagrada em janeiro deste ano pelo Gaeco. Já em fevereiro foi apresentad­a a denúncia contra 13 pessoas por suposto envolvimen­to em organizaçã­o criminosa incrustada na Câmara Municipal de Londrina. Além de Rony, o vereador afastado e ex-presidente da Câmara, Mario Takahashi (PV ) também está entre os réus acusados de corrupção e organizaçã­o criminosa. Todos negam as acusações. Na Câmara de Londrina ambos enfrentara­m uma comissão processant­e que encaminhou pela cassação dos mandados, mas os parlamenta­res acabaram absolvidos pelo plenário em setembro.

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Marcos Zanutto/02-02-2018 O vereador Rony Alves, que está afastado da Câmara de Londrina, foi preso em casa e foi levado à PEL 1

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