PELO MUNDO
No Natal de 1818, na pequena cidade de Oberndorf, na Áustria, a melodia criada por Franz Xaver Gruber foi cantada pela primeira vez
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São Paulo - “Noite feliz” (sol-lá-solmi), duas vezes; “o Senhor (ré-ré-si), Deus de amor” (dó-dó-sol); “pobrezinho, nasceu em Belém” (lá-lá-dó-si-lásol-lá-sol-mi); “eis, na lapa, Jesus, nosso bem” (repetindo a melodia anterior); “Dorme em paz, ó Jesus!” (ré-ré-fá-rési-dó-mi); “Dorme em paz, ó Jesus!” (dó-sol-mi-sol-fá-ré-dó).
Com oito pequenas frases sonoras e letra traduzida para um número indefinido de idiomas - as fontes são disparatadas -, a canção “Noite Feliz” completa exatos 200 anos na noite desta segunda (24).
No Natal de 1818, na pequena cidade de Oberndorf, na Áustria - perto de Salzburgo, onde Mozart havia nascido 62 anos antes - , a melodia criada por Franz Xaver Gruber foi cantada pela primeira vez, na igreja de São Nicolau. Como o órgão do templo não estava em boas condições, o coro foi acompanhado apenas por um violão. O padre Joseph Mohr havia escrito o texto, que no original alemão começa com “stille nacht, heillige nacht” (noite silenciosa, noite santa). De suas seis estrofes completas, apenas as três primeiras resistiram ao tempo.
A conhecida adaptação para o português foi realizada em 1912 pelo frei franciscano Pedro Sinzig, músico, escritor e jornalista austríaco naturalizado brasileiro.
Com “silent night, holy night”, a versão em inglês mantém - ao menos nos versos iniciais - o sentido do original, mas isso não é regra: se em português a noite é “feliz”, em francês ela é doce (“douce nuit”) e, em espanhol, “de paz” (“noche de paz”).
A gravação do cantor e ator americano Bing Crosby, de 1935, vendeu 30 milhões de cópias, o que a mantém como terceiro single mais vendido da história.
A interpretação arrastada e solene de Crosby se tornou o principal modelo das gerações seguintes, mas há quem busque outras vias, como o compositor russo Alfred Schnittke (1934-1998) em seu irônico arranjo para violino e piano.
Uma primeira característica da melodia de Gruber é o salto para o agudo da terceira frase (do “-liz”, de “feliz”, para o “o”, de “o Senhor”); uma outra é o fato de o final do verso “pobrezinho, nasceu em Belém” ter exatamente as notas iniciais de “noite feliz” (sol-lásol-mi). O mesmo salto agudo ocorre uma segunda vez, de “bem” (em “Jesus, nosso bem”) para “dorme” (de “dorme em paz, ó Jesus!”), momento em que a melodia atinge o seu ponto agudo culminante, exatamente na palavra “paz”.
Gruber trabalhava como professor primário em Arnsdorf, a poucos quilômetros da igreja do padre Mohr. Sua melodia tem afirmação, repetição, variação, contraste, ponto culminante e conclusão, tudo em 12 compassos; o jogo de simetrias não é linear. Ele talvez tenha pensado em compor algo simples, que pudesse ser cantado por seus alunos. Passados 200 anos, a classe do professor tem o tamanho de uma civilização.
A conhecida adaptação para o português foi realizada em 1912 pelo frei franciscano Pedro Sinzig