Folha de Londrina

Peço licença para falar de Deus

- por Paulo Briguet

Há alguns anos, fui convidado para publicar minhas crônicas em um veículo de comunicaçã­o. Já estava tudo certo, quando o diretor do veículo fez uma pequena observação: “Se possível, evite mencionar o nome de Deus”. Imediatame­nte recusei o trabalho. Sem falar de Deus, eu não sou nada. Fico feliz que os meus sete leitores aceitem esse meu “defeito”: acabo de receber a notícia de que a Avenida Paraná foi a coluna mais lida na Folha de Londrina durante o ano de 2018. Juntamente com o livrinho “Meditações para o Advento e para o Natal”, de S. Tomás de Aquino, essa notícia foi o melhor presente que eu poderia receber agora. Da pequena e luminosa obra, selecionei algumas reflexões do Doutor Angélico e de outros santos da Igreja sobre o nascimento de Jesus:

“Achamos no Menino a soberana amabilidad­e, porque é mais formoso que os filhos dos homens, e mais ainda que as milícias angélicas. Esta amabilidad­e é resultado da união da divindade com a humanidade. Por isto diz São Bernardo: ‘É um espetáculo cheio de suavidade contemplar o homem criador do homem’.” (S. Tomás de Aquino)

“Depois do parto da penitência, a alma penitente deve envolver-se com os panos da caridade contra a torpeza do pecado, que consiste na desordem interior da alma; deve reclinar-se pelo amor da humildade contra a soberba, que é uma aversão; e colocar-se no presépio da aspereza com uma penitência proporcion­ada contra o deleite do pecado, que é uma inclinação ao mal.” (S. Tomás de Aquino)

“A caridade cobre todas as faltas (Pr 10, 12). Porém, devemos nos envolver com esse pano por todas as partes: primeiro, a fim de amar a Deus que está sobre nós; em segundo, a nós mesmos; depois, ao que está junto de nós, quer dizer, o nosso próximo; em quarto lugar, ao que está debaixo de nós, quer dizer, a nosso corpo.” (S. Tomás de Aquino)

“Oh dia dulcíssimo do nascimento, no qual mesmo os infiéis se movem à compunção, e o ímpio se sente comovido pela misericórd­ia, o arrependid­o espera o perdão, o cativo não desespera da liberdade, e o ferido espera o remédio. Neste dia nasce o Cordeiro que tira os pecados do mundo; em seu nascimento goza mais docemente o que tem a consciênci­a tranquila, e teme mais profundame­nte o que a tem em mau estado; o que é bom pede mais amorosamen­te; o pecador suplica devotissim­amente; doce dia e verdadeira­mente doce para os penitentes, dia que traz consigo o perdão. Prometo-vos, filhos, e estou seguro de que, se alguém se arrepende de coração neste dia, e não volta outra vez ao vômito do pecado, se lhe dará tudo o que pedir.” (Santo Agostinho)

“A debilidade é tomada pela fortaleza, a humildade pela majestade, a mortalidad­e pela eternidade, a fim de que, qual convinha à nossa salvação, um só e mesmo mediador entre Deus e os homens pudesse morrer por uma parte e ressuscita­r por outra; porque, se não fosse verdadeiro Deus, não traria o remédio; se não fosse verdadeiro homem, não daria o exemplo.” (S. Leão Magno)

Feliz Natal!

Avenida Paranáfoia­coluna da Folha mais lida em 2018. Felizmente, os leitores gostam que eu fale sobre a minha fé!

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