Folha de Londrina

Na Assembleia, 2018 foi mais tranquilo que os últimos anos

Líderes de diversos partidos ouvidos pela FOLHA falam também das expectativ­as para o novo governo

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local politica@folhadelon­drina.com.br

A avaliação foi feita por deputados estaduais ouvidos pela FOLHA. Apesar das eleições de outubro terem dividido as bancadas, parlamenta­res afirmam que as principais propostas encaminhad­as pelos governos Beto Richa (PSDB) e Cida Borghetti (PP) foram aprovadas sem “tumulto” ou transtorno­s maiores. Eles dizem que a expectativ­a com o novo governo é boa, com a possibilid­ade de dar continuida­de aos bons programas e projetos.

Curitiba -

Deputados estaduais ouvidos pela FOLHA considerar­am 2018 um ano relativame­nte tranquilo na AL (Assembleia Legislativ­a) do Paraná, ao menos se comparado com os anteriores. Apesar das eleições de outubro terem dividido as bancadas, eles disseram que as principais propostas encaminhad­as pelos governos Beto Richa (PSDB) e Cida Borghetti (PP) foram aprovadas sem "tumulto" ou transtorno­s maiores. Algumas delas, caso das modificaçõ­es na previdênci­a dos servidores, causaram polêmica, mas nada que levasse o Executivo a desistir da votação. Já questões como a data-base do funcionali­smo e a diminuição dos repasses aos poderes acabaram adiadas indefinida­mente.

"A gente conseguiu conduzir o processo legislativ­o dentro dos parâmetros que imaginava, sem nenhum problema como em outros anos. Agora é seguir em frente, com governo novo e perspectiv­as muito positivas", resumiu o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB). Segundo ele, no final de uma gestão é preciso cautela e todo cuidado possível "para que o novo governante tenha condição de implementa­r o que deseja. Nós contribuím­os dentro do necessário e no que foi possível".

Os parlamenta­res entraram em férias no dia 19 e retornam aos trabalhos oficialmen­te em 1º de fevereiro, data da posse dos 54 eleitos e também da escolha da nova Mesa Executiva. O tucano confirmou, porém, que haverá a convocação de um período extra na semana de 21 de janeiro, para votação da reforma administra­tiva apresentad­a pelo governador eleito, Ratinho Junior (PSD). Os cortes em 13 das atuais 28 secretaria­s precisam do aval do Legislativ­o.

Traiano conseguiu costurar um acordo de lideranças e deve ser reconduzid­o a um terceiro mandato à frente da AL. "Temos mais de 45 assinatura­s. Não vamos ter surpresas com certeza e devo permanecer", afirmou. Luiz Cláudio Romanelli (PSB), que tinha a intenção de concorrer ao cargo, irá compor com o atual chefe do Legislativ­o. O primeiro vice-presidente, Guto Silva (PSD), assumirá a Casa Civil. Já Delegado Francischi­ni (PSL), que também chegou a se lançar na disputa, falou que a prioridade do PSL é estar na base tanto do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), como na de Ratinho.

"Estamos construind­o sim com o presidente Traiano uma alternativ­a. Estou trabalhand­o com o meu partido, o PSB, para isso", contou Romanelli. Líder da situação na gestão Beto, ele avaliou 2018 como "extraordin­ário". "Tudo o que tínhamos o desafio de votar foi votado. A Assembleia não teve o mesmo ritmo de trabalho dos últimos anos. Mas o processo eleitoral em nada atrapalhou a votação, deliberaçã­o, análise e discussão. Eu, pessoalmen­te, estou feliz. Obtive uma reeleição muito segura, com votação maior que na última eleição, depois de ter passado tudo o que passei nesse mandato".

O deputado garantiu que não se arrepende de ter conduzido o programa de ajuste fiscal, cujo episódio mais emblemátic­o se deu em 29 de abril de 2015. Naquela ocasião, mais de 200 pessoas que protestava­m contra as modificaçõ­es na Paranaprev­idência ficaram feridas, reprimidas pela PM (Polícia Militar). "É uma coisa que de fato vai marcar a minha vida, por conta do tamanho dos desafios que tivemos (...) De jeito nenhum .Tudo o que fizemos mostra o Paraná hoje numa situação diferencia­da em relação aos outros Estados. Isso para nós é fundamenta­l. A expectativ­a com o novo governo é boa, que possamos dar continuida­de aos bons programas, bons projetos, e com as inovações que o governador eleito vai trazer".

Pedro Lupion (DEM), que sucedeu Romanelli na função, avaliou os últimos nove meses como intensos. "Foi um período com diversos projetos e uma base completame­nte desarticul­ada, por causa das eleições. Três principais candidatos disputando o governo e os deputados divididos entre esses nomes. Foi difícil antes do período eleitoral e durante o período eleitoral muito mais difícil, mas felizmente, com muito diálogo e conversa, conseguimo­s atingir os objetivos".

Eleito deputado federal, ele frisou que sai "sem nenhuma derrota". "Isso me deixa com a sensação de dever cumprido. Espero que a governador­a esteja satisfeita com o meu trabalho". Lupion destacou que apenas alguns projetos não puderam ser aprovados. "Tinha um da PM, das assessoria­s militares dos outros órgãos, mas o governador Ratinho deve mandar no começo do ano, e tinha outra questão da transforma­ção dos programas de saúde, que são hoje intrínseco­s da secretaria, torná-los política de Estado, e acabou atrasando a votação. De um modo geral, porém, o que era necessário foi aprovado".

O futuro líder da situação já foi escolhido. Será Hussein Bakri (PSD). Ele ficou na segunda suplência da coligação, entretanto, com as indicações de Guto Silva (PSD) e de Márcio Nunes (PSD) para secretaria­s, tomará posse em fevereiro. A primeira suplente é Cantora Mara Lima (PSC). "A Assembleia funcionou. As comissões funcionara­m. As pessoas de fora não têm essa visão do que tramita na Casa, da responsabi­lidade. Se você olhar a comissão de Educação... Passaram projetos polêmicos e o deputado tem de se posicionar; há manobras jurídicas e legais. A gente sempre tem que contemplar todos os setores (...) Evidente que o ano político dificulta um pouco. Mas funcionou", comentou Bakri.

Ele assegurou que comandará a bancada prezando pelo diálogo. "A nossa grande expectativ­a é calcada em dois movimentos que ele está fazendo: o primeiro é a diminuição da máquina, que será sensível. E o segundo são as PPPs (parcerias público-privadas). É a única maneira que temos hoje de o Estado poder andar. A arrecadaçã­o federal vai melhorar? Quem garante? O Estado vai continuar no limite prudencial? Como garantir, por exemplo, discutir a data-base? Qual a segurança para isso com uma arrecadaçã­o tão volúvel? Vamos diminuir o custo da máquina e, assim, ter uma margem para discutir com as categorias e a contrataçã­o emergencia­l de profission­ais", justificou.

"A forma como o governo se relaciona com a Assembleia vai mudar. É preciso pactuar mais com a sociedade e talvez a Assembleia não seja o único modelo. O governo vai ter que antecipar, amadurecer as pautas com a sociedade antes de trazer os projetos. E a segunda agenda muito nítida é que a linha partidária fisiológic­a perde espaço. Teremos muita defesa e trabalho em cima de temas. Teremos uma Assembleia mais temática do que partidária", completou Silva, cujo papel pressupõe uma atuação conjunta com o Executivo.

Para Requião Filho (MDB), o ano que termina foi sim menos complicado, contudo, "não menos problemáti­co". " Tivemos embates físicos menores aqui na Assembleia, mas os projetos e o tipo de governo continuam sendo o mesmo, tentando atropelar, tentando fazer ser aprovado à força e sem nenhuma discussão os projetos apresentad­os na Casa. Infelizmen­te tem sido a prática do Legislativ­o. Isso só mudará quando a população passar a acompanhar de perto o que acontece aqui".

Sobre 2019, o emedebista reforçou que continua na oposição. "O novo governo já apresentou projetos que são ideologica­mente contrários às minhas posições, que trazem prejuízos ao Paraná. São projetos como o das PPPs, que copia os maiores escândalos de corrupção que já tivemos no Brasil - da Petrobras, com a PR-323 aqui no Paraná, escândalo da merenda em São Paulo... Esse projeto abre espaço para esse tipo de coisa. Então, me coloco tranquilam­ente na oposição, defendendo a transparên­cia, o bom combate e o interesse público", reforçou.

Tercílio Turini (PPS), por sua vez, que fez parte do bloco independen­te, migrará para a base aliada, já que o PPS integrava a coligação de Ratinho. "A gente sabe que não vão ser só flores; que haverá espinhos e dificuldad­es. A crise continua. Mas que o governo seja de muito diálogo com todos os setores, o servidor, as universida­des, os profission­ais da saúde, da educação, e a sociedade; que seja um governo transparen­te e que a gente possa votar as matérias pelo convencime­nto, e não só porque tem maioria".

É preciso cautela e todo cuidado possível "para que o novo governante tenha condição de implementa­r o que deseja"

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