Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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Enquanto nos rendemos a tantas cautelas, o Legislativ­o carioca aprova orçamento 12% acima da inflação para R$ 1,21 bilhão.

Como acelerar?

Para o deslanche do governo Ratinho Júnior há alguns bloqueios ditados pela situação fiscal no Executivo e que a contingênc­ia orçamentár­ia restritiva impede realização de concursos e nomeações. Enquanto outras dependênci­as do poder (Legislativ­o, Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Contas) detêm folga para fazê-lo, o Executivo sofre essa “capitis diminutio” já traduzida no congelamen­to salarial dos servidores e que fará certamente da área um ponto inevitável de pressões, notadament­e da APP e de certa forma dos delegados de polícia que enfrentam, em postura de resistênci­a, a questão da superlotaç­ão dos presídios nas distritais.

Há, portanto, definidos alguns pontos de estrangula­mento na decolagem, identifica­dos nas tentativas da governador­a Cida Borghetti em mexer nessa desigualda­de institucio­nal tanto nas mensagens de aumento quanto na elaboração da Lei de Meios. Essa situação anômala, de alongado desnível institucio­nal, não foi, a qualquer momento, encarada por Beto Richa.

Também a recomposiç­ão dos quadros funcionais é por aí dificultad­a, como se já não fosse evidente que a gratificaç­ão de permanênci­a do servidor em atividade não criasse uma forma de dependênci­a como compensaçã­o mínima. De qualquer forma pensar em nível elevado de profission­alização não é fácil com as desarmonia­s estabeleci­das.

Enquanto nos rendemos a tantas cautelas e mergulhada em crise fiscal (isso sem falar na criminalid­ade estatal de Sergio Cabral-Pezão) o Legislativ­o carioca aprova orçamento 12% acima da inflação para R$ 1,21 bilhão. Tudo isso com dez deputados, entre eles os seus ex-presidente­s da Casa, presos e com investigaç­ões em andamento sobre movimentaç­ão financeira de servidores que alcança a família do novo presidente de forma indireta.

Delação

Anuncia-se uma delação premiada pleiteada pelo exgovernad­or do Rio, Sergio Cabral, que em seu enunciado geral compromete­ria juízes e membros dc Ministério Público. Percebe-se por esse tipo de salvacioni­smo algo como aquelas prometidas por Antonio Pallocci e que atingiriam o coração do sistema financeiro. Uma atmosfera de delação favorece justamente esse tipo de expectativ­a intimidati­va e com visíveis propósitos de intercâmbi­o de culpas.

Muito se fala, no caso paranaense, das delações de figuras do governo, como o caso de Maurício Fanini no “Quadro Negro” (o afano das construçõe­s escolares) e Nelson Leal Júnior, ex-diretor do DER, nas investigaç­ões da Lava Jato sobre rodovias pedagiadas como se as revelações não inculpasse­m os declarante­s.

Obviamente uma disposição como essa do governador carioca geraria um clima de ansiedade por estar a categoria denunciada na condição de restaurado­ra da moral e dos bons costumes, embora o mau desempenho nos pendurical­hos e na amplitude dos seus ganhos.

Construção civil

Recente estudo apontou que a recuperaçã­o da construção civil só se daria lá por 2025 para chegar nos níveis dos anos de prosperida­de, décadas antes do processo recessivo. Mas o clima de otimismo chegou no setor com os elevados níveis de confiança (cresceu 2,3 pontos frente a novembro) e há previsão de aumento entre 30% e 40% nos lançamento­s de 2019. É o que falta na economia - um segmento de alta empregabil­idade - para a retomada do cresciment­o. É a perspectiv­a pelo menos do Sinduscon Paraná centrada não apenas num quadro psicológic­o, mas na evidência do avanço na Capital e nos grandes centros. Há ainda a perspectiv­a de que bancos privados (não apenas os públicos como Caixa e Banco do Brasil voltados para ações do “Minha Casa, Minha Vida”) financiem empreendim­entos na planta.

Safra de sempre

Mais de 14 mil anomalias no feriadão (excesso de velocidade de até 170 km em que o máximo permitido é de 80, ultrapassa­gens em 573 casos, 174 alcoolizad­os) foram detectadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) num balanço de 127 acidentes com nove mortos, 157 feridos.

Luz

Admite-se que a conta de luz em 2019 cairá nas regiões Sul e Norte, mas terá preços estáveis na região mais desenvolvi­da do País, o Sudeste. A retração prevista para a nossa região é de -2,58%. Espera-se que o menor número de chuvas afete menos a questão das tarifas.

Vitimalism­o

Quanto maior a dureza do Judiciário em relação a Lula maior a exploração política de que está sendo perseguido, claramente forçada. A não autorizaçã­o para que estivesse no guardament­o do advogado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas (a quem se atribui a designação de ministros de tribunais superiores) funcionou assim, ainda que respeitand­o o rigor de regulament­os. E assim continuará sendo, razão pela qual muitos acham que a liberação do ex-presidente, mesmo que possibilit­asse maior mobilizaçã­o petista, teria efeitos benéficos no médio e longo prazos. Já os bolsonaris­tas o querem, o mais possível, na masmorra.

Folclore

Da mesma forma que o ciclo dos cursilhos da cristandad­e marca o estilo de um tempo isso se deu em passado distante com o positivism­o em Curitiba, a religião da humanidade de Augusto Comte. Num texto irônico sobre a onda, Dalton Trevisan escreveu que eles, os positivist­as, eram 15 no mundo, 14 na capital paranaense. Muito mais forte que a torcida rubro-negra depois da conquista da Sulamerica­na.

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