Abadiânia: 40 anos de silêncio
Nesta quarta-feira (26), o goiano João Teixeira de Faria prestou seu primeiro depoimento ao Ministério Público, desde que foi preso em 16 de dezembro. Sobre ele, pesam centenas de denúncias de abuso sexual. Ao menos 77 pessoas prestaram depoimento à força-tarefa que inclui também agentes da Polícia Civil. Aos procuradores e policiais, João de Deus, como é conhecido, negou conhecer as mulheres que o acusam. Antes da prisão, ele já havia declarado que Deus e os espíritos são responsáveis pelos atos dele já que é médium inconsciente.
Segundo o site joãodedeus.com.br, a Casa Dom Inác iode Loy ola-local onde ele prestava atendimento espiritual-foi aberta em1976,n acidade de Abadiânia( GO ). Ali, foi tratado como um santo. Ganhou admiração dentro eforado Brasil. Atendeu celebridades, presidentes da República, ministros do Supremo Tribunal Federal. Chegou areceberacéleb reapresentadora norte-americana, Oprah, que o entrevistou em Abadiânia. Mesmo exposto a tantos holofotes, João de Deus foi consagrado por 42 anos.
No site da casa, está escrito que o médium não cobra para atender, apenas pela medicação, caso receitada pela “Entidade”. Semana passada, a força-tarefa apreendeu R$ 1,6 milhão em espécie, armas, medicamentos em endereços ligados a ele. Levantamento feito pelo Jornal Folha de S. Paulo, em cartórios de Abadiânia, aponta que há 27 registros de imóveis em nome do “João curador” - patrimônio estimado em R$ 20 milhões.
Mesmo prestando “atendimento gratuito” durante todos esses anos, o médium enriqueceu aos olhos da cidade. Por que só agora essa informação veio à tona?
Em artigo publicadona semana passada, o médico Drauzio V arella disseque a“credulidade hum ananã otemn acionalidade nem respeita fronteiras ”. E imputou a João de Deus um suposto novo crime :“Amenos que tenha mediunidade suficiente para imobilizar vírus e bactérias, quantas infecções locais e transmissões de hepatite B eC, HIV e outras doenças esse curandeiro provocou impunemente?”, questionou o doutor.
Muitos pacientes eram “operados” pelo médium com bisturis e depois suturados. Eram cortes superficiais, mas que o médium garantia serem suficientes para a extração de tumores ou para tratar outras doenças. De acordo coma Casa Dom Inácio de Loyola, só são utilizados instrumentos quando apessoa“cirurgia da” pede ou então a“Entidade” autoriza.
Para “tirar pontos cirúrgicos” de pacientes nos consultórios, os médicos precisam de autorização expressa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), segundo o doutor Drauzio. Já João de Deus atuava impune usando os mesmos instrumentos - sem assepsia - em várias pessoas numa mesma sessão.
Não estamos a questionara fé e os eventos mediúnicos e paranormais. Entretanto,é preciso olhar com mais cuidado, mais responsabilidade e mais rigor para quem pratica esse tipo detratamento.