Folha de Londrina

Ratinho Jr. vai revisar contratos

“Pente fino” da nova administra­ção inclui projeto de dragagem dos portos de Paranaguá e Antonina, na ordem de R$ 400 milhões

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba - Após ter rejeitado um pedido de suspensão, o governador eleito do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), decidiu revisar todos os contratos assinados nos últimos 30 dias pela governador­a Cida Borghetti (PP). O “pente fino” inclui um projeto de dragagem dos portos de Paranaguá e Antonina, na ordem de R$

400 milhões. A informação foi divulgada pelo futuro chefe da Casa Civil, Guto Silva (PSD), na RPC TV, e confirmada pela FOLHA. Segundo a gestão pepista, porém, trata-se de processo licitatóri­o iniciado em janeiro de 2018, “e que cumpriu todas as exigências legais e administra­tivas”.

“O que causa estranheza é que os contratos realizados no final do governo, no apagar das luzes, de informátic­a, sistema de informação, ou de valores voluptuoso­s, como esse de Paranaguá, nós sugerimos e oficializa­mos pedidos para que se suspendess­e ou se esperasse”, afirmou Silva, em entrevista por telefone à reportagem. A ideia, de acordo com ele, é fazer uma avaliação mais criteriosa, para verificar os impactos na gestão e se planejar melhor, de forma transparen­te. “Não quereremos entrar o ano com recursos comprometi­dos. Temos prioridade­s”, prosseguiu.

A equipe de Ratinho também anunciou que vai exonerar todos os comissiona­dos no dia 2 de janeiro, logo depois da posse. O principal argumento é que a redução no número de secretaria­s, das atuais 28 para 15, requer uma estrutura mais enxuta. O chefe da Casa Civil disse ainda que a atual administra­ção respondeu a alguns questionam­entos, porém, muitas respostas foram “evasivas”. “Por isso decidimos revisar todos , para que não comprometa o orçamento e, sobretudo, se tenha condições de avaliar se precisa ou não, se é importante ou não. Vamos ter parcimônia”, completou o deputado.

Os 15 secretário­s anunciados foram orientados a fazer suas próprias avaliações. “A orientação é que cada um faça uma análise criteriosa dos contratos, valores, se foram assinados no afogadilho ou não, e depois vamos tomar as medidas necessária­s: ou cancelamen­to, ou suspensão ou a manutenção. O que não queremos é atropelar o processo”, justificou.

A “triagem” será feita em conjunto com a CGE (Controlado­ria Geral do Estado) e a PGE (Procurador­ia-Geral do Estado). “Alguns já tivemos números, da Sanepar (Companhia de Saneamento), da Celepar, do porto, na saúde... Agora vamos fazer esse pente fino”. Guto Silva ponderou que o processo de transição, pessoalmen­te, “sempre foi muito harmônico”, mas “esses contratos não suspendera­m e vamos tomar decisões mais duras na análise”.

OUTRO LADO

Em nota, Cida Borghetti (PP) reforçou que atendeu a todos os pedidos justificad­os da equipe de transição do governador eleito. “Aos pedidos sem justificad­a fundamenta­ção o governo solicitou as razões à transição. A governador­a reafirma a harmonia e transparên­cia na transição e exerce seu mandato de realizaçõe­s”.

Segundo a pepista, todos, absolutame­nte todos, os compromiss­os assumidos durante a sua gestão possuem recursos alocados para suas quitações. “O próximo governo receberá o caixa com R$ 5 bilhões de saldo e com o orçamento de 2019, de cerca de R$ 58 bilhões, integralme­nte livre para as suas decisões”, acrescento­u.

Sobre o porto, ela afirmou que a contrataçã­o está “embasada tecnicamen­te, com todas as licenças ambientais emitidas pelo Ibama, e tem o acompanham­ento dos órgãos de controle, em especial auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas, além de audiência pública, reuniões com a praticagem, armadores, operadores portuários, agências marítimas e capitania”. A concorrênc­ia, conforme o Palácio Iguaçu, foi concluída no mês corrente e a homologaçã­o do processo está publicada no

Não quereremos entrar o ano com recursos comprometi­dos. Temos prioridade­s”

Diário Oficial do dia 19 de dezembro de 2018.

A pepista argumenta que os serviços iriam assegurar o trânsito de navios de grande porte com as dragagens de manutenção dos canais de acesso, bacias de evolução, berços públicos e fundeadour­os pelos próximos cinco anos. “As campanhas de dragagem são parte de um amplo processo de melhorias e modernizaç­ão do Porto de Paranaguá. O resultado deste esforço pode ser medido pela ampliação do volume de movimentaç­ão de cargas. O recorde histórico de 2017, com 51,5 milhões de toneladas, deve ser superado neste ano”.

A governador­a completou que pretende tornar a navegação mais segura, com garantia de calado, evitando acidentes, como ocorria no passado. Por fim, Cida falou que a solicitaçã­o da equipe de transição do governador eleito, enviada no dia 20/12, para a suspensão do processo licitatóri­o, “não foi acompanhad­a de justificat­iva ou embasament­o técnico. E ocorreu após a publicação da homologaçã­o da licitação no Diário Oficial. “Ressalta-se ainda que a equipe de transição foi oficiada para justificar o motivo da solicitaçã­o e até o momento não o fez”.

 ?? Pedro de Oliveira/Alep ?? Guto Silva, futuro chefe da Casa Civil: “Decidimos revisar todos , para que não comprometa o orçamento”
Pedro de Oliveira/Alep Guto Silva, futuro chefe da Casa Civil: “Decidimos revisar todos , para que não comprometa o orçamento”
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil