Folha de Londrina

Economia será termômetro da gestão Ratinho Jr.

O governador eleito Ratinho Junior (PSD) será empossado na manhã da próxima terça-feira (1º), em Curitiba e, à tarde, viaja a Brasília para acompanhar a posse de Bolsonaro. Analistas ouvidos pela FOLHA apontam que o cenário econômico do País será determin

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Mais do que a conjuntura regional, o cenário econômico do País a partir de 2019 será determinan­te para o sucesso político de Ratinho Junior (PSD) à frente do Palácio Iguaçu. Essa é a avaliação de analistas políticos ouvidos pela FOLHA a respeito das perspectiv­as do mandato do deputado estadual e ex-secretário de Beto Richa no governo da quarta economia nacional.

“Se sairmos dessa crise e dessa estagnação, este governo terá condição de implantar sua agenda, principalm­ente a conexão com o mercado”, afirma o cientista político e professor da UFPR (Universida­de Federal do Paraná) Emerson Cervi. Ele ressalta que essa premissa deve valer para os demais governador­es eleitos pela agenda liberal e aos que foram vitoriosos a reboque do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O professor de ética e filosofia política da UEL (Universida­de Estadual de Londrina) Elve Cenci aponta que a própria escolha do secretaria­do de Ratinho indica um desejo de continuida­de do modelo de gestão de seu antecessor, Beto Richa, marcado no campo econômico por um polêmico ajuste fiscal promovido na metade final do mandato do ex-governador tucano.

Nomes importante­s da equipe de Ratinho Junior que compuseram a equipe de Richa são Norberto Ortigara, que foi secretário de Agricultur­a durante toda a gestão, e Reinhold Stephanes, que foi secretário de Administra­ção e irá ocupar a nova pasta da Gestão Pública com as mesmas funções da antiga. “A base de apoio tanto de Ratinho quanto da Cida Borguetti veio do governo anterior. Até a base da Assembleia Legislativ­a demonstra isso”, afirma Cenci.

Quanto ao enxugament­o de secretaria­s, de 28 para 15 pastas definas pelo novo governador, o professor não vê benefício imediato à gestão. “É mais um impacto midiático e político. Vai dar mais poder aos nomeados. Mas nem tanto eficácia administra­tiva. O acúmulo de pasta pode trazer morosidade nas decisões. Mas é claro que diminui o loteamento político para instrument­alizar a máquina.”

PODER ECONÔMICO

Para exemplific­ar a importânci­a do comportame­nto da economia na gestão de Ratinho Junior, o cientista político Emerson Cervi lembra que os principais aliados do governador eleito são da cúpula do poder econômico do Paraná. O futuro vice-governador, Darci Piana, presidiu a Fecomércio-PR, e Edson Campagnolo, da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Panará), participou ativamente da campanha eleitoral. “Seus principais interlocut­ores vêm do setor econômico, não são de movimentos sociais, minorias ou outros segmentos da sociedade”, observa.

Um desses pilares é a criação do PAR (Programa de Parcerias do Paraná), outra bandeira da nova gestão para permitir a privatizaç­ão ou terceiriza­ção de serviços públicos como os presídios. “Ratinho tem esse tema como ponto central. Se houver problema legal ou se não encontrar empresário­s interessad­os em investir, boa parte do seu programa de governo cai por água abaixo”, analisa Cervi.

O cientista político lembra que a política de PPPs (Parcerias Público Privadas) implantada pelo antecessor Beto Richa (PSDB) não teve eficácia, devido à crise econômica entre 2012 e 2017. “Essas coisas ficaram no papel. Vai depender de como ele irá refazer esse projeto e como seus interlocut­ores estão dispostos a investir no governo dele. É preciso dar uma resposta à sociedade, senão o governo ficará náufrago, isso será um problema ao político Ratinho Junior, que é um político que tem uma trajetória pela frente e com certeza não pretende encerrar carreira cedo.”

PROTAGONIS­MO REGIONAL

O professor Elve Cenci destaca ainda que apesar de anúncios técnicos para a Educação e Controlado­ria, Ratinho Junior não conseguiu escapar das indicações políticas como dos deputados Ney Leprevost (Justiça, Família e Trabalho), Guto Silva (Casa Civil) e Sandro Alex (Infraestru­tura).

Cenci também critica a falta de protagonis­mo de Londrina na nova gestão, pela importânci­a regional e econômica que tem. “Não temos um único nome verdadeira­mente da cidade entre os 15 nomes definidos no primeiro escalão, repete o que aconteceu na gestão anterior. Onde é que fica a liderança de Londrina nas tomadas de decisões para o Estado?”, questiona.

Outro ponto que deve prevalecer, segundo o professor da UEL, é mais uma vez o amplo apoio da Assembleia Legislativ­a. “A fidelidade dos deputados estaduais ao governador é quase que total e absoluta, isto é histórico no Paraná. Porque são poucos são independen­te ou de oposição.”

O acúmulo de pasta pode trazer morosidade nas decisões. Mas é claro que diminui o loteamento político”

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Futuro governador tem como principais aliados nomes da cúpula econômica do Estado

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