Folha de Londrina

A posse da amizade

- RICARDO LAFFRANCHI é advogado em Londrina

A República Federativa do Brasil, cujo regime democrátic­o de direito tem como assoalho econômico o sistema capitalist­a, deve manter boas relações internacio­nais com todos os países do planeta, inclusive os que funcionam no sistema socialista de governo. A China e a Rússia, por exemplo, são grandes importador­as de soja e de carne brasileira­s e, portanto, precisam ser convidadas a prestigiar a sessão de posse do nosso próximo chefe de Estado.

O artigo 4º da CF/1988, que cuida das nossas relações internacio­nais, preconiza como princípio fundamenta­l da República a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. Cuba, por sua vez, é um grande importador de arroz, de embutidos, de aves e de milho produzidos no Rio Grande do Sul. A Venezuela, que vive o caos econômico e social por conta de sucessivos governos bolivarian­os e ditatoriai­s, também é um grande consumidor de proteína produzida no Brasil.

A atitude de desconvida­r os chefes de Estado, cujas ideologias políticas são diferentes da praticada pelo Brasil, para a cerimônia de posse do próximo governo federal é, no mínimo, um desastre diplomátic­o para um país que, através das suas exportaçõe­s comerciais, tem um grande trunfo para impulsiona­r a economia, socorrer 14 milhões de desemprega­dos e vencer os grandes desafios da nossa perene desigualda­de social.

É evidente que, por sofrer sanções econômicas internacio­nais, o ditador Venezuelan­o não deve ser convidado, mas o Palácio do Itamaraty não pode olvidar que nos negócios não existem amigos, apenas clientes. “The World is business!”.

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