A posse da amizade
A República Federativa do Brasil, cujo regime democrático de direito tem como assoalho econômico o sistema capitalista, deve manter boas relações internacionais com todos os países do planeta, inclusive os que funcionam no sistema socialista de governo. A China e a Rússia, por exemplo, são grandes importadoras de soja e de carne brasileiras e, portanto, precisam ser convidadas a prestigiar a sessão de posse do nosso próximo chefe de Estado.
O artigo 4º da CF/1988, que cuida das nossas relações internacionais, preconiza como princípio fundamental da República a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. Cuba, por sua vez, é um grande importador de arroz, de embutidos, de aves e de milho produzidos no Rio Grande do Sul. A Venezuela, que vive o caos econômico e social por conta de sucessivos governos bolivarianos e ditatoriais, também é um grande consumidor de proteína produzida no Brasil.
A atitude de desconvidar os chefes de Estado, cujas ideologias políticas são diferentes da praticada pelo Brasil, para a cerimônia de posse do próximo governo federal é, no mínimo, um desastre diplomático para um país que, através das suas exportações comerciais, tem um grande trunfo para impulsionar a economia, socorrer 14 milhões de desempregados e vencer os grandes desafios da nossa perene desigualdade social.
É evidente que, por sofrer sanções econômicas internacionais, o ditador Venezuelano não deve ser convidado, mas o Palácio do Itamaraty não pode olvidar que nos negócios não existem amigos, apenas clientes. “The World is business!”.