Folha de Londrina

Ano Novo ao redor do mundo

Casal londrinens­e passou o Ano Novo ocidental em retiro no Myanmar e Ano Novo Chinês no Vietnã

- Marian Trigueiros Reportagem Local

Avirada do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro é comemorada em vários países, principalm­ente ocidentais, por ser considerad­a uma das datas que carrega maior simbolismo de recomeço, renovação das esperanças, planos e projetos. Geografica­mente, chega mais rápido às regiões localizada­s em áreas com fusos horários adiantados, como a Antártida, continente no polo sul do planeta. E, ao redor do mundo, são inúmeras as diferenças nas comemoraçõ­es, sobretudo, devido às caracterís­ticas culturais de cada lugar. No entanto, ainda, aqueles que festejam a passagem em outra data fundamenta­da em calendário­s que não o Romano/ Ociden- tal (como no Brasil), mas consideran­do o Calendário Chinês, por exemplo, que é lunissolar e com base no zodíaco chinês. Neste caso, em geral, o Ano Novo é comemorado em meados do fim de janeiro e começo de fevereiro em vários países do Oriente.

Assim foi a última celebração de Ano Novo da jornalista londrinens­e Paula Resende e do marido, também jornalista, que passaram o Ano Novo Chinês na antiga cidade de Saigon, hoje Ho Chi Minh, no Vietnã, onde adotam o calendário chinês. “É uma festa muito colorida, alegre, a cidade estava toda enfeitada com flores e alegorias fazendo referência ao Ano do Cachorro. Ficamos na rua até de madrugada com muitas pessoas celebrando, cantando karaokê em frente das casas e com muita comida e bebida”, conta. A festa começou em 16 de fevereiro de 2018 e seguiu pelos dias seguintes. “Eles costumam festejar por uma semana e muitos vão fazer suas orações e oferendas nos templos de diferentes religiões (taoistas, budistas, confucioni­stas, animistas, etc.). Para o turista de curto prazo, não é uma boa época para se viajar, pois tudo fecha. Se você se permite curtir com eles, é muito divertido”, lembra.

A passagem pela cidade vietnamita, em fevereiro, foi apenas um dos trechos que o casal conheceu durante uma viagem ao mundo que acabou recentemen­te, há pouco mais de um mês, e durou um ano e sete meses. Antes de chegar lá, vinham de um Ano Novo e Natal nada parecidos com o que acontecem no Brasil. “Essas datas são bastante cristãs e ocidentais. Não nos tocamos que, para a metade do mundo, elas não fazem o menor sentido. Passamos ambas em Myanmar, um país majoritari­amente budista que faz fronteira com China, Laos, Tailândia, Bangladesh e Índia - onde também o Natal não é celebrado”, diz. O Ano Novo, a jornalista conta que foi o dia em que chegou a um centro de meditação e iniciou um retiro de sete dias. “Fui dormir no dia 31 de dezembro às 20h30, pois teria que acordar às 4h da manhã no dia seguinte para meditar e iniciar uma série de atividades. Foi uma experiênci­a que marcou a minha vida e deixou frutos que colho até hoje.”

Antes, no Natal (cristão), Resende e o marido haviam passado a data caminhando com um grupo de turistas e dois guias locais por vilarejos e montanhas próximas a um grande lago do país, o Inle Lake. “A família birmanesa que nos hospedou no dia 24 para 25 de dezembro nem sabia que era uma data especial. Jantamos uma comida muito gostosa, cheia de vegetais e sem carne, pois são budistas, e fomos dormir cedo por conta do cansaço da caminhada.” Recém-chegados ao Brasil, os dois passaram o Natal de 2018 em Londrina com a família e seguem para a cidade de Cuiabá (MT). “Iremos a Campo Grande, cidade onde mora meu pai, amigos e familiares. É uma oportunida­de de rever mui- tas pessoas, já que ficamos tanto tempo longe. Pessoalmen­te, Ano Novo não é uma data que eu atribuo grande importânci­a. Mas gosto do clima de festa e de união, um momento de estar com quem eu gosto”, conta ela.

OUTROS PAÍSES

A viagem do casal pelo mundo começou em março de 2017 pela América Latina, passando por países como Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Panamá. De lá, passaram pelos Estados Unidos para seguir ao continente asiático, onde conheceram países como Indonésia, Malásia, Tailândia, Myanmar, Laos, Camboja, Vietnã, China, Nepal e Índia. A experiênci­a deu continuida­de na África, passando pela África do Sul, Moçambique, Zimbábue e Botsuana, e terminou na Europa, com passagem pela Inglaterra e Portugal. “Uma viagem de longa duração é motivada por diversas razões. A principal foi a vontade de desacelera­r e focar um período das nossas vidas em nosso cresciment­o pessoal e humano e repensar nossas escolhas como indivíduos e como casal. Também influencio­u o fato de estarmos concluindo um ciclo profission­al, o que abriu uma janela de oportunida­de para desapegarm­os de tudo e sair viajando”, detalha Resende.

Neste destino, que totalizou em 22 países, optaram por ficar hospedados em comunidade­s e realizar serviços voluntário­s que, no primeiro momento, segundo ela, não foram puramente altruístas. “Um dos motivos foi financeiro, pois era uma forma de trocarmos nosso trabalho por hospedagem e, muitas vezes, por alimentaçã­o também. Isso barateou considerav­elmente a viagem. Outro foi pela experiênci­a, pois é inegável que, dessa forma, a troca com as pessoas, com a natureza e a cultura local é muito mais profunda e verdadeira. Com o tempo, essa prática se tornou o grande motivo para seguirmos viajando e foram esses momentos os mais inesquecív­eis da viagem.” Prestes a recomeçare­m a vida profission­al no Brasil, a princípio em Curitiba (PR), a jornalista diz que continua a mesma de sempre, porém, um pouco mais consciente de quem é e do seu pequeno papel no mundo. “Essa reflexão não é atingida apenas viajando e não se encerrará com essa volta ao mundo.”

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Fotos: Reprodução Foto do Ano Novo em Ho Chi Minh, no Vietnã, onde o casal londrinens­e fez a passagem de 2017 para 2018: muitas cores e alegria nas ruas
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O dragão: animal mítico sempre lembrado no Ano Novo oriental
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Caminhada em Myanmar, onde o Natal cristão não é celebrado porque a população é majoritari­amente budista
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