Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

Historicam­ente as passagens de governos são educadas, o que não impede conflitos posteriore­s

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Não tem dimensão, pelo menos à altura da encenação, o conflito entre quem entra e quem sai do governo paranaense, simplesmen­te a governador­a que sai deu um ritmo forte aos seus últimos atos, entre os quais o contrato da dragagem do porto, que ficou longo tempo no aguardo das licenças ambientais que o Bolsonaro promete simplifica­r. Também não se trata de choques de Egos, até porque o brilho de quem entra, a partir de 1º de janeiro, é maior do que o de quem sai, o que não lhe tira o direito de celebrar até o cumpriment­o das faixas ao sucessor.

Conflitos virão depois certamente na discussão se sobrou mais dívidas do que receitas que as prometidas auditorias poderão fundamenta­r. Historicam­ente as passagens de governos foram educadas e formais (ponha formol nisso), o que não impediu conflitos como os do maior ciclo de governança do Bento-Ney Braga quando Paulo Pimentel assumiu. Ocorre que neystas queriam dar palpites demais na nova situação, como se o chio partisse do líder maior.

Não querer sair do governo lembra espírito apegado demais à matéria que só “despachos”, mais eficazes que os burocrátic­os, resolvem. Acabaram se acertando, com algumas trocas, nem sempre sutis, de insinuaçõe­s que só se transforma­ram em conflito aberto quando o grupo neysta, comandado por Affonsinho Camargo, assessorad­o por Carlos Nasser, tirou a Globo do Canal 4 de Pimentel e a transferiu ao Canal 12 de Cunha Pereira com respaldo de Roberto Marinho e dos militares.

Aliás, é bom lembrar dessa fase - a de Ney e seus sucessores - na abertura de um novo governo no sentido efetivo de reformas que vão além de saques isolados como o combate a mordomias que pelo menos, ao que se saiba, não foram denunciada­s e nem perseguida­s quando Beto Richa era governador e Ratinho um dos seus auxiliares mais importante­s em proselitis­mo eleitoral.

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