O peso do reajuste no transporte público
Entrei na van e me sentei ao lado de Jair Messias Bolsonaro. Um assessor se aproximou oferecendo sanduíches; eu recusei, ele aceitou. Enquanto Bolsonaro dava a primeira mordida, fiz minha primeira pergunta:
“Devo tratá-lo por deputado, capitão ou presidente?”
Ele sorriu e disse:
“Presidente, ainda não. Mas deputado e capitão, talquei. Hum, sabe que esse sanduíche tá muito bom?”
Um dia vou contar aos meus netos que o futuro presidente da República comeu (e elogiou) um sanduíche de mortadela ao meu lado.
Tivemos uma rápida, mas boa conversa naquele dia. Enquanto a van passava pelas avenidas Higienópolis, JK e Duque de Caxias, falamos de economia, de Lava Jato, de reformas, do tenente Alberto Mendes Júnior, do filósofo Olavo de Carvalho. Ao final, Bolsonaro gravou um live para os leitores da Folha de Londrina.
Naquele 26 de maio de 2017, alguns ficaram ofendidos com a minha cobertura da visita de Bolsonaro a Londrina. Chegaram a queimar em efígie dois judas de papel na frente da Folha (más línguas dizem que um dos bonecos representava este cronista de sete leitores).
Eu me lembro da postura de Bolsonaro ao longo daquele dia: calmo, sorridente, solícito, espirituoso. Tudo indica que os londrinenses acreditaram em sua sinceridade: nas urnas da cidade, ele obteve 80,2% dos votos, proporcionalmente a maior votação em municípios com mais de 500 mil habitantes.
Hoje, 31 de dezembro de 2018, estou indo a Brasília para cobrir a posse presidencial de Jair Messias Bolsonaro, como enviado especial da Folha de Londrina. Levo comigo os sentimentos de esperança do povo londrinense neste momento histórico. Sabemos que Bolsonaro está longe de ser um homem perfeito e imaculado; mas também sabemos que o País não aguenta mais essa insegurança, essa anormalidade, essa revolta permanente. Queremos paz e prosperidade, queremos ordem e progresso, queremos união e entendimento, queremos justiça e perdão. Se há uma qualidade admirável no novo presidente, é ser capaz de rever posições e aprender com os erros. Erramos muito, erramos demais nos últimos 30 anos. Chegou a hora de acertar um pouco.
Alguns amigos acreditam sinceramente que amanhã se iniciará um período de trevas, uma ditadura ferrenha que perseguirá os fracos e as minorias. Nada pode estar mais longe da verdade! Se as forças do mal não impedirem - e nós sabemos que elas continuam agindo -, o que veremos neste 1º de janeiro é um dos espetáculos mais bonitos da democracia: a alternância de poder, a vontade do povo sendo realizada, apesar de tantas forças contrárias.
Nesta posse presidencial, a primeira que acompanho, sintome como aquele foca que sai para fazer a sua primeira reportagem, entre entusiasmado e apreensivo. Mas de uma coisa vocês podem ter certeza, meus sete leitores: escreverei com o coração nas mãos.