Londrina perde força política com mudança do Iapar, diz presidente do instituto
Para Florindo Dalberto, Londrina fica sem poderio para futuras decisões em relação à pesquisa agronômica do Estado
Apossibilidade do novo governo do Paraná de aglutinar em uma única empresa os serviços prestados pelo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), Codapar (Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná) e CPRA (Centro Paranaense de Referência em Agroecologia) - com uma gestão completa de Curitiba - não está sendo vista com bons olhos pelo atual presidente do Iapar, Florindo Dalberto, e também pelos funcionários das instituições de pesquisa e extensão rural alocados em Londrina.
Para Dalberto, essa “extinção da identidade institucional do Iapar”, transformando-se apenas numa subsede dessa empresa única é uma perda política para a cidade e região, que fica sem poderio para futuras decisões em relação à pesquisa agronômica do Estado. “Temos uma visão (atual) de uma pesquisa pública muito bem estruturada, uma referência científica que acaba ficando fosca, desaparecida, em uma empresa múltipla (aglutinada). O poder de decisão desaparece daqui, vai para a burocracia de Curitiba”, critica ele.
Na edição da última segunda-feira (31), a Folha de Londrina ouviu o novo secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, que considera a mudança benéfica para o instituto. A aglutinação dos órgãos tem como objetivo enxugar a máquina administrativa do Estado.
O presidente do Iapar não nega que é preciso uma transformação na gestão das instituições, “uma reforma modernizadora em busca de eficiência”, mas acredita que esse não é o caminho. “É preciso criar governanças novas que levem a essa reestruturação, modernização, que elimine os entraves burocráticos, mas mantendo as identidades dos órgãos de pesquisa e extensão. Não existe evidência alguma em casos de outros estados que esse formato baixou custos, por exemplo. Na Bahia, onde fundiram pesquisa, extensão e fomento, a empresa foi extinta há cerca de cinco anos. Não é um modelo que dá resultado.”
A reportagem da FOLHA conversou com funcionários do Iapar e da Emater sobre essa possibilidade de aglutinação dos serviços numa única empresa. Eles relataram que tudo é muito nebuloso, o que gera apreensão e incertezas para o futuro.
O vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Estadual na Área de Pesquisas Agrícolas e Agropecuárias do Estado do Paraná (Sindpar), Denilson Fantin, relata que dentro do quadro do Iapar e da Emater existem muitas dúvidas de como será a transição dos cargos. “Juridicamente é complicado saber como vai ficar. O Iapar está trabalhando com quadro reduzido e a Emater com uma deficiência tremenda de técnicos extensionistas. Não vejo melhorias com essa ação do governo. Primeiro acho que é preciso fortificar os dois quadros e depois criar um grupo de estudo para novas ações.”
O funcionário da Emater que preferiu não se identificar relata que todos estão com muitas dúvidas. “Ninguém sabe quem vai mandar, onde vai ficar alocado, se vão extinguir cargos...”, complementou. Outro extensionista, que trabalha em sinergia com o Iapar, disse que essa decisão faz com a história do instituição de pesquisa, principalmente, seja esquecida. “Na minha opinião a pesquisa vai perder muito da sua essência”, finalizou.