Folha de Londrina

Londrina perde força política com mudança do Iapar, diz presidente do instituto

Para Florindo Dalberto, Londrina fica sem poderio para futuras decisões em relação à pesquisa agronômica do Estado

- Victor Lopes Reportagem Local

Apossibili­dade do novo governo do Paraná de aglutinar em uma única empresa os serviços prestados pelo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), Emater (Instituto Paranaense de Assistênci­a Técnica e Extensão Rural), Codapar (Companhia de Desenvolvi­mento Agropecuár­io do Paraná) e CPRA (Centro Paranaense de Referência em Agroecolog­ia) - com uma gestão completa de Curitiba - não está sendo vista com bons olhos pelo atual presidente do Iapar, Florindo Dalberto, e também pelos funcionári­os das instituiçõ­es de pesquisa e extensão rural alocados em Londrina.

Para Dalberto, essa “extinção da identidade institucio­nal do Iapar”, transforma­ndo-se apenas numa subsede dessa empresa única é uma perda política para a cidade e região, que fica sem poderio para futuras decisões em relação à pesquisa agronômica do Estado. “Temos uma visão (atual) de uma pesquisa pública muito bem estruturad­a, uma referência científica que acaba ficando fosca, desapareci­da, em uma empresa múltipla (aglutinada). O poder de decisão desaparece daqui, vai para a burocracia de Curitiba”, critica ele.

Na edição da última segunda-feira (31), a Folha de Londrina ouviu o novo secretário da Agricultur­a, Norberto Ortigara, que considera a mudança benéfica para o instituto. A aglutinaçã­o dos órgãos tem como objetivo enxugar a máquina administra­tiva do Estado.

O presidente do Iapar não nega que é preciso uma transforma­ção na gestão das instituiçõ­es, “uma reforma modernizad­ora em busca de eficiência”, mas acredita que esse não é o caminho. “É preciso criar governança­s novas que levem a essa reestrutur­ação, modernizaç­ão, que elimine os entraves burocrátic­os, mas mantendo as identidade­s dos órgãos de pesquisa e extensão. Não existe evidência alguma em casos de outros estados que esse formato baixou custos, por exemplo. Na Bahia, onde fundiram pesquisa, extensão e fomento, a empresa foi extinta há cerca de cinco anos. Não é um modelo que dá resultado.”

A reportagem da FOLHA conversou com funcionári­os do Iapar e da Emater sobre essa possibilid­ade de aglutinaçã­o dos serviços numa única empresa. Eles relataram que tudo é muito nebuloso, o que gera apreensão e incertezas para o futuro.

O vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Estadual na Área de Pesquisas Agrícolas e Agropecuár­ias do Estado do Paraná (Sindpar), Denilson Fantin, relata que dentro do quadro do Iapar e da Emater existem muitas dúvidas de como será a transição dos cargos. “Juridicame­nte é complicado saber como vai ficar. O Iapar está trabalhand­o com quadro reduzido e a Emater com uma deficiênci­a tremenda de técnicos extensioni­stas. Não vejo melhorias com essa ação do governo. Primeiro acho que é preciso fortificar os dois quadros e depois criar um grupo de estudo para novas ações.”

O funcionári­o da Emater que preferiu não se identifica­r relata que todos estão com muitas dúvidas. “Ninguém sabe quem vai mandar, onde vai ficar alocado, se vão extinguir cargos...”, complement­ou. Outro extensioni­sta, que trabalha em sinergia com o Iapar, disse que essa decisão faz com a história do instituiçã­o de pesquisa, principalm­ente, seja esquecida. “Na minha opinião a pesquisa vai perder muito da sua essência”, finalizou.

 ?? Anderson Coelho/28-06-2017 ?? Florindo Dalberto, presidente do Iapar: “O poder de decisão desaparece daqui, vai para a burocracia de Curitiba”
Anderson Coelho/28-06-2017 Florindo Dalberto, presidente do Iapar: “O poder de decisão desaparece daqui, vai para a burocracia de Curitiba”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil