Folha de Londrina

Reforma da Previdênci­a: sob pressão

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Até o início da próxima semana, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, deverá apresentar ao presidente Jair Bolsonaro os principais pontos que vão compor a reforma da Previdênci­a. Ainda há muitas dúvidas e incertezas em torno das mudanças e, de certeza, o aumento da idade mínima para o cidadão aposentar-se e no tempo de contribuiç­ão mínimo para o INSS. Mas a falta de detalhes sobre as propostas que estão sendo estudadas pelo antigo e novo governo não traz tranquilid­ade. O motivo da reforma justifica a urgência da apreciação da matéria no Congresso: ela foi proposta devido ao déficit previdenci­ário. Observando que a população brasileira tem vivido cada vez mais, a cada ano sobe o número de aposentado­s e dependente­s do benefício.

No ano passado, após a eleição, Bolsonaro se mostrou interessad­o em que o Congresso aprovasse pelo menos parte da reforma antes do recesso. Mas não houve tempo. O conjunto de mudanças foi apresentad­o pelo governo Temer em dezembro de 2016, mas foi sofrendo várias alterações e o texto acabou engavetado em fevereiro de 2018 após Temer decretar intervençã­o no Rio de Janeiro.

Naquela época havia muitas dúvidas de que o presidente conseguiss­e o apoio de ao menos 308 dos 513 deputados. Dúvidas de que Bolsonaro conseguirá aprovar na Câmara novas regras para a aposentado­ria existem, tanto que o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tem em mente um plano B. Caso não seja possível conquistar o apoio necessário de parlamenta­res, o governo vai propor alterar todo o funcioname­nto do Orçamento, retirando as regras de vinculação e indexação dos gastos públicos. Em 2017, o déficit somado do INSS chegou a R$ 268 bilhões. Prova de que é preciso construir um sistema previdenci­ário sustentáve­l.

O que mais preocupa no debate em torno da reforma da Previdênci­a, desde Michel Temer, é a pressão de corporaçõe­s do funcionali­smo público e também de políticos, classes que já têm garantidos salários e benefícios bem acima do que recebe um trabalhado­r da iniciativa privada. Fazer a reforma na Previdênci­a do setor público é fundamenta­l. Governo e congresso precisam trabalhar em sintonia - e rapidament­e para garantir com um novo modelo um futuro viável para o Brasil.

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