Folha de Londrina

Três meninas fogem de casa por sete horas em Maringá

- Pedro Moraes Reportagem Local

Três meninas desaparece­ram por sete horas, na quartafeir­a (2), em Maringá. Duas irmãs de 12 e 11 anos saíram de casa acompanhad­as de uma amiga de 11 que havia dormido na casa. Elas deixaram um bilhete afirmando que iriam passar uma semana fora de casa para cumprir um desafio. As câmeras de segurança do condomínio flagraram as meninas deixando o local carregando mochilas. O grupo foi encontrado à noite, por volta das 20h, na praça da Catedral, no centro da cidade. Elas foram encaminhad­as para a 9.ª Subdivisão Policial. Segundo informação da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, as crianças foram ouvidas pelo delegado de plantão, quando afirmaram que decidiram sair de casa porque a mãe das duas irmãs não teria deixado que usassem o celular depois de passarem um longo período com o telefone, o que transcorre­u até a madrugada anterior. Na quinta-feira (3), elas voltaram a ser ouvidas pela psicóloga do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescent­e Vítimas de Crimes) de Maringá. A delegada titular Karen Friderich Nascimento já agendou o depoimento dos pais para a próxima segunda-feira (7) e só então pretende se pronunciar sobre o caso. Haveria, inclusive, a suspeita de que teriam participad­o de um desafio proposto na internet. As meninas negam.

O pai da amiga das irmãs lembrou dos momentos de pânico da família durante o período em que as meninas ficaram sumidas. “Tenho mais um casal de filhos, a menina é do meio. Ela sempre foi muito quieta, tranquila. Há uns 25 dias o comportame­nto dela ficou muito diferente. Agora, perdemos totalmente a confiança que tínhamos. Precisamos redobrar a atenção”, afirmou. Esta havia sido a primeira vez que a menina dormia na casa das amigas. E, apesar de todo o incidente passar pelo acesso ao celular, ela não tem o próprio aparelho. Os pais ainda não tiveram oportunida­de de conversar com a filha e preferem esperar alguns dias antes de voltar ao assunto.

LIDAR COM FRUSTRAÇÃO

A psicóloga Keylla Garvuio afirma que o episódio é muito particular e depende da compreensã­o do contexto familiar em que elas estão inseridas. No entanto, ressalta que é cada vez mais comum o comportame­nto de crianças e jovens com dificuldad­e em lidar com frustração. “É preciso aprender que a vida é feita de rupturas. Vejo que há uma dificuldad­e enorme para se entender um não, por exemplo. Há uma outra questão, muito comum entre as crianças maiores, que é a impulsivid­ade. Elas não estão dispostas à reflexão e se sentem autônomas”, avaliou. Segundo a especialis­ta, os pais devem ficar atentos constantem­ente ao comportame­nto dos filhos. Não existe uma idade certa para aumentar a liberdade. “Depende de cada um e da responsabi­lidade que demonstra ter. Algumas crianças conseguem andar na rua sozinhas mais cedo, outras têm medo. O processo deve ser gradual para ver como cada um dá conta do que é proposto”, explicou Garvuio.

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