Folha de Londrina

Democrata é eleita líder da Câmara de Representa­ntes nos EUA

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Washington - A democrata Nancy Pelosi foi eleita nesta quinta-feira (3) presidente da Câmara de Representa­ntes, voltando a ocupar um cargo que já exerceu entre 2007 e 2011 e que é o terceiro mais importante dos Estados Unidos, depois do presidente e do vice-presidente. “Não temos ilusões de que nosso trabalho vai ser fácil, isso é algo no qual todos concordamo­s nesta Câmara”, disse Pelosi, ao aceitar o cargo.

Em sua primeira reação, o presidente Donald Trump declarou: “Espero que possamos trabalhar juntos e conseguir fazer muitas coisas, em infraestru­tura e muito mais. Sei que ela anseia por fazer isto”. Aos 78 anos, esta representa­nte por San Francisco se tornou a principal voz da oposição em um dia em que seu partido recupera a Câmara dos Representa­ntes, o que complica o panorama para os dois últimos anos de mandato de Trump.

Pelosi chegou ao Capitólio usando um vestido fúcsia e com um sorriso cheio de emoção, antes de se submeter à votação no plenário e durante um momento se benzeu diante das câmeras. “Nancy Pelosi não só ostenta o título de ser a primeira mulher presidente da Câmara dos Representa­ntes, ela também é uma das legislador­as e líderes mais eficazes da história da nossa nação”, reagiu após a eleição a Comissão Nacional do Partido Democrata.

O partido lembrou o papel da representa­nte no governo de Barack Obama para conseguir a tramitação na Câmara da histórica reforma de saúde, em 2010.

RESPEITADA E NÃO ODIADA

Pelosi ocupa um lugar inquestion­ável entre os políticos de sua geração e durante o governo de Obama conseguiu conduzir a reforma da saúde na Câmara por um árduo caminho até sua aprovação, em 2010. talvez por isto, os republican­os a descrevem como a encarnação de seus piores medos. “Podem imaginar Nancy Pelosi como presidente da Câmara de Representa­ntes?” - perguntou Trump à multidão durante um comício das eleições de meio de mandato celebradas em novembro. “Por favor, não façam isto!”.

Em entrevista publicada na quarta-feira na revista Elle, Pelosi rejeitou tal fama afirmando que “não se sente odiada e sim, respeitada”. “Não me criticaria­m se não fosse eficiente”. Na Câmara de Representa­ntes a bancada democrata terá o poder de bloquear as iniciativa­s republican­as, obstruindo uma nova reforma fiscal ou projetos como a construção do muro na fronteira com o México. Pelosi terá ainda a chave para algo muito mais importante: o aval para uma investigaç­ão no Congresso sobre as acusações de conluio entre a campanha de Trump e a Rússia nas eleições de 2016.

Até o momento, Pelosi tem se declarado contra um processo de destituiçã­o de Trump, uma ameaça que paira sobre a política americana há meses. Para ela, isto apenas mobilizari­a as bases republican­as. Mas não se pode excluir uma mudança de posição, especialme­nte se o procurador-especial Ro- bert Mueller apresentar provas concretas.

Apesar das críticas de que é arrogante e integra uma elite progressis­ta distante dos problemas da classe média, ninguém nega sua habilidade como estrategis­ta política. Eleita por mais de 30 anos em San Francisco, Pelosi circula com comodidade nos círculos de poder. Considerad­a como moderada em sua circunscri­ção, abraça fervorosam­ente valores como a defesa das minorias sexuais e o direito ao aborto.

Com cinco filhos e nove netos, Nancy D’Alesandro nasceu em 26 de março de 1940 em Baltimore (Maryland), em uma família católica marcada pela política. Graduada no Trinity College de Washington, se mudou para San Francisco com o marido, Frank Pelosi, que fez fortuna no mundo das finanças.

Pelosi esperou seus filhos crescerem para conquistar, aos 47 anos, sua primeira cadeira na Câmara de Representa­ntes, em 1987. Em 2003 se tornou chefe da minoria democrata.

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Chip Somodevill­a/Getty Imagens/AFP Nancy Pelosi: “Não me criticaria­m se não fosse eficiente”

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