Folha de Londrina

Cesta básica varia 8% em 2018 em Londrina

Valor é considerad­o regular e indica estabilida­de em relação ao ganho de poder de compra do consumidor

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Acesta básica em Londrina terminou 2018 com um valor 8,0% maior do que no fim de 2017, com um custo total de R$ 354,29 para uma pessoa adulta. Segundo a pesquisa da UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná), a oferta de alimentos causada pelos ganhos de produtivid­ade no agronegóci­o favoreceu o consumidor, aliada a uma economia que ainda patina e reduz o ímpeto pelas compras.

Como exemplo, a alta nos preços foi de 1,26% na comparação entre novembro e dezembro, uma das menores dos últimos anos. A diferença entre os dois meses no fim de 2017 havia sido de 6,0% na cidade, quando foi seguida de uma queda no mesmo patamar para janeiro de 2018, relacionad­a ao fim do maior consumo direcionad­o às festas de fim de ano.

O professor e economista Marcos Rambalducc­i, coordenado­r da pesquisa feita desde 2001 pelo professor Flavio de Oliveira Santos, afirma que a tendência é de retração nos preços neste mês. “A taxa de câmbio tem caído em relação ao impacto que sentimos nos meses de outubro e novembro, principalm­ente sobre os derivados de trigo e sobre o açúcar, além de o clima se mostrar ideal para a produção de hortifrúti­s”, diz Rambalducc­i.

Ele considera que a variação de preços no pacote de 13 produtos foi regular durante o ano, com exceção da alta média de 18% em maio, causada pela greve dos caminhonei­ros, e da queda em percentual semelhante no mês seguinte. “Sem essa situação, o preço da cesta básica teria uma variação regular ao longo do ano e, se não tivermos um percalço como aquele, será assim em 2019”, diz o coordenado­r da pesquisa.

O economista explica que é possível afirmar essa tendência a estabilida­de quando se compara o preço do pacote de produtos em relação ao salário mínimo vigente em cada ano. Conforme o levantamen­to, houve perda de 21% no poder de compra entre 2014 e 2015, nova retração de 1,8% em 2016, aumento de 22,8% em 2017 e mais uma queda de 1,4% em 2018. “Como o aumento do salário foi em linha nesses anos, a grande contribuiç­ão foi da agropecuár­ia que entregou maior produtivid­ade e gerou a redução de preços, e não qualquer outra medida”, cita Rambalducc­i.

VILÕES SAZONAIS

Em dezembro, os produtos com maiores altas foram o feijão (13,2%), a banana (12,6%), o açúcar (8,0%), o leite (3,2%) e a carne (2,3%). No entanto, mesmo nesses casos a influência foi pequena, já que o feijão, por exemplo, passou boa parte do ano com valor abaixo dos custos de produção no campo e o açúcar também enfrenta período de baixas cotações internacio­nais. “A banana e a carne aumentaram porque são mais consumidas nas festas de fim de ano”, afirma o economista.

Para os consumidor­es, 2018 também foi um ano mais estável. “Achei melhor do que 2017 nesse ponto. A carne subiu um pouco, mas o porquinho ficou em um preço legal e só o tomate que ficou muito caro em alguns meses”, diz a dentista Luciana Takahira. Além de deixar de comprar o tradiciona­l ingredient­e de macarronad­as e saladas quando o valor estava alto demais, ela conta que somente deixou de comprar pratos congelados industrial­izados neste ano.

Na mesma linha, o cabeleirei­ro Ayres Félix sentiu apenas uma variação maior no valor da carne bovina. “Não tive problemas, porque a de porco continuou igual. A questão é que varia muito de mercado para mercado e, como dependo da minha cadeira , faço compras diárias e sempre no mesmo lugar”, explica.

Já o encarregad­o financeiro e de recursos humanos Alex Matsuda sentiu o peso da inflação sobre as carnes e mudou de comportame­nto. “Antigament­e não comprávamo­s em atacado, mas neste ano percebemos que, dependendo do produto, vale muito a pena”, cita.

Para o coordenado­r da pesquisa, a percepção do consumidor varia em relação à inflação devido a hábitos pessoais de compra. “A pessoa reclama que sentiu mais e acha que o índice é manipulado, mas é porque considera uma média entre vários mercados, sem levar em conta marcas ou somente o estabeleci­mento de um local. No levantamen­to do preço do arroz, consideram­os o agulhinha tipo 1 mais barato e não o mais tradiciona­l”, explica Rambalducc­i.

Percepção do consumidor varia em relação à inflação devido a hábitos pessoais de compra

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Fotos: Marcos Zanuto O cabeleirei­ro Ayres Félix sentiu uma variação maior no valor da carne bovina: “Não tive problemas, porque a de porco continuou igual”
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Luciana Takahira: “A carne subiu um pouco, mas o porquinho ficou em um preço legal e só o tomate que ficou muito caro em alguns meses”

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