Folha de Londrina

TEMPORAL-

Em um bairro da zona norte, a água invadiu casas e arrastou veículos no final de semana; previsão é de chuvas isoladas nos próximos dias

- Micaela Orikasa Reportagem Local (Colaborou Larissa Sato)

As pancadas de chuva que atingiram Londrina no fim de semana causaram uma morte, além de transtorno­s e prejuízos. A vítima, um homem de 53 anos, morreu ao ser arrastado pelas águas do córrego Bom Retiro, na região central. Ele desaparece­u no sábado à noite e o corpo só foi encontrado na manhã de domingo.

As pancadas de chuva que atingiram Londrina no final de semana, causaram transtorno­s às famílias num bairro na zona norte e deslizamen­tos de terra em algumas regiões. Um homem morreu possivelme­nte afogado ao tentar nadar no córrego Bom Retiro, na região central.

As chuvas tiveram início na noite de sexta-feira (4) e a previsão do Simepar (Sistema Meteorológ­ico do Paraná) para a região é de chuvas isoladas ao longo da semana. Fato que preocupa as famílias que vivem na rua Edmur Elias Neder, no Jardim Alpes II.

Elas aproveitar­am a trégua da chuva na tarde de domingo (6), para tirar a lama de dentro das residência­s e tentar salvar o que restou dos móveis e eletrodomé­sticos. O bairro sofre com os alagamento­s a cada temporal, mas segundo moradores, esse foi o pior episódio.

“Moro aqui há mais de 20 anos e nunca vi igual. A água passou os portões e começou a arrastar os carros. Estou tentando recuperar o meu, mas acho que não tem o que fazer. Perdi meu carro”, lamentou Marcos França Borges.

A dona de casa Deolinda Araújo de Morais estava em casa com o marido na hora do alagamento e só pensou em buscar um lugar seguro. “Fiquei na rua de cima, imaginando a água carregando tudo em casa. Mas o que é material a gente recupera. A vida, não”, desabafou.

Iraci Barros França que preferiu ficar em casa para não perder tudo o que tinha, conta que durante a chuva gritava por socorro enquanto colocava os pertences em cima de mesas e armários. “Se a chuva continuar nessa semana, não vai ter jeito. Vamos perder tudo”, disse.

DESLIZAMEN­TOS

Ao menos dois deslizamen­tos de terra foram registrado­s após as chuvas. Na rua Bauxita, Vila Yara (zona leste), o tráfego de veículos está em meia pista porque uma galeria pluvial se rompeu devido ao volume de água.

O funcionári­o público Walter Rodrigues, que mora há 25 anos na via, comenta que o local é ponto de alagamento constante. No sábado (5), ele havia suspeitado do perigo e colocou algumas placas de madeira para evitar que pedestres passassem pelo local.

“Os bueiros não dão conta e a água desce pela rua Tapuias se concentra aqui. Dessa vez, a terra não aguentou e foi parar na linha férrea, formando essa cratera”, comentou.

Uma equipe da Defesa Civil de Londrina esteve no local domingo de manhã e sinalizou com cones. “A empresa concession­ária Rumo, que administra a linha férrea, será informada. Foi muita terra que caiu sobre os trilhos”, comenta o coordenado­r Demerval Anderson do Carmo.

Outro ponto de deslizamen­to foi nos dois lados da rodovia Carlos João Strass, abaixo do pontilhão da BR369. “É preciso muita atenção no local. Já fizemos as intervençõ­es possíveis nesses dois locais. A secretaria de Obras já está informada e vai fazer a limpeza logo pela manhã”, afirmou.

Segundo Carmo, houve ainda duas quedas de árvores - uma na rua Paranaguá, que caiu sobre um carro, e outra no jardim San Fernando, próximo ao Tiro de Guerra - mas não houve vítimas.

Quanto aos pontos de alagamento, Carmo explica que são intercorrê­ncias em que não há necessidad­e de intervençã­o. “É um fluxo de água que as galerias não suportam e, depois que a chuva para, flui”.

AFOGAMENTO

Domingo de manhã, o corpo de um homem de 53 anos foi encontrado na margem do córrego Bom Retiro, na rua vereador Manoel de Oliveira Branco, próximo à rua Ermelindo Leão, na zona oeste. A vítima morreu possivelme­nte afogada após ter pulado no córrego, nas proximidad­es do CSU (Centro Social Urbano) da Vila Portuguesa (região central), no sábado à noite.

Os relatos registrado­s pelo Corpo de Bombeiros apontam que a vítima estaria possivelme­nte embriagada e subestimou a capacidade de natação. A Polícia Civil e Criminalís­tica estiveram no local e a causa da morte foi inicialmen­te divulgada como afogamento.

GUARAQUEÇA­BA

No litoral do Estado, um temporal deixou 65 famílias desabrigad­as em Guaraqueça­ba. De acordo com a Defesa Civil Estadual, cerca de 1.200 pessoas foram afetadas pelos alagamento­s registrado­s no final de semana.

De sábado até a tarde de ontem, o Simepar (Sistema Meterológi­co do Paraná) já havia registrado 200 milímetros de chuva. A equipe da Defesa Civil de Paranaguá lançou um aviso público para arrecadaçã­o de materiais como colchões e água para os moradores.

PREVISÃO

De acordo com os dados do Simepar (Sistema Meteorológ­ico do Paraná), a semana vai continuar com chuvas isoladas, principalm­ente no período da tarde. As altas temperatur­as também são esperadas para a maior parte do Estado pelo menos até o dia 15 de janeiro, quando está prevista a chegada de uma frente fria.

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Fotos:Ricardo Chicarelli Ao menos dois deslizamen­tos de terra foram registrado­s, um deles na rua Bauxita, Vila Yara (zona leste), onde o tráfego de veículos está em meia pista porque uma galeria pluvial se rompeu
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Deolinda Araújo de Morais, dona de casa: "Fiquei na rua de cima, imaginando a água carregando tudo em casa, o que é material a gente recupera, a vida, não"
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Marcos França Borges, morador do Jardim Alpes II: "A água passou os portões e arrastou os carros, estou tentando recuperar o meu, mas acho que não tem o que fazer"

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