O desmanche, a tarefa mais difícil
Acreditem: até o final do Governo Temer ainda existia a empresa estatal para administrar o projeto do trem-bala - aquele que nunca aconteceu e que foi tão propagandeado por Lula e Dilma. Agora o ministro Paulo Guedes a está desativando. Essa empresa mantinha diretoria, 140 funcionários e um orçamento de R$ 70 milhões. Pouca gente sabia da existência dessa barbaridade, só agora conhecida, pelo desmanche. Não por acaso Bolsonaro disse, já antes de assumir, que “o importante não é o que vamos fazer mas o que vamos desfazer”. A desmontagem de muitos descalabros já começou, não só no plano federal mas também em alguns Estados, Paraná incluído.
Relendo artigo do jornalista J.R.Guzzo, que ocupa a última página da revista VEJA, rememora-se algumas barbaridades estarrecedoras, como essa história da estatal do trem-bala que foi mantida, a Refinaria Abreu Lima, pela qual estão sendo pagos 20 bilhões de dólares desde o início do Governo Lula - duas vezes mais do que estava orçado, revela Guzzo - e que a ainda não está concluída. “Esta era a tal em que fizeram a Petrobras ficar sócia da Venezuela de Hugo Chávez, que não colocou um centavo da obra” - declara o jornalista. “Não precisava de pirâmides como a Copa do Mundo, os estádios e uma Vila Olímpica hoje afundando no chão, porque em tudo roubaram - no material, no projeto e em tudo em que foi humanamente possível roubar”. Estas são alguma coisas que não dá para desmanchar. Guzzo menciona - o que é de domínio público - que 50% de todas as aplicações federais vão para a Previdência Social e que o grosso disso é engolido pelas aposentadorias do funcionalismo público. E como mudar estes denominados “direitos adquiridos”? Quem começa com essa regalia continuará se beneficiando, o que torna a Previdência difícil de consertar. “Estas as ruínas em que colocaram o Brasil” - diz Guzzo - e que agora figuram no mapa das preocupações do novo Governo.
Os cidadãos precisam ter paciência e devem saber que as reformas prometidas não ocorrerão a um passe de mágica. Algumas medidas saneadoras já estão acontecendo, mas há muito por fazer. Ademais, muitas decisões terão de passar pelo crivo do Congresso, e há incerteza sobre quem presidirá as duas Casas. Já se sabe que, no caso do Senado, se for Renan Calheiros o eleito ele dificultará a colocação em pauta e a tramitação das reformas que o novo Governo quer. Analistas acham que se Jair Bolsonaro e sua equipe conseguirem, em todo o mandato, eliminar pelo menos 50% dos entulhos que encontraram, já estará de bom tamanho.
O que de positivo se vislumbra é que a corrupção será contida, que os vários órgãos do Governo passarão por medidas saneadoras, que haverá enxugamento dos gastos governamentais e com essa economia será possível contemplar outros setores carentes, como os da saúde, da educação e da segurança. Governantes estaduais, afinados com esta nova ordem, já estão tomando medidas nesse sentido. Isto estimulará as classes produtoras, que geram produção e impostos, e também a população, se esta perceber que o dinheiro público estará sendo bem aplicado, sem superfaturamentos e sem propinagem. Só não aumentar os males já será um bem. A oposição certamente não dará tréguas, e isto será benéfico se não for uma política sistemática de obstrução.
O que se vislumbra de positivo é que a corrupção será contida. Só não aumentar os males já será um bem