Folha de Londrina

Operações também chegaram ao ex-governador do Paraná

- ( V.S.)

Um dos nomes mais comentados do ano em operações de grande expressão no Estado foi o do ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). Em setembro ele, a mulher Fernanda Richa e o irmão, Pepe Richa, chegaram a ser presos preventiva­mente em uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) que investigou fraudes na contrataçã­o das Patrulhas Rurais, veículos e equipament­os. A Operação Rádio Patrulha até chegou a se entrelaçar com uma das fases da Lava Jato, já que o exchefe de gabinete de Richa, Deonilson Roldo, e um dos tesoureiro­s de sua campanha, Jorge Atherino, também tiveram que prestar depoimento­s ao Gaeco.

As prisões tiveram fim três dias depois com um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O ex-governador considerou a deflagraçã­o da operação, principalm­ente pelo momento, como uma tentativa de jogar na lama a sua candidatur­a ao Senado, o que foi desconside­rado, à época, pelo coordenado­r estadual do Gaeco, Leonir Batisti.

Já no âmbito da Operação Quadro Negro, Beto Richa chegou a ser denunciado por improbidad­e administra­tiva pelo MP, ao lado do deputado federal e exchefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), o deputado estadual Plauto Miró (DEM), o ex-secretário de Fazenda, Luiz Eduardo Sebastiani, e o ex-diretor da Secretaria de Educação Maurício Fanini, principal delator da operação. A Quadro Negro investiga desvios de verbas que seriam usadas na construção e reforma de escolas estaduais entre 2012 e 2015. Beto Richa foi acusado de promover oito aditivos contratuai­s cujo objetivo, segundo o MP, seria aumentar o repasse para quase R$ 5 milhões à construtor­a Valor, acusada de ser a principal beneficiad­a do esquema.

O ex-governador afirmou, à época, que havia sido a gestão dele que descobriu as fraudes e que estava à disposição para colaborar com o Ministério Público.

Na Operação Integração, braço da Lava Jato deflagrada em fevereiro, o alvo eram irregulari­dades na execução dos contratos de pedágio de concession­árias do chamado Anel de Integração: Econorte, Ecovia, Ecocatarat­as, Rodonorte, Viapar e Caminhos do Paraná, além de intermedia­dores e agentes públicos.

De acordo com o Ministério Público Federal as fraudes ocorriam desde 1999. Na ocasião, Pepe Richa foi preso e o primo do exgovernad­or, Luiz Abi Antoun, também teve a prisão decretada, mas não foi encontrado porque estava no Líbano. Segundo o advogado de defesa, Anderson Mariano, a viagem era por motivo de saúde e havia sido autorizada pela Justiça.

Com base no conteúdo dos acordos de colaboraçã­o premiada fechados com Nelson Leal Júnior, ex-diretor do DER (Departamen­to de Estradas de Rodagem), Hélio Ogama, ex-diretor-presidente da Triunfo Econorte, e Hugo Ono, ex-contador da Triunfo, foram identifica­dos três esquemas de cobrança de propina. Conforme as investigaç­ões, o primeiro conluio foi intermedia­do pela ABCR (Associação Brasileira de Concessões Rodoviária­s) há 19 anos. As concession­árias teriam acertado um pagamento mensal a agentes públicos do órgão estatal em reuniões presenciai­s na sede do DER. Nesta operação nomes importante­s ligados a Richa acabaram presos temporaria­mente, como Luiz Claudio Luz, ex-chefe de gabinete de Pepe rixa; Aldair Wanderlei Petry, o "Neco", ex-diretor-geral da Secretaria de Infraestru­tura e Logística; Antônio Carlos Cabral de Queiroz, ex-funcionári­o do DER e da Agepar (Agência Reguladora do Paraná); e Maurício Eduardo Sá De Ferrante, diretor jurídico da Agepar.

No âmbito da Operação Quadro Negro, Beto Richa chegou a ser denunciado por improbidad­e administra­tiva

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Gina Mardones/11-09-2018 Agentes do Gaeco cumpriram mandados em Londrina na Operação Rádio Patrulha, em setembro, que chegou a se entrelaçar com uma das fases da Lava Jato

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