Flávio Bolsonaro falta a depoimento no MP
Filho mais velho do presidente diz que não é investigado sobre movimentações atípicas de ex-assessor e que nem teve acesso ao procedimento aberto
Rio - O Ministério Público do Rio confirmou que o senador eleito e deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) pediu cópia integral da investigação sobre as movimentações financeiras atípicas detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) na conta do ex-assessor Fabrício Queiroz. De acordo com a Procuradoria, o deputado estadual, valendo-se de sua prerrogativa parlamentar, “esclareceu ao MP que informará local e data para prestar os devidos esclarecimentos que porventura forem necessários”.
O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) faltou ao depoimento que estava marcado para esta quinta-feira (10) no Ministério Público. Em nota publicada em seu perfil no Facebook, Flávio explicou sua ausência: disse que não é investigado e ainda não tivera acesso ao procedimento aberto pelo MP. O parlamentar argumentou ainda que só foi notificado sobre o convite do MP para depor na tarde do último dia 7. O MP havia divulgado em 21 de dezembro nota sobre a chamada para depoimento nesta quinta.
“Reafirmo que não posso ser responsabilizado por atos de terceiros, como parte da grande mídia tenta, a todo custo, induzir a opinião pública”, declarou o deputado, em nota divulgada por sua assessoria.
Também faltaram a depoimentos no MP para falar sobre o caso o ex-assessor Queiroz, a mulher dele, Marcia Aguiar, e as filhas e Nathalia e Evelyn Melo de Queiroz. Eles alegaram problemas de saúde de Queiroz, que se trata de um câncer, para não ir à audiência.
A defesa pediu que os depoimentos sejam marcados para o fim do tratamento, sem previsão de data. Queiroz já faltou a dois encontros com o Ministério Público.
Em nota, o órgão disse que tem informações que permitem o prosseguimento das investigações, com a realização de outras diligências como quebra de sigilo bancário e fiscal.
RELEMBRE O CASO
Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Segundo o Coaf, as transações são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional” do ex-assessor.
Em 2016, Queiroz fez 176 saques em espécie. O policial chegou a realizar cinco saques no mesmo dia, somando mais de R$ 18 mil. No total, as retiradas chegaram a mais de R$ 300 mil.
Oito funcionários ou exfuncionários do gabinete de Flávio Bolsonaro realizaram repasses para Queiroz. Sua mulher e duas filhas são citadas no relatório.
O nome de uma delas, Nathalia, aparece no documento ao lado do valor de R$ 84 mil, mas não há detalhes sobre estes repasses.
Nathalia trabalhou como assessora de Flávio e, posteriormente, no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara. Ela atuava como personal trainer no Rio no mesmo período.
Em entrevista ao jornal SBT Brasil, Queiroz disse que parte da movimentação atípica veio da compra e venda de carros e negou ser laranja de Flávio Bolsonaro.
A família Bolsonaro tem evitado dar explicações sobre o assunto, afirmando que cabe ao ex-assessor esclarecer os fatos. (Com Ana Luiza Albuquerque/Folhapress)