Folha de Londrina

PESO NO ORÇAMENTO

Alimentaçã­o, habitação e transporte­s são responsáve­is por dois terços do IPCA de 2018, enquanto vestuário tem variação ínfima

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Inflação fecha 2018 com alta de 3,75% puxada por itens essenciais como alimentaçã­o e transporte­s

Ainflação fechou 2018 com 3,75% de alta em relação a 2017, puxada pelos grupos Alimentaçã­o e Bebidas, Habitação e Transporte­s, responsáve­is por dois terços de toda a variação positiva do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado na sexta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a). O encarecime­nto de produtos considerad­os essenciais contrastou com o pequeno espaço para reajuste de preços em itens que o consumidor pode deixar para comprar depois, como o vestuário.

O custo dos alimentos aumentou 4,04% no ano pas- sado, em parte porque o desempenho foi um pouco menor do que em 2017, ano de supersafra. No caso dos transporte­s, a alta foi de 4,19%, com forte pressão dos combustíve­is. Nos gastos com habitação, que cresceram 4,72%, foi a energia elétrica a grande vilã.

Os três grupos correspond­eram a 2,49 pontos percentuai­s dos 3,75 da inflação do ano, ou 66% do total. Considerad­os gastos dos quais a população pode até reduzir o consumo, mas dificilmen­te evitar, esses grupos contrastar­am com vestuário, que ficou somente 0,61% mais cara em 2018, e comunicaçã­o, que ficou 0,09% mais barata do que em 2017.

O consultor econômico da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Marcos Rambalducc­i, coloca ainda Saúde e Cuidados Pessoais, principalm­ente pelo custo dos planos médicos, como outro grupo que pesou no orçamento. “As pessoas podem até trocar o combustíve­l, o tomate, o arroz, até mesmo o remédio, mas não fica sem comer ou sem casa”, diz ele, que também é professor da UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná).

Conselheir­o do CoreconPR (Conselho Regional de Economia do Paraná), Laercio Rodrigues de Oliveira cita que energia elétrica, por exemplo, é um custo fixo para o brasileiro. “No caso do vestuário, a pessoa pode adiar a compra, passar um tempo a mais com uma roupa, e isso gera redução da demanda. Sobra produto e o repasse de custo fica prejudicad­o.”

ABAIXO DA META

Rambalducc­i afirma que, no geral, a variação da inflação surpreende­u, ainda que menos do que os 2,95% de 2017. O governo federal definiu como meta o índice de 4,50%, com margem de 1,50% para mais ou para menos, e o resultado ficou dentro da banda de tolerância. “Esperava-se que ficasse em torno de 4%, o que mostra que houve um controle da inflação ocasionado pela crise, que faz as pessoas comprarem menos”, diz.

Rodrigues vê acertos na política macroeconô­mica do governo Michel Temer, apesar da falta de vagas de emprego. “Por incrível que pareça, o governo Temer foi bom nesse aspecto, de estabiliza­r a inflação, levar os juros a um patamar mais baixo e fazer a economia voltar a crescer um pouco. Mas o que segurou a inflação foi o desemprego, com as pessoas sem renda para comprar.”

Para 2019, ambos espe- ram uma recuperaçã­o, embasada na boa perspectiv­a de empresário­s no viés liberal que o governo Jair Bolsonaro pretende adotar. Mesmo assim, não creem em

O que segurou a inflação foi o desemprego, com as pessoas sem renda para comprar”

disparada de preços porque enxergam que o movimento será lento. “A inflação não deve subir tanto, apesar de uma provável massa salarial maior no País, porque a oferta deve suprir a demanda”, sugere o conselheir­o do Corecon-PR.

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RICARDO CHICARELLI Itens que o consumidor pode deixar para comprar depois, como o vestuário, tiveram espaço menor para reajustes: ano difícil
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