A O Brasil não quer mais a velha política
nomeação de Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente Hamilton Mourão, ao cargo de assessor especial da presidência do Banco do Brasil provocou um desgaste ao governo Jair Bolsonaro logo nos primeiros dias de gestão. Vieram críticas de todos os lados - aliados e opositores - cobrando o compromisso do presidente de que não haveria influência política nas indicações para cargos públicos. Funcionário de carreira do BB, com 18 anos de experiência dentro da instituição, antes Rossell Mourão ocupava o cargo de assessor empresarial da área de agronegócios. Com a promoção, o salário triplicou, passando de R$ 12 mil para R$ 36 mil.
Diante da repercussão negativa, o vice-presidente saiu em defesa do filho dizendo que o rapaz foi promovido por mérito e chegou a declarar que na administração petista Rossell Mourão não alcançou cargos mais altos por perseguição. Tese desmontada depois que a imprensa revelou que ele foi promovido oito vezes entre 2003 e 2016. A direção do BB justificou a nomeação dizendo que ela atendia aos previstos em normas internas e no estatuto da instituição.
Rossell Mourão trabalhará em contato direto com o novo presidente do banco, Rubem Novaes, que elogiou o novo assessor, dizendo que ele tem excelente formação e capacidade técnica. O salto na carreira foi visto com estranheza no meio político e empresarial. Com o novo posto, o vencimento do filho do vicepresidente da República será maior até mesmo do que o salário do pai, o segundo maior cargo do Executivo, que hoje é de R$ 27,8 mil.
A nomeação do filho do vice-presidente não se enquadra no critério de nepotismo, pois para isso seria necessário que o funcionário tivesse sido nomeado pelo próprio parente para exercer o cargo na mesma instituição pública. Banco do Brasil e União não são a mesma “pessoa jurídica”. O que está na “berlinda” não é o nepotismo e nem a qualificação de Rossell Mourão, que é formado em administração e tem pós-graduação em agronegócio e desenvolvimento sustentável. A questão é que a nomeação nesses moldes remete à ideia da velha política. E o resultado das últimas eleições mostraram que a sociedade quer justamente o contrário: uma grande mudança na forma de se fazer política no Brasil.