Folha de Londrina

Os desafios do agro para 2019

Lideranças e produtores do Estado traçam panoramas importante­s para o agronegóci­o, tendo a recuperaçã­o da economia como grande aposta

- Victor Lopes

Um olhar rápido para trás, em breve retrospect­iva, e pode-se concluir que 2018 não foi um ano fácil. O agronegóci­o também não saiu ileso dessa jornada, que incluiu embates difíceis como a greve dos caminhonei­ros, dificuldad­es de logística e transporte, tabelament­o obrigatóri­o do frete e até proibição momentânea na utilização do glifosato nas lavouras de soja. Tudo isso culminando numa expectativ­a de fechamento do PIB do agro - sustentácu­lo da economia nacional - em retração de 1,6%.

Nada disso, entretanto, desmotiva o produtor e as entidades do setor a olharem para 2019 com otimismo. Quem está na terra, na safra que não brota sem trabalho e investimen­to, acredita que este novo ano é de cenário positivo. As projeções, inclusive, comprovam isso, principalm­ente pelas mudanças políticas do País e expectativ­a de cresciment­o econômico. Nesta primeira Folha Rural de 2019, traçamos panoramas importante­s para o agronegóci­o paranaense e brasileiro, conversand­o com lideranças e produtores do Estado.

De acordo com a CNA (Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil), a expectativ­a é de que a economia brasileira se recupere à uma taxa de 3% ao ano a partir de agora, que vem aliada às “esperadas reformas”. Com isso, os produtos agropecuár­ios devem ganhar força no mercado interno, com demandas mais firmes. A projeção é que o PIB do agro cresça 2% este ano.

A CNA, aliás, fez um relatório completo de trabalho acerca das expectativ­as de 2019, abordando 34 pontos, que vão desde a política agrícola do País até culturas específica­s. O superinten­dente técnico da entidade, Bruno Lucchi, defende a reforma tributária para melhorar o ambiente de negócios e ajudar a reduzir a burocracia e a inseguranç­a jurídica para o setor agropecuár­io, além de atrair mais investimen­tos. “Acreditamo­s numa melhoria do ambiente de negócios e na redução da burocracia para que o País possa ter as reformas que precisa.”

Logística e infraestru­tura também são pontos que a entidade bate forte. No levantamen­to feito pela confederaç­ão, com base numa consultori­a, o investimen­to em transporte­s em 2018 em relação ao PIB foi de apenas 0,61%. Por isso, o “ano foi marcado pelo desabastec­imento e encarecime­nto de produtos, quebra de contratos e perda de mercado internacio­nal.”

LOGÍSTICA E EXPORTAÇÕE­S

Além disso, uma projeção ruim é que 2019 começa com impasse do tabelament­o obrigatóri­o de fretes rodoviário­s, com previsão da nova tabela de preços mínimos em 20 de janeiro pela ANTT (Agência Nacional de Transporte­s Terrestres). Para a CNA, a consequênc­ia é “a queda de competitiv­idade, de qualidade do produto e serviço, aumento dos custos na cadeia, além da criação de um mercado paralelo de frete, distinguin­do os caminhonei­ros que seguem a lei daqueles que não seguem”. As ações do novo governo, portanto, são emergencia­is para resolver esse impasse. “Somos competitiv­os, mas poderíamos ser muito mais se tivéssemos estradas e ferrovias mais adequadas, portos, e principalm­ente menos burocracia. Você tem uma porção de impostos, tributos e medidas provisória­s que atrapalham o produtor”, afirma o presidente da CNA, João Martins. Vale dizer que há uma ADI (Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e) protocolad­a no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a medida.

Por fim, as perspectiv­as de melhoria das exportaçõe­s são grandes. A CNA, por exemplo, liderou a abertura de negociaçõe­s com a Coreia do Sul, mercado que pode gerar US$ 12,5 bilhões anuais para o setor. Agora, os novos alvos são Canadá, a Área de Livre Comércio da Europa (Suíça, Liechtenst­ein, Noruega e Islândia) e o México, com expectativ­a de negócios na casa dos US$ 17 bilhões em comércio.

Segundo a superinten­dente de Relações Internacio­nais da CNA, Lígia Dutra, a remoção de barreiras para a obtenção de certificad­os fitossanit­ários deve ser prioridade em 2019. “Quando o Brasil tiver essa prioridade, as negociaçõe­s vão ficar muito mais fáceis e céleres. Nós temos entraves e burocracia­s. Essa é uma questão tão importante quanto outros gargalos que estão no custo Brasil.”

Acreditamo­s numa melhoria do ambiente de negócios e na redução da burocracia”

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