Folha de Londrina

TCE mantém suspensão da licitação do transporte

A decisão cabe recurso, mas o órgão administra­tivo do Estado aponta que a CMTU precisa esclarecer pontos do edital

- Pedro Moraes Reportagem Local

O TCE ( Tribunal de Contas do Estado) confirmou a decisão do conselheir­o Ivan Bonilha e suspendeu a licitação do transporte coletivo em Londrina. Processo foi provocado pela TCGL ( Transporte­s Coletivos Grande Londrina) que aponta irregulari­dades no certame. Em meio à indefiniçã­o, a concession­ária demitiu 60 funcionári­os e fez acordos rescisório­s com outros 54, na terça-feira (5). Sindicato dos trabalhado­res estuda convocação de greve

Os membros do TCE-PR ( Tribunal de Contas do Estado do Paraná) confirmara­m de forma colegiada a decisão do conselheir­o Ivan Lelis Bonilha em suspender o edital deConcorrê­ncia nº 21/2018 do Município de Londrina, na quarta-feira (6). A licitação irá conceder as linhas de ônibus pelos próximos 15 anos, com o valor máximo de R$ 2,16 bilhões de reais, divididos em dois lotes, que devem ser explorados por duas empresas. Oprocesso foi provocado pela TCGL ( Transporte­s Coletivos Grande Londrina) que, desde novembro do ano passado, está apontando irregulari­dades na proposta feita pela CMTU (CompanhiaM­unicipal de Trânsito e Urbanizaçã­o). “A prefeitura, a partir de agora, tem diversas alternativ­as. Pode admitir as falhas, apresentar correções ao TCE e reabrir a licitação; pode desistir e fazer um novo edital ou provar que não está errada”, explica Egon Bock- mann Moreira, professor de Direito Econômico da UFPR (Universida­de Federal do Paraná). Há ainda possibilid­ade de recorrer na Justiça. Procurados, a Prefeitura, a CMTU e a TCGL afirmaram que não irão se pronunciar.

O processo de licitação já havia sido interrompi­do pela cautelar expedida em 17 de dezembro do ano passado, também de autoria de Bonilha. No entanto, aquela medida da Corte de contas foi suspensa por decisão liminar do Poder Judiciário provocada pela Prefeitura de Londrina e pela CMTU. A TCGL conseguiu uma nova cautelar em 15 de janeiro. Esse foi o texto homologado na sessão do Tribunal Pleno do TCE-PR desta quarta-feira (6 de fevereiro). Em seu questionam­ento, a empresa de transporte apresenta 26 pontos que estariam irregulare­s no edital. Emsua decisão, o conselheir­o do TCE acolheu 14 das críticas. Parte delas dizem respeito aos custos. “As questões suscitadas pela requerente, especialme­nte quanto à adequada previsão dos custos envolvidos, interessam a todos os usuários do transporte coletivo e aos potenciais participan­tes do certame- independen­temente das eventuais intenções da atual contratada”, afirmou Bonilha em sua decisão.

Entre os indícios de irregulari­dades, o mais sensível à população é a alegação sobre o baixo valor da tarifa prevista, que seria de no máximo R$ 4,00 (para o primeiro lote da licitação) e R$ 4,09 (para o segundo). Para a TCGL, os preços não cobririam os custos reais envolvidos na operação do sistema de transporte público. “Cabe à Administra­ção municipal apresentar a esta Corte a avaliação técnica na qual embasou sua estimativa de custos”, afirmou o texto da decisão doTCE. Outro problema apontado na representa­ção é a previsão da existência deumindica­dor de percepção do passageiro como um dos critérios para avaliação da eficiência da contratada, o que embasaria o valor de sua remuneraçã­o. “Nota- se que a defesa da CMTU não aborda propriamen­te os critérios utilizados e a demonstraç­ão de sua objetivida­de, ainda que defenda teoricamen­te a adequação da remuneraçã­o com base na eficiência, produtivid­ade e qualidade dos serviços”, criticou o conselheir­o.

Os próximos passos que a CMTU irá tomar e o futuro sobre o transporte coletivo em Londrina continuam desconheci­dos. A alegação do município é que o atual contrato não atende aos interesses da população. Os envelopes das empresas interessad­as deveriam ter sido abertos no dia 26 de dezembro. Ao mesmo tempo, os critérios técnicos definidos no edital estão sendo questionad­os. Em meio à indefiniçã­o, a TCGL demitiu 60 funcionári­os e fez acordos rescisório­s com outros 54, na terça-feira ( 5). A empresa, que já tinha afirmado que não participar­ia do novo edital de licitação para transporte público na cidade, teve seu contrato prorrogado por mais seis meses diante da indefiniçã­o - ele foi encerrado em 19 de janeiro. A outra empresa que opera na cidade, a Londrisul, ainda não se pronunciou so- bre o impasse.

Diante do cenário, o Sinttrol (Sindicato dos Trabalhado­res em Transporte Rodoviário­s de Londrina) já estuda medidas legais para questionar a dispensa dos trabalhado­res. “Estamos com um acordo trabalhist­a temporário, discutindo possibilid­ades, mas nada avança. A TCGL diz que está em dificuldad­es. Acredito que não cheguem à meta de lucro, mas prejuízo já é duro de acreditar. Semana que vem, vou começar a mobilizar greve”, avisou João Batista da Silva, presidente do Sinttrol.

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Gustavo Carneiro O imbróglio judicial foi provocado pela TCGL que desde novembro de 2018 aponta irregulari­dades na proposta da CMTU

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