TRAGÉDIA -
Em apenas seis horas, houve mais precipitações do que a média do mês inteiro; zonas sul e oeste foram as mais afetadas
Seis pessoas morreram no Rio de Janeiro após um temporal com ventos de até 110 km/h atingir a cidade e causar deslizamentos, enxurradas e deixar ruas alagadas. Duas das vítimas estavam dentro de um ônibus que foi parcialmente soterrado por um deslizamento na avenida Niemeyer, na zona sul da cidade.
Rio - Seis pessoas morreram no Rio de Janeiro após um temporal com ventos de até 110 km/ h que causou deslizamentos e enxurradas, alagou ruas e até hotel e deixou moradores ilhados.
A chuva, entre a noite de quarta-feira (6) e a madrugada de quinta (7) causou ainda a queda de pelo menos 170 árvores e oito postes de luz, interrompendo o fluxo em diversos pontos da zona sul e zona oeste, regiões que foram as mais afetadas.
Em apenas seis horas, das 18h à meia- noite, houve mais precipitações do que a média do mês inteiro nas estações Vidigal ( 161,2 mm), Rocinha ( 164 mm) e Jardim Botânico (142, 6 mm).
Entre as seis mortes em decorrência do temporal, uma ocorreu no Vidigal; outra, na Rocinha; duas, de mãe e filha, em Barra de Guaratiba (zona oeste), após uma queda de barreira em um condomínio; e duas na avenida Niemeyer ( zona sul), onde um ônibus foi parcialmente soterrado por um deslizamento.
Bombeiros trabalharam durante toda a manhã para retirar as ferragens do veículo da pilha de terra que o encobriu.
Diversos bairros tiveram árvores centenárias arrancadas pela raiz, como Leblon, Copacabana, Botafogo e Laranjeiras.
O prefeito Marcelo Crivella ( PRB) decretou luto oficial no por três dias.
O governadorWilsonWitzel ( PSC) culpou a falta de fiscalização na ocupação desordenada de encostas e morros.
A Defesa Civil, afirmou o governador, tem levantamento que mostra que 80 mil famílias estariam vivendo em áreas de risco no estado.
Segundo ele, o poder público do Rio “fechou os olhos para a ocupação desordenada, e o resultado são as tragédias a que estamos assistindo”. “É preciso plano diretor para retirar as pessoas das áreas de alto risco e ter urbanização mais adequada”, disse.
De acordo com Witzel, a ocupação irregular de encostas é resultado do “abandono por parte das prefeituras de fiscalizar áreas não edificantes”.
Ogovernador ignora, con- tudo, que a cidade registrou enchentes em diversas áreas planas dos bairros de Botafogo, Copacabana, Gávea e Leblon, cujo principal canal transbordou, com a água invadindo ruas comerciais e shoppings.
“É preciso que os prefeitos façam seu dever de casa”, disse o governador, que concedeu entrevista à imprensa vestindo um colete laranja da Defesa Civil estadual.
Witzel aproveitou para alfinetar as gestões anteriores na prefeitura e no estado. Segundo ele, as gestões do MDB na cidade e no estado se preocuparamem“fazer grande eventos para favorecer principalmente a corrupção, deixando a população desassistida”.
“O abandono não é de 2016 para cá. É de décadas. Pouco se fez para evitar que construções irregulares avançassem”, disse o governador, que não comentou, porém, a falta de drenagem das vias e o mau estado de conservação de árvores e postes que tombaram na via.
ESTÁGIO DE CRISE
A Defesa Civil municipal registrou 206 ocorrências para vistoria em razão das chuvas. Entre as principais, estão desabamentos de estruturas, ameaças de desabamento, rachaduras e infiltrações em imóveis, e deslizamentos de encostas.
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que a cidade entrou em estágio de crise às 22h15 de quarta- feira diante das fortes chuvas, com intensas rajadas de vento. O fenômeno causou alagamentos em ruas e estabelecimentos comerciais, interditou vias e deixou bairros às escuras. A administração municipal recomendou que a população somente se desloque “em caso de extrema necessidade” e alertou que moradores de áreas de risco precisam ficar atentos aos alertas sonoros.
O estágio de crise é o terceiro nível em uma escala de três e significa chuva forte a muito forte nas próximas horas, podendo causar alagamentos e deslizamentos. Segundo o Centro de Operações, entre 18h e meia-noite, choveu mais do que a média de chuva do mês nas estações Vidigal, Rocinha e Jardim Botânico. Em Copacabana e na Barra/Riocentro choveu nesse período o equivalente à média histórica de fevereiro.
As sirenes da Rocinha e Sítio Pai João foram acionadas às 21h48 para indicar aos moradores que desocupassem as residências e se encaminhassem a pontos de apoio. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um homem sendo arrastado pela água na região, mas ele não sofreu ferimentos graves.
Outro vídeo mostra o saguão do Hotel Sheraton, um dos mais luxuosos do Rio, completamente alagado e pessoas caminhando com água nos joelhos.