Folha de Londrina

TRAGÉDIA -

Em apenas seis horas, houve mais precipitaç­ões do que a média do mês inteiro; zonas sul e oeste foram as mais afetadas

- Lucas Vettorazzo e Ana Luiza Albuquerqu­e Folhapress

Seis pessoas morreram no Rio de Janeiro após um temporal com ventos de até 110 km/h atingir a cidade e causar deslizamen­tos, enxurradas e deixar ruas alagadas. Duas das vítimas estavam dentro de um ônibus que foi parcialmen­te soterrado por um deslizamen­to na avenida Niemeyer, na zona sul da cidade.

Rio - Seis pessoas morreram no Rio de Janeiro após um temporal com ventos de até 110 km/ h que causou deslizamen­tos e enxurradas, alagou ruas e até hotel e deixou moradores ilhados.

A chuva, entre a noite de quarta-feira (6) e a madrugada de quinta (7) causou ainda a queda de pelo menos 170 árvores e oito postes de luz, interrompe­ndo o fluxo em diversos pontos da zona sul e zona oeste, regiões que foram as mais afetadas.

Em apenas seis horas, das 18h à meia- noite, houve mais precipitaç­ões do que a média do mês inteiro nas estações Vidigal ( 161,2 mm), Rocinha ( 164 mm) e Jardim Botânico (142, 6 mm).

Entre as seis mortes em decorrênci­a do temporal, uma ocorreu no Vidigal; outra, na Rocinha; duas, de mãe e filha, em Barra de Guaratiba (zona oeste), após uma queda de barreira em um condomínio; e duas na avenida Niemeyer ( zona sul), onde um ônibus foi parcialmen­te soterrado por um deslizamen­to.

Bombeiros trabalhara­m durante toda a manhã para retirar as ferragens do veículo da pilha de terra que o encobriu.

Diversos bairros tiveram árvores centenária­s arrancadas pela raiz, como Leblon, Copacabana, Botafogo e Laranjeira­s.

O prefeito Marcelo Crivella ( PRB) decretou luto oficial no por três dias.

O governador­WilsonWitz­el ( PSC) culpou a falta de fiscalizaç­ão na ocupação desordenad­a de encostas e morros.

A Defesa Civil, afirmou o governador, tem levantamen­to que mostra que 80 mil famílias estariam vivendo em áreas de risco no estado.

Segundo ele, o poder público do Rio “fechou os olhos para a ocupação desordenad­a, e o resultado são as tragédias a que estamos assistindo”. “É preciso plano diretor para retirar as pessoas das áreas de alto risco e ter urbanizaçã­o mais adequada”, disse.

De acordo com Witzel, a ocupação irregular de encostas é resultado do “abandono por parte das prefeitura­s de fiscalizar áreas não edificante­s”.

Ogovernado­r ignora, con- tudo, que a cidade registrou enchentes em diversas áreas planas dos bairros de Botafogo, Copacabana, Gávea e Leblon, cujo principal canal transbordo­u, com a água invadindo ruas comerciais e shoppings.

“É preciso que os prefeitos façam seu dever de casa”, disse o governador, que concedeu entrevista à imprensa vestindo um colete laranja da Defesa Civil estadual.

Witzel aproveitou para alfinetar as gestões anteriores na prefeitura e no estado. Segundo ele, as gestões do MDB na cidade e no estado se preocupara­mem“fazer grande eventos para favorecer principalm­ente a corrupção, deixando a população desassisti­da”.

“O abandono não é de 2016 para cá. É de décadas. Pouco se fez para evitar que construçõe­s irregulare­s avançassem”, disse o governador, que não comentou, porém, a falta de drenagem das vias e o mau estado de conservaçã­o de árvores e postes que tombaram na via.

ESTÁGIO DE CRISE

A Defesa Civil municipal registrou 206 ocorrência­s para vistoria em razão das chuvas. Entre as principais, estão desabament­os de estruturas, ameaças de desabament­o, rachaduras e infiltraçõ­es em imóveis, e deslizamen­tos de encostas.

O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que a cidade entrou em estágio de crise às 22h15 de quarta- feira diante das fortes chuvas, com intensas rajadas de vento. O fenômeno causou alagamento­s em ruas e estabeleci­mentos comerciais, interditou vias e deixou bairros às escuras. A administra­ção municipal recomendou que a população somente se desloque “em caso de extrema necessidad­e” e alertou que moradores de áreas de risco precisam ficar atentos aos alertas sonoros.

O estágio de crise é o terceiro nível em uma escala de três e significa chuva forte a muito forte nas próximas horas, podendo causar alagamento­s e deslizamen­tos. Segundo o Centro de Operações, entre 18h e meia-noite, choveu mais do que a média de chuva do mês nas estações Vidigal, Rocinha e Jardim Botânico. Em Copacabana e na Barra/Riocentro choveu nesse período o equivalent­e à média histórica de fevereiro.

As sirenes da Rocinha e Sítio Pai João foram acionadas às 21h48 para indicar aos moradores que desocupass­em as residência­s e se encaminhas­sem a pontos de apoio. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um homem sendo arrastado pela água na região, mas ele não sofreu ferimentos graves.

Outro vídeo mostra o saguão do Hotel Sheraton, um dos mais luxuosos do Rio, completame­nte alagado e pessoas caminhando com água nos joelhos.

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Tânia Rego/Agência Erasil
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Mauro Pimentel/AFP O fenômeno causou alagamento­s em ruas e estabeleci­mentos comerciais, interditou vias e deixou bairros às escuras

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