Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, é apontado como chefe de esquema que desviou R$ 7,7 milhões das obras do Rodoanel

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Argumento do PT segue o mesmo: Lula é um perseguido, ontem por Moro, agora por Gabriela Hardt

São Paulo - A força- tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo pediu à Justiça uma pena de mais de 80 anos de prisão para o ex- diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. A Dersa (Desenvolvi­mento Rodoviário S/A) é uma sociedade de economia mista controlada pelo governo tucano de São Paulo. Em alegações finais entregues à Justiça, a Procurador­ia da República requereu pena máxima para o exdiretor da Dersa em ação que apura desvios de R$ 7,7 milhões das obras do trecho sul do Rodoanel e da ampliação da avenida Jacu Pêssego e ainda a condenação de outros réus.

A Procurador­ia da República quer um aumento na pena de Paulo Preto em um terço pelo fato de o ex- diretor ter ocupado cargo de direção na Dersa. Nos memoriais, a Lava Jato afirma que Souza era o “líder do esquema”. O ex- diretor é acusado pelos crimes de peculato ( desvio de recursos públicos), inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.

Segundo os procurador­es, Paulo Preto está envolvido nos três fatos criminosos descritos na denúncia e, portanto, cometeu cada um dos delitos de que é acusado por três vezes. A Procurador­ia da República informou que requereu que sejam considerad­os como agravantes para Paulo Vieira de Souza o fato de ele ter organizado um esquema criminoso dentro da Dersa e ter violado deveres inerentes à função que ocupava.

Nas alegações finais, oMinistéri­o Público Federal também pediu a condenação de José Geraldo CasasVilel­a, exchefe do departamen­to de assentamen­to da Dersa, pelos mesmos três fatos e delitos imputados a Paulo Vieira de Souza, e da psicanalis­ta Tatiana Arana de Souza Cremonini, filha de Souza, por um dos fatos criminosos apontados na denúncia.

A Lava Jato requereu a redução em dois terços da pena da funcionári­a do setor de assentamen­tos que participav­a do esquema e decidiu colaborar com a Justiça e pediu o perdão judicial para a irmã da funcionári­a, que participou de um dos fatos apontados na denúncia. Para a Lava Jato em São Paulo, essa pessoa foi envolvida pela irmã nos crimes e sua colaboraçã­o efetiva e voluntária com a investigaç­ão lhe garante o perdão previsto em lei.

Nas alegações finais, a Lava Jato em São Paulo manteve a mesma estrutura apontada na denúncia, que descreve três fatos criminosos distintos. O primeiro evento descrito pelos procurador­es trata da inclusão de seis empregadas da família de Souza e da filha Tatiana no programa de reassentam­ento do trecho sul do Rodoanel Má- rio Covas. Entre as beneficiad­as estão três babás da família, duas domésticas e uma funcionári­a da empresa do genro de Paulo.

Segundo os investigad­ores, entre 2009 e 2011, nas gestões dos ex-governador­es tucanos José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, a mando do então diretor da Dersa os nomes das seis funcionári­as foram incluídos como de supostas moradoras do traçado do Rodoanel desalojada­s pela obra. De 2009 e 2012, todas elas foram beneficiad­as com apartament­os da CDHU no valor de R$ 62 mil, na época.

A Procurador­ia relata que, perante a Justiça Federal, a defesa de Paulo Vieira de Souza tentou sustentar que as seis empregadas da família de Souza moravam no Royal Park, localidade em São Bernardo do Campo, afetada pelo traçado do Rodoanel. Em depoimento judicial, três delas sequer souberam dizer o nome de uma rua ou de uma linha de ônibus que usavam para ir de lá ao trabalho, ou apresentar­am qualquer recibo de pagamento de aluguel.

AUDITORIA

Auditoria realizada pela Dersa, de acordo com a Lava Jato, não encontrou qualquer documento que provasse que elas teriam direito ao benefício. Além de Paulo Vieira de Souza e Tatiana, o ex- chefe do assentamen­to José Geraldo Vilela também participou deste fato criminoso, bem como a ex- funcionári­a da empresa pública que decidiu colaborar com a Justiça, segundo a Procurador­ia.

DEFESAS

O criminalis­ta Fernando Araneo, advogado de José Geraldo Vilela afirma que “diversas testemunha­s atestaram” a inocência do seu cliente. A reportagem não conseguiu contato com os outros citados.

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Geraldo Majella/Agência Senado Paulo Preto foi diretor da Dersa (Desenvolvi­mento Rodoviário S/A), sociedade de economia mista controlada pelos governos tucanos do Estado de Paulo

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