Justiça mantém prisão de homem que atropelou ex-esposa
A juíza substituta da 3ª Vara Criminal, Deborah Penna, decidiu nesta quinta- feira ( 7), em audiência de custódia, pela manutenção da prisão preventiva de Sidney dos Santos, 41. Penna entendeu que, por ciúmes, ele atropelou a ex-esposa, Elizangela SalomeMendes dos Santos, 36, e seu atual namorado, na madrugada de quarta-feira (6),”somente não obtendo o resultado morte por circunstâncias alheias a sua vontade”.
Conceder a liberdade para Santos seria, para a magistrada, colocar a ordem pública em risco. “Neste conceito não reside somente a ideia de prevenir a reiteração delituosa, mas acima de tudo, a de acautelar o meio social, abalado pela violência empregada pelo custodiado”, diz a decisão. O ex-marido ainda não tem defesa constituída. O advogado ad hoc Richard Lucas Kondo, que o representou na audiência de custódia pela “insuficiência de defensores públicos na comarca”, como definiu a juíza, pugnou pela revogação da prisão preventiva e aplicação de medidas cautelares para o custodiado.
Mas, segundo Penna, tais medidas seriam insuficientes, porque Santos, que já tinha medidas protetivas e cautelares contra ele, decorrido pouco mais de um ano da última agressão, “voltou a agredir a vítima e, agora, seu atual namorado, desta vez de formamais violenta, indicando evidente o desequilíbrio e necessidade da imposição da medida mais gravosa”.
Elizangela possui medidas protetivas contra Santos desde 22 de maio de 2017, estando o ex-marido ciente desde 31 de agosto de 2017. “Naquela oportunidade, Sidney, emtese, agrediu a vítima com um pedaço de pau, causando- lhe lesões na face e no braço, além de ter praticado o delito na presença de seus filhos, na época, crianças”, escreveu a magistrada.
Emagosto de 2017, Santos a agrediu novamente, inclusive, invadindo a casa dela. À época, a Justiça concedeu liberdade provisória mediante ocumprimento de medidas cautelares diversas, como a proibição de se aproximar de Elizangela, familiares e testemunhas, com exceção dos filhos.
Em depoimento à Polícia Civil, Santos argumentou que não atropelou a ex-esposa intencionalmente. Ele contou ao delegado que iria estacionar na frente da casa de Elizangela, e que ela foi atropelada enquanto ele manobrava. Segundo Santos, ele iria viajar cedo e a ex-esposa iria pagar a passagem dele, por isso, ele dormiria na casa dela.
Embora as imagens captadas por uma câmera de segurança mostrem o momento emque o carro conduzido por Santos acerta a mulher e o namorado, ele negou que tenha subido a calçada. “Na hora que eu manobrei, aí acho que ela assustou. Eu manobrei, virei perto do meio fio e voltei”.
Para a polícia, ele confessou que tinha bebido “duas cervejas e meia”. “Tudo que ela precisar para hospital e remédios, eu faço de coração porque eu gosto muito dela e só quero o bem para ela. Vou ajudar”, declarou. Elizangela e o namorado estão bem. Ela, que passou por cirurgia no joelho na quarta-feira (6), está sob cuidados noHospital Evangélico.
EXCEÇÃO
A promotora Susana Lacerda, que participou da audiência de custódia de Santos, ressalta, contudo, que casos de feminicídios ou tentativas ocorrem majoritariamente com mulheres que nunca tomaram nenhuma medida judicial. “O que os estudos demonstram que esses feminicídios ocorremquando a vítima não procurou a Justiça e não tinha medida protetiva. Isso com base em estatísticas de 95% dos casos. É o silêncio que mata.”
Atualmente, são cerca de 3.000 medidas protetivas concedidas a mulheres londrinenses. “Quando se toma providência - como medidas protetivas - geralmente não acontece nada de mais grave, mas há casos imprevisíveis”, justificou - como no caso de Elizangela.
Atualmente, são cerca de 3.000 medidas protetivas concedidas a mulheres londrinenses