Folha de Londrina

Estados pedem autorizaçã­o para reduzir salário de servidores

Secretário diz que intenção do Paraná é apenas de esclarecer se dispositiv­o da LRF está vigente

- Flávia Lima Folhapress (Colaborou Nelson Bortolin)

São Paulo - Em carta ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, os secretário­s de nove Estados, incluindo o paranaense Renê Garcia ( Fazenda) pedem ao Supremo que restabeleç­a a medida que prevê a possibilid­ade de redução da jornada de trabalho dos servidores públicos com o correspond­ente corte dos vencimento­s em caso de frustração de receitas.

O grupo pede ainda que volte a valer a medida que, também em cenário de perda de receitas, permite que o Executivo ajuste os limites financeiro­s dos demais Poderes e do Ministério Público nos casos em que os não o façam.

A reportagem apurou que Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e do Planejamen­to de São Paulo, se dis- pôs a assinar o documento, pois apoia o seu conteúdo, mas não teria dado tempo de submetê- lo à procurador­ia do Estado.

A carta foi entregue na segunda-feira (4) pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e sua secretária da Fazenda, Cristiane Alkmin Schmidt, ao ministro Dias Toffoli.

Os dispositiv­os previstos na LRF (Lei de Responsabi­lidade Fiscal) estão suspensos por medida cautelar. Mas o assunto voltará à pauta do STF em 27 de fevereiro, quando o Supremo deve julgar a ADI (Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e) 2238 - que se coloca contra os dispositiv­os em questão.

Alguns governador­es chegaram a apoiar publicamen­te a revisão da cautelar, mas não em documento, como ocorreu nesta semana.

Embora impopular, a possibilid­ade de cortar salários e reduzir carga horária de servidores é cada vez mais cara aos Estados, que veem na medida um meio de reajustar as suas contas, bastante pressionad­as pelos gastos com pessoal ativo e inativo.

Na carta, os secretário­s afirmam que as medidas hoje suspensas “trazem importante­s instrument­os de ajuste fiscal para os estados.”

“Desta forma esperamos e confiamos que essa Egrégia Corte, em seu papel de guardião da ordem constituci­onal, assegurará a plena eficácia da Lei de Responsabi­lidade Fiscal, que se trata de um importante marco no controle dos gastos públicos”, afirma o grupo.

A FOLHA não conseguiu entrevista­r o secretário da Fazenda. O titular da Comunicaçã­o, Hudson José, disse que a intenção do Paraná ao assinar a carta foi de solicitar esclarecim­ento. E o Estado não

Dispositiv­os previstos na Lei de Responsabi­lidade Fiscal estão suspensos por medida cautelar

pretende por ora reduzir carga horária e salário dos servidores. “A Lei de Responsabi­lidade Fiscal prevê que, em situação de dificuldad­e econômica, o Estado pode reduzir a carga horária dos servidores em 25% e o salário em 20%. Mas há medidas cautelares dizendo o contrário”, disse Hudson José.

O texto enviado ao STF é assinado pelos secretário­s de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Ceará, Pará, Alagoas e Mato Grosso do Sul, além do Paraná.

ALERTA

O Paraná está próximo de atingir o limite de gastos com pessoal previsto na lei. No mês passado, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) emiti umais um alerta ao Estado, segundo o qual, entre setembro de 2017 e agosto de 2018, o governo gastou 46,16% da RCL ( Receita Corrente Líquida ) com o pagamento de salários e benefícios do funcionali­smo público da ativa e aposentado­s. Com isso, atingiu 94,20% do limite de gastos estabeleci­do pela lei para o Executivo, de 49% da receita.

Se as despesas continuare­m crescendo, o Estado pode ser proibido de contratar novos servidores ou conceder aumentos salariais.

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Nelson Jr./STF Ministro Dias Toffoli, presidente do STF, recebeu documento assinado pelos secretário­s de nove Estados, incluindo o Paraná

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