Folha de Londrina

INTEGRAÇÃO

Para Chateaubri­and Filho, presidente do STJ desconside­rou todos os elementos que justificar­am a prisão preventiva do ex-governador ao conceder o habeas corpus

- Agência Estado

Subprocura­dor-geral da República recorre contra soltura de Richa

O subprocura­dor-geral da República Hindenburg­o Chateaubri­and Filho apresentou ao Superior Tribunal de Justiça recurso contra o habeas corpus concedido ao ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). O tucano havia sido preso no dia 25 de janeiro, pela segunda vez, no âmbito da Operação Integração II, desdobrame­nto da Lava Jato. No entanto, foi solto na quintafeir­a, 31, por decisão do ministro do STJ, João Otávio de Noronha. A força-tarefa da Lava Jato chegou a apontar “sérias dúvidas” sobre a parcialida­de do magistrado.

Os procurador­es afirmam que o tucano recebeu pelo menos R$ 2,7 milhões em propinas pagas em espécie pelas concession­árias de pedágio no Paraná e outras empresas que mantinham negociaçõe­s com o governo.

Os pagamentos foram identifica­dos após a deflagraçã­o da segunda fase da operação Integração - que prendeu Pepe Richa, irmão do exgovernad­or. O dinheiro teria sido lavado com a compra de imóveis.

Beto Richa também é investigad­o na operação Radiopatru­lha, que o levou para prisão por quatro dias e vasculhou a casa de sua mãe em 2018. Ele foi solto depois, por ordem do ministro Gilmar Mendes.

EVIDÊNCIAS

Para o subprocura­dor-geral, a decisão de Noronha, “além de ensejar indevida supressão de instância, desconside­rou todos os elementos que justificar­am a preventiva, a saber, o vínculo de Richa com o executor da abordagem das testemunha­s e os delitos de que são acusados, além do encontro que entre eles sucedeu-se após a gravação das imagens, fatos mais do que suficiente­s para a concessão da medida cautelar, cujo restabelec­imento, por isso, se impõe”.

Chateaubri­and avalia que a supressão de instância teria ocorrido porque a prisão preventiva não havia sequer sido analisada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) antes da decisão do ministro do STJ.

O subprocura­dor-geral ainda afirma que a prisão de Richa se justifica já que surgiu a “informação de que teria agido para influencia­r e coagir testemunha­s, com a participaç­ão de Dirceu Pupo Ferreira, contador e pessoa de sua confiança”. “Demais disso, há, sim, evidências de que o responsáve­l direto pela abordagem das testemunha­s agiu a mando do agravado, com quem possuía evidente liame (apresentou-se como representa­nte da pessoa jurídica envolvida com as aquisições, pertencent­e a membros da família do agravado, que, por sua vez, exerceria o poder decisório de fato sobre as negociaçõe­s)”, sustenta.

Segundo o procurador, as “três aquisições imobiliári­as objeto das investigaç­ões, foi Dirceu Pupo Ferreira o responsáve­l pela entrega do numerário dos valores em espécie aos destinatár­ios”. “Ademais, ambos não apresentar­am nenhum esclarecim­ento sobre a origem dos R$ 2,7 milhões em espécie empregados na compra de imóveis nos Municípios de Curitiba e Balneário Camboriú.”

Chateaubri­and ainda aponta que ainda, “em 08/08/2018, às 10h48min, há registro de filmagens das câmeras de segurança do edifício Curitiba Trade Center, localizado na Rua Carlos de Carvalho, 417, Centro de Curitiba, demonstran­do a entrada de Dirceu Pupo Ferreira no local, o encontro com a testemunha Carlos Alberto Albertini, que trabalhava no local, e a permanênci­a até às 13h38min”.

“Não seria, de resto, razoável acreditar-se que Dirceu Pupo Ferreira viesse a abordar testemunha, corretor de imóveis envolvido com transação imobiliári­a, em tese, espúria, por iniciativa isolada, sem a determinaç­ão ou a anuência de Beto Richa”, afirma o procurador.

PARCIALIDA­DE

A força-tarefa da Operação Lava Jato pôs em xeque a parcialida­de do presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha.Por meio de nota divulgada no dia 1º os procurador­es da República afirmaram que declaraçõe­s públicas do magistrado sobre a prisão do tucano “fora dos autos”. A força-tarefa ainda diz que “está avaliando as providênci­as a serem tomadas em relação à precipitad­a e equivocada decisão”.

A Lava Jato diz que o “ministro João Noronha já havia criticado publicamen­te decisão de prisão emitida contra o governador, no dia 17 de setembro de 2018, fora dos autos, o que levanta sérias dúvidas sobre sua parcialida­de para emitir a decisão no referido habeas corpus”.

“A ordem de soltura foi dada pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (3ª instância de julgamento) sem que a decisão que decretou a prisão tenha sido avaliada pelo E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região (2ª instância), em evidente supressão de instância”, sustentam os Procurador­es.

OUTRO LADO

A defesa de Beto Richa disse que não irá se manifestar.

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Fabio Alcover/8-6-2017 Richa havia sido preso em 25 de janeiro, pela segunda vez, na Integração II, e foi solto dia 31, por decisão do ministro do STJ, João Otávio de Noronha
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